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Tímidas aproximações a Carlos Drummond de Andrade

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Nota do editor: É verdade que relutei, não uma vez somente, a publicar uma nota ou uma linha sequer acerca do material biobliográfico do poeta Carlos Drummond de Andrade. Quando adquiri um número da extinta revista Entrelivros que trazia um dossiê sobre o poeta, pensei (na época este blog ainda respirava muito os ares dos dossiês e das cópias de leituras minhas), pensei em digitar os textos, pelo menos um, da edição em questão. Afinal os nomes de João Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto foram apresentados por aqui nesse formato. Pois bem, concluía eu um curso sobre a constituição do moderno texto poético na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o dossiê para este blog acabou sendo descartado. Fui dedicar o tempo para escrever o ensaio de conclusão desse curso que, adivinhem, se debruçava sobre a obra poética de Drummond. O ensaio foi escrito e continua ainda guardado do público ou à espera de publicação. Isso porque os anais do evento em que foi apresentado até hoje ...

Quatro dias para Veríssimo de Melo

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Veríssimo de Melo. Imagem: Tribuna do Norte Quem foi Veríssimo de Melo pouco gente sabe. Eu pelo menos só conhecia o nome como prefaciador de alguns textos de outros escritores potiguares que já li. Está aí o déficit da parte de todos e, sobretudo dos estudantes de letras, em relação a determinados nomes e figuras da literatura do estado. Não fosse a reportagem publicada hoje, 20 de agosto, no caderno Viver , do jornal Tribuna do Norte o nome ainda continuaria a figurar apenas como alguém que prefaciou livros como a reedição de O livro de poemas de Jorge Fernandes . Aos desavisados como eu terão agora a oportunidade de saber mais sobre a figura do escritor. Pela passagem dos seus 90 anos que completaria agora em 2011 caso fosse vivo - o escritor morreu em 1996 - está sendo organizado numa parceria entre prefeitura e Capitania das Artes um evento com vasta programação, diga-se, em torno do nome de Veríssimo de Melo. Trata-se da primeira edição do Encontro de Folclore ...

Super 8, de J. J. Abrams

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Por Pedro Fernandes Fui ao cinema embalado por algumas opiniões sobre esse filme que tem o diretor do seriado Lost - o qual acompanhei por algumas temporadas - e o já famoso nome de Spielberg. E as opiniões se confirmaram. Super 8 é sim uma agradável surpresa aos olhos do telespectador. Apesar de está na produção do filme, assistida metade da trama ou até menos que isso, o telespectador irá perceber que está diante de um discípulo do diretor de E.T. ou mesmo diante de uma homenagem mais que justa àquele que trouxe para as telas, com uma produção diversa, uma forma nova de produção cinematográfica cujo tema seja extraterrestres; sabemos que depois de E.T. Spielberg compôs também do gênero Contatos imediatos do terceiro grau , outra obra que, se não alcança o ápice do seu sucesso primeiro, permanece como uma das suas mais importantes produções. Isso ocorre porque Super 8 aparece empapado das referências de Steven Spielberg. Enredo, fotografia, trilha sonora, enfim, quas...

Miacontear - O novo padre

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Tela de Georges Seurat “Obediência de negro de que vale se é sempre falsa? Esse era o suspiro do colono.” “O novo padre” é o que melhor retoma o tema do racismo e outros resquícios da colonização impetrados na cultura de Moçambique. Seu enredo está situado no período colonial, o tempo suspenso da terra de ninguém e da terra de colonizadores portugueses como o engenheiro Ludmilo Gomes, a personagem central do conto.  Pela pose que ocupa, “cheio de feição”, “aspectudo, todo enfeitado de si”, Ludmilo Gomes incorpora os traços do dominador, do que, numa terra sem-lei, vive às suas próprias leis. Preso no seu catolicismo de obrigações, o encontramos adentrar na capelinha de um vilarejo. No decorrer do trajeto, atenção seja dada para uma “aglomeração de camponeses que rodeia   o canhão que ali se posicionara, desde que começara a guerra”. Na igrejinha só os brancos. Vemos o engenheiro se aproximar do altar para tomar a comunhão. Na falta de hóstias, fala com o no...

Um dia mais um ano para Drummond

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Um livro de poemas inéditos, uma nova editora, títulos especiais, acervo pessoal sob nova guarda, homenagem na Festa Literária Internacional de Paraty, exposições, uma nova antologia em inglês. Com esse itinerário de novidades publicadas pelo caderno Ilustrada , da Folha de São Paulo , anuncia-se uma série de acontecimentos para celebrar no ano de 2012 os 110 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade. Já em outubro, dia 31, dão-se as prévias do porvir . O Instituto Moreira Salles (IMS), que atualmente detém a guarda de parte do acervo do poeta mineiro, promove o "Dia D". A data emblemática tem uma justificativa e um propósito. Foi em 31 de outubro de 1902 que nasceu Drummond e a celebração proposta pelo IMS quer se tornar uma data no calendário cultural brasileiro como é o 16 de junho para os irlandeses: o Dia de Bloom, feriado a partir da data ficcionada por James Joyce no Ulysses . Vale ressaltar que essa parceria com o IMS já rendeu uma luxuosa ediçã...

De pôneis malditos eles não têm nada

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Por Pedro Fernandes A propaganda pegou. Foi bem-quista pelo público. Mas o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) não fechou os olhos para o joguete publicitário da Nissan. Falo, evidentemente, do caso de mais um processo investigativo aberto pelo conselho para com uma propaganda do gênero. E parece que o processo vingou. Apesar de os meios de notícia não ter divulgado nada se a propaganda foi ou não proibida (ficou de sair uma decisão no dia 8 último), o fato é que os telespectadores (pelo menos na TV) estão em jejum dos “pôneis malditos”. Se a propaganda foi censurada não sei, o fato é que acho justa a atitude do CONAR. Desde a primeira vez quando vi a propaganda entendi o seu texto como depreciativo e preconceituoso. A propaganda – que não tem nada de criativo –  se utiliza da materialidade cultural do universo infantil para tratar de rivalidade adulta. Incita, desse modo, através do uso da imagem e do som uma co-participação da infância a u...