Postagens

Doze livros que revolucionaram a poesia

Imagem
Na história das formas literárias, o gênero lírico é o que menos apresentou variações; talvez a sua mais radical apresentação tenha sido aquela que no Brasil se iniciou com o movimento concretista – um desejo de construir uma estrutura objetiva, básica, densa, capaz de fundir em alta temperatura de linguagem, o signo, o significante e o significado. Depois disso, as variantes combinam elementos da linguagem artificial dos computadores e outras intervenções eletrônicas, tornando o material poético num misto de criação e performance realizáveis num só tempo e de maneira única mas capaz de se tornar noutras naturezas expressivas. A lista de obras a seguir está longe de ser definitiva, mas com certeza reúne títulos que, desde sua publicação ou descoberta transformaram o fazer poético de maneira a marcar um antes e um depois dele ou ainda por terem sido feitos centros a partir do qual irradia – seja temática, formal e estruturalmente – uma geração diversa de criações. Não é, como tod...

Capitães da areia, de Cecília Amado

Imagem
Por Pedro Fernandes Todo filme produzido no Brasil, ainda é, para os seus produtores uma saga. Vou mais além: todo artista, para viver de arte por aqui, está condenado ao limbo, antes da morte. É fato que a humanidade tem se tornado mais tecnicista. E em terras tupiniquins o tecnicismo nascente deixa se contaminar por outro mal — a má formação cultural. Logo, com esse  Capitães da areia , filme homônimo ao romance de Jorge Amado, que se sagrou na contramão do que disse antes sendo um dos escritores mais vendidos dentro e fora desse país, não foi diferente. Imagino que Cecília Amado não tenha herdado o bom santo que favoreceu as vendas de livros para o seu avô e deve ter sofrido o diabo para por nas telas o livro mais conhecido de Jorge.  Não quero subestimar esse esforço, mas não quero me guiar por ele para tecer elogios falsos a um produto que é genuinamente brasileiro e que brota de uma obra das mais bem acabadas de Jorge Amado. Logo, antecipo, a conclusão,...

Miacontear - O rio das Quatro Luzes

Imagem
Por Pedro Fernandes Antes de tudo convém dizer que “O rio das Quatro Luzes” se situa na linha limítrofe do afeto e do desafeto, dos silenciamentos e do diálogos. Tomando como epígrafe um provérbio moçambicano é esta talvez a mais moçambicana das histórias de O fio das missangas .  Nela se acomodam três distintas gerações - a um de velho que remonta os primórdios de África, cujos valores eram outros, a de um casal, filhos da geração desse velho, e um menino, a terceira geração, esta contemporânea, das infâncias cortadas. Chamei de “a mais moçambicana das histórias” pelo fato de os valores suscitados pela primeira geração irem de encontro aos valores da última geração - já de traços culturais totalmente ocidentalizados. “O rio das Quatro Luzes” possui o tom das lendas contadas para explicar o nascimento ou a existência de determinada coisa -  no caso o nome para o rio que passa à frente da varanda da casa do narrador, rio este que não sei ser imaginário ou re...

Nei Leandro de Castro

Imagem
Por Pedro Fernandes Ontem, 17 de outubro de 2011, acompanhei o bate-papo do escritor Nei Leandro de Castro com alunos do curso de Letras da Universidade Potiguar, evento que ocorreu dentro da programação da Semana de Ação Potiguar de Incentivo à Leitura. Foi um privilégio conhecer e ouvir o escritor potiguar, que morando no Rio de Janeiro, vem poucas vezes ao Rio Grande do Norte.   Ouvi um Nei Leandro extrovertido e comentando fatos peculiares sobre suas personagens e alguns de seus trabalhos, seja como poeta, seja como cronista, seja como romancista. Nei Leandro de Castro tem já uma vasta obra e integra um seleto grupo de escritores brasileiros que têm uma aceitabilidade quase que unânime pelo público comum. Isso se deu graças ao lançamento nacional de O homem que desafiou o diabo , filme produzido com base em As pelejas de Ojuara , mas também pelo conteúdo da sua obra e a sua escrita. Nei é forte apaixonado pela literatura e o vocabulário popular que dão ao...

Sete escritores japoneses além de Haruki Murakami que você precisa conhecer

Imagem
Haruki Murakami é um dos escritores que goza de fama mundial graças a Best-Sellers como 1Q84 . Sem dúvida, sua popularidade é o motor que o faz ser sempre lembrado como o possível Prêmio Nobel de Literatura todos os anos. Mas, se o escritor pop revelou-nos a escrita japonesa, sua obra não é a única de seu país. Por isso, esta postagem, se não resolve o desconhecimento de grande parte do público leitor sobre a literatura japonesa, abre-lhe os olhos para outros importantes nomes – todos com obras em circulação pelo Brasil – fundamentais tanto ou mais que Murakami. Junichiro Tanizaki (1899-1972).  Estudou Literatura Japonesa na Universidade Imperial de Tóquio. Publicou seu primeiro trabalho em 1909, numa revista literária que ajudou a fundar. Sua obra de juventude revela forte influência de Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire e Oscar Wilde. A partir de 1923, deixou-se absorver pela cultura de seu país e abandonou a inclinação ocidentalizante, vivendo nesse momento uma crise...

Miacontear - Os machos lacrimosos

Imagem
Por Pedro Fernandes Aproveitando a máxima de que homem não chora, tão em vigor nos cenários sociais onde a figura masculina deve se portar como um autêntico da espécime, Mia Couto subverte o ditado com este conto “Os machos lacrimosos”. Também subverte a ordem de que o sorriso muda o mundo. Em tempos de espalhados risos - em sua grande maioria falsos-risos - o autor de O fio das missangas vem lembrar que o que essa humanidade carece não é dentes à mostra, mas sim, de lágrimas. O cenário é o Bar de Makatuane, onde, periodicamente, se reúne um grupo de amigos para distribuir entre eles prosa e riso. Até que um deles, Luizinho Kapa-Kapa, “o grande animador dos encontros”, muda o cardápio da prosa por uma notícia tristonha. Que história é essa não sabemos, mas sabemos que seu tom leva toda a macharada às lágrimas.  O inusitado é que depois do secreto episódio, a prosa de lágrimas passar a ser lugar-comum e, nos encontros seguintes nenhum dos participantes quer sabe...