Postagens

Benedito Nunes

Imagem
Benedito Nunes. Foto de Luiz Braga. Fonte: Revista Brasileiros Nota:  Defini-lo como autodidata como tenho lido nos poucos espaços que se sensibilizaram com a morte do professor Benedito Nunes é insuficiente, afinal todo intelectual tem em sua natureza o autodidatismo; já não é, portanto, um elemento que o isole em diferença dos demais. Não fosse isso não seriam intelectuais. Mas hoje li um texto na Revista Brasileiros , edição 25, de 2009 , cujo link encontrei no mural do Facebook disposto pelo meu companheiro de rede social Cristhiano Aguiar,   que rende a justa homenagem a este homem que partiu ontem de mãos dadas com Moacyr Scliar; reproduzo parte a seguir: Benedito Nunes, o iluminista dos trópicos Por Adriana Klautau Leite Em um de seus encontros com Benedito José Viana da Costa Nunes, em Belém do Pará, Clarice Lispector lhe disse: “Você não é um crítico, mas algo diferente, que não sei o que é”. A escritora tinha razão ao demonstrar a di...

A arte de fazer livros

Imagem
Por Pedro Fernandes Sem propagandas, mas nós leitores sabemos que os livros produzidos pela Cosac Naify têm algo além dos preços assombrosos: o esmerado zelo na composição das publicações que nos entregam. Em alguns casos, são quase livros-arte. É talvez a primeira vez que algo assim sofisticado, continuamente, se pratica no nosso pequeno e maltrapilho mercado editorial. Até quando durará? Isso não sabemos, mas devemos aproveitar.  A nova publicação da casa é um exemplo do que dissemos e um convite ao deleite. Editaram simplesmente um livro-chave para a literatura moderna e de vanguarda na Argentina e na América Latina:  Museu do romance da eterna , do escritor argentino Macedonio Fernández. E para um desses livros inclassificáveis, a editora propôs um projeto editorial semelhante. Antes, alguns detalhes do romance e depois olhamos a sua primeira edição brasileira. Macedonio Fernández nasceu no dia 1.º de junho de 1874, em Buenos Aires, cidade onde viveu até 10 de fev...

A descida – Variações em torno do tema

Imagem
 Como afirma Ronaldo Lins, em  Violência e literatura , a partir do século XIX, período em que o romance atinge seu apogeu, a viagem recriada na literatura parecerá sempre uma descida aos infernos, tanto interior como exterior, indicando uma crescente incerteza nos homens ou talvez indiciando que um mundo tão cheio de certezas até aquele século, estava agora recheado de insegurança e perigos ou teria se transformado no grande espaço-incógnita de que fala Ricardo Gullón. O tema da descida na ficção, um aspecto que envolve diretamente a maneira como determinado autor utiliza o espaço em suas obras, sob a forma de variações ou figurações da viagem aos infernos, aparece frequentemente na literatura de todos os tempos. ... O tema da descida ora assume a forma do mito de Orfeu, usando de suas habilidades musicais para comover os deuses infernais e conseguir recuperar Eurídice no império subterrâneo – e fracassando por ceder à curiosidade e quebrar a proibição, olhando para ...

Macondo, o nascimento de uma cidade literária

Imagem
Quem leu Cem anos de solidão , de Gabriel García Márquez sabe que   Macondo é "uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos". Dizem que Macondo foi baseada na cidade da Aracataca, onde García Márquez viveu parte da sua infância. Macondo era o nome de um bananal que se localizava nas imediações da cidade. Dizem também que Macondo foi inspirada por Yoknapatawpha Country de William Faulkner, embora muitos digam ainda que o escritor não havia lido nenhuma peça de Faulkner enquanto escrevia o romance. A cidade aparece pela primeira vez no livro A revoada  para depois ser protagonista em Cem anos de solidão . Em péssima hora , outro romance de García, Macondo é retomada fazendo uma ligação evidente entre os dois romances. Em Cem anos de solidão , a cidade cresce a partir de um pequeno assentamento com quase nenhum...

O discurso do rei, de Tom Hooper

Imagem
Por Pedro Fernandes Comentando informalmente este O discurso do rei disse que esperava mais do filme. E reitero minha expectativa. É um bom filme, mas daí chegar a ser grande, não. Tomando do escopo histórico de transição de reinados na Grã Bretanha de meados da década de 1940, a narrativa do filme se constitui em torno de um problema de gagueira do Princípe Albert - problema aparentemente simples mas que ganha uma dimensão sem fronteiras quando se trata de quem o padece. Diria que esse filme tem uma pitada de Cisne negro . Ambos são filmes que tem   a busca pelo autocontrole, a exigência, o julgamento e a dedicação, como elementos modeladores de seus protagonistas. No mais, firma-se aqui outro ponto de semelhança com o filme de Aronofsky, ganha destaque o modo como somos conduzidos aos bastidores da família real. Em Cisne negro adentramos aos bastidores da cena artística da dança. Acho que o Hooper foi feliz com o modo como pensou...

A história de uma foto

Imagem
Por Pedro Fernandes José Saramago por Helena Gonçalves. Fonte: Site da Fundação José Saramago Ao compor o vídeo para divulgação do Caderno-revista 7faces - edição especial sobre a poesia de José Saramago fiz uma pesquisa significativa dentre os arquivos de imagem que disponho no meu computador. Não pestanejei em usar uma foto do escritor feita pela fotógrafa Helena Gonçalves. A foto foi inédita até setembro de 2010, quando apareceu numa exposição organizada pela neta do escritor, Ana Saramago Matos e logo foi publicada na página da Fundação José Saramago. Agora, dou com um texto publicado no jornal português  Diário de Notícias acerca da imagem.  A exposição inaugurada tomando como escopo o fatídico dia 11 de setembro traz várias personalidades colocadas em situações um tanto quanto claustrofóbicas. Na imagem de José Saramago, por exemplo, vê-se o escritor em trajes de homem-bomba armado com livros.  “Fiz esta foto em 2007, ele [José Sarama...