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A poesia de Wisława Szymborska está mais viva que nunca

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Wisława Szymborska. Foto: Kino Koszyk Quando Wisława Szymborska ganhou o Prêmio Nobel em 1996, demos conta de que não se sabíamos nada de sua vida; tampouco de sua obra. Uma das vias, no Brasil, encontra-se em fase de despertar. Há uma antologia de poemas da autora por aqui publicada. Mas, esse desconhecimento sobre a poeta não é algo exclusivo do nosso país; ela própria, aliás, terá contribuído para o seu não populismo . A Szymborska nunca lhe interessou aparições – eis uma das razões porque seu nome e sua obra ainda são incógnitas em redutos como o nosso. Para se ter uma dimensão disso, basta lembrar que até 1989, a poeta só havia concedido duas entrevistas. Número que não terá ampliado desde quando ingressou num universo de celebridades que o lugar de todo escritor quando recebe o maior galardão da literatura. Szymborska não gosta das perguntas comuns dos jornalistas e sempre diz que tudo o que queria dizer estava em sua poesia; além dela, não havia nada mais o que dizer. ...

A amável anfitriã, presa na linguagem

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Por Marcelo Ohen Alice B. Toklas e Gertrude Stein Estadunidense do leste, intuitiva e pragmática, Gertrude Stein chegou a Paris no início do século XX para converter-se numa das primeiras compradoras de pinturas de Cézanne, Matisse, Juan Gris e Pablo Picasso. Provavelmente sua estranha sensibilidade lhe disse que algo muito importante estava acontecendo na arte por obra desses homens então pendidos para a audácia de marchands de segunda categoria. No início não deixou de ser insólito que uma estadunidense de aspecto rude como o de uma camponesa adquirisse aquelas obras e se interessasse por conhecer seus autores. Mas, o fato era que Miss Stein não só apreciava corretamente as pinturas que alguns especialistas franceses queriam destruir, mas além de tudo possuía uma fascinante personalidade. De modo que não passou muito tempo para que seu estúdio na Rue de Fleurus – metade museu da revolução cubista, metade sala de tertúlias se convertesse num ponto habitual de reuniã...

Poetas na web

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Faltava isso mesmo. Quando criei o caderno-revista 7faces , pensei num formato inicial de dá suporte a uma rede que congregasse o maior número de vozes poéticas. A coisa não foi adiante porque esse era um projeto que demandaria tempo, mão de obra e dinheiro, três coisas escassas para mim. Mas, eis que do outro lado do Atlântico alguém teve a mesma ideia que eu tive. E se apresenta na web o primeira rede social para poetas.  Surge com o objetivo de incentivo à leitura, à escrita e a troca de poesias. Dirigida por Guillermo Spottorno, a plataforma é um meio de comunicação cultural especializado em poesia, que conta com informações atualizadas, agenda cultural e concursos. Entre os destaques, o serviço oferece sessões específicas, divididas em: poetas, editoras, livrarias, fundações, eventos e novas publicações, além de ser um espaço dedicado ainda ao universo multimídia e aos diferentes canais da Web 2.0. A nova ferramenta pretende conectar toda comunidade d...

Miacontear - Peixe para Eulália

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Por Pedro Fernandes Reiterando o tom do maravilhoso, Mia Couto engendra em “Peixe para Eulália” uma narrativa cujo foco está em Sinhorito - um doido de um vilarejo dado a formulações sobre o futuro e logo matéria de galhofa para os habitantes do lugar.  A única pessoa, por se sentir tão solitária e à margem social quanto Sinhorito, a depositar atenção nesse homem, é Eulália, funcionária dos correios. É numa grande seca que os do vilarejo inventam de se 'aconselhar' com Sinhorito, ainda que seja para levar o amalucado na troça por suas formulações. Mais tarde o aparecimento de uma doença em Eulália pela escassez do tempo leva Sinhorito a inventariar não mais uma formulação, mas uma atitude: iria de barco ter no céu para mandar chuva à terra em favor de Eulália. Esse gesto é de uma sensibilidade tão aguçada que não perde para outros momentos desses desenvolvidos em vários outros contos de  O fio das missangas .  O fato é que pela força da imaginação, capaz esta ...

João Almino

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Por Pedro Fernandes Não é tanto de praxe hoje, mas houve um tempo em que, para se tornar um escritor reconhecido, obrigatoriamente, o sujeito deveria largar sua terra de origem e ir para o eixo Rio de Janeiro e São Paulo à cata de um lugar ao sol. Todo escritor era então um desgarrado da sua terra. É verdade também que as razões para esse virar as costas para a terra de origem são resquícios de um modo brasileiro e sobretudo potiguar – porque é o estado do Rio Grande do Norte o lugar que estou tomando em questão. Conheço muito pouco de João Almino para dizer se ele foi um desses obrigados a se desgarrar para construir sua carreira literária. Pode ter sido, mas também sabemos, pelas recolhas biográficas que circulam na internet, nem sempre confiáveis como sabemos, que o escritor natural de Mossoró fez uma carreira promissora e à parte da atividade literária. A diplomacia também cobra do diplomata a vida nômade fora de sua terra natal. A escolha da profissão impôs a Almino o luga...

Ainda Xerófilo, o inédito de Márcio de Lima Dantas

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Por Pedro Fernandes No último dia 30, foi apresentado à web , através do selo de publicações Letras in.verso e re.verso e encartado à terceira edição do caderno-revista 7faces , o inédito xerófilo , do poeta potiguar Márcio de Lima Dantas. Por ocasião redigi um texto que tem em vista duas coisas: uma, dar a conhecer o poeta, e outra, dar a conhecer a obra em lançamento. É, pois, um texto de apresentações. Este mesmo texto foi veiculado no caderno “Expressão”, do jornal mossoroense  Gazeta do Oeste . Por lá, saiu com um título diferente. Ao invés de “O inédito de Márcio de Lima Dantas” saiu com “Trabalho poético”. E saiu ainda com cortes, devido as limitações de espaço do impresso – um mal do qual padecem os bons e os ruins jornais.  Pela ocasião, apresento o texto tal qual foi entregue para a redação do jornal. Pode ser lido aqui .