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Há literatura nas canções de amor

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Por Pedro Fernandes E como há. O mote para essas notas são na verdade dois: um, celebra-se hoje a data internacional conhecida por Dia de São Valentim; outro, é que o tema vira assunto nas páginas do blog Papeles perdidos. Num texto intitulado "Literatura en las canciones de amor inolvidables", Winston Sabogal, parte do entendimento comum de que há letras de canções de amor que nos agradam por razões diversas, seja por nos revelar (antecipar) algum segredo no rumo desse trilha da vida, seja pelo tom profético assumido por umas, seja ainda por outras ter a capacidade de reproduzir ou iluminar nossas experiências amorosas. Algumas entram em nossas vidas muitas antes de descobrirmos, experimentarmos e compreendermos o que lá se diz e outras parecem ter sido inspiradas pela nossa própria história, concorda o autor. O fato é que nos diversos casos essas músicas parecem ter sido escritas para nós, porque muito de nós aí se diz. Não importa se os críticos vão considerá-las c...

Alguns recursos para celebrar o bicentenário de Charles Dickens

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A sede de leitura não é suficiente para se aproximar de determinados escritores ou das escritas suas. Suficiente é o tempo. Esse, que já noutra ocasião andei a falar mal dele. Mas, mesmo falando mal é insuficiente porque ele não nos dá trégua. Como por aqui não é um espaço apenas para aquilo que leio, mas também para aquilo que anseio ler, está aí notas sobre um escritor inglês que fecha este ano seu bicentenário de nascimento: Charles Dickens. ** Autor de clássicos como Oliver Twist (ido já por várias vezes para as telas do cinema) e David Copperfield , Dickens figura, nas palavras do príncipe Charles, por ocasião dos cerimoniais de comemoração ao bicentenário do escritor, como o que há de melhor na literatura de Inglaterra. Não será exagero a afirmação de Charles. O autor - para além da fama Best-Seller de seus romances e contos ainda durante o tempo em que viveu até os dias de hoje - é responsável por uma nova de fazer literatura na ficção inglesa, uma vez que, é ...

A casa de Molière

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Por Mario Vargas Llosa No final dos anos cinquenta, quando fui morar em Paris, embora fosse alguém paupérrimo, podia me dar ao luxo supremo de um bom teatro pelo menos uma vez por semana. A Comédie Française tinha as matinês escolares, não lembro se nas terças ou nas quintas, e nessas se representava as obras clássicas de seu repertório. As sessões ficavam repletas de crianças com seus professores e as entradas que sobravam eram vendidas ao público muito baratas, eram para o extremo do palco – de um lugar a partir do qual só se avistavam as cabeças dos atores – custavam apenas 100 francos (poucos centavos de um euro de hoje). As encenações podiam ser tradicionais e convencionais, mas era um grande prazer escutar o cadencioso francês de Corneille, Racie e Molière (sobretudo o deste último), e, também, muito divertido, nos intervalos, escutar os comentários e discussões dos estudantes sobre as obras que estavam vendo. Desde então me acostumei a ver regularmente a Comédi...

carnaval

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Há uma linha tênue que separa as artes plásticas da poesia. E, em alguns casos, não poucos, uma se interpenetra na outra sendo impossível de, a olho nu, o leitor precisar o instante de princípio daquela e o instante de fim desta. Com esse propósito foi que convidei, ano passado, uma equipe de artistas a compor materiais a partir da obra literária de José Saramago a serem publicados numa edição especial lançada naquele ano sob o título de Variações de um mesmo tom: diálogos em torno da poesia de José Saramago (Selo Letras in.verso e re.verso). No rol dos convidados, uma artista plástica de Minas Gerais que coordena um já respaldado projeto de leitura por através da pintura de aspectos poéticos de obras diversas de poetas contemporâneos: Iara Abreu. A artista não só contribuiu com a edição em questão como colocou-me a par de outros artistas que igualmente contribuíram uns com material. Tenho, logo, um apreço com esses diálogos. Acho frutíferos. E a fim de mantê-los ininterruptamente, ...

Um novo livro em torno de Pessoa

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Por Pedro Fernandes Quisera eu puder dar contas de todo o itinerário posto em torno da figura de escritores como Fernando Pessoa. Verdade é que, não damos conta (no sentido de acompanhar ou esgotar leituras) nem do escritor mais simples quanto mais de um da envergadura de um Pessoa. A obra talvez contornemos, mas o que dela se diz, é tarefa de Sísifo. A biblioteca em torno do poeta português que se multiplicou em vários é uma biblioteca infinita.  Mas, algumas novidades que vão surgindo em torno do nome, não se pode fugir à regra da divulgação. Divulgação com o desejo de alcançar algum trocado para conseguir incorporar o livro nas nossas bibliotecas particulares. É o caso agora.    No momento em que são publicados inéditos do poeta em Portugal, chega ao Brasil, pela Companhia das Letras, uma Fotobiografia de Fernando Pessoa organizada por Joaquim Vieira e Richard Zenith. É dele a tarefa de colocar alguma ordem no interminável acervo pessoano; e é dele também ...

José Cardoso Pires

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O escritor José Cardoso Pires sentado a uma mesa do "Bar Americano". Fotografia não datada e retirada de um número da revista "Ler" editada pelo Círculo de Leitores.  Fonte: Blog Cais do Olhar José Cardoso Pires não é um fenômeno, no sentido glorioso retirado deste  contexto  capital, mas é, sem dúvidas, um dos que melhor aprenderam a lição de mestres  como William Faulkner e Ernest Hemingway e se tornou referên cia obrigatória entre leitores e es critores de língua portuguesa.  Não é  coin cidên cia, portanto, que outros importa ntes nomes da literatura em Portugal lhe façam vênias, sobretudo aqueles es critores que es colheram a es crita  como exer cí cio de  criação não só narrativa mas estéti ca, engendrando novas possibilidades de  contar e de  compor a sintaxe do texto; esses são nomes  como  Lídia Jorge e António Lobo Antunes. E há, nesse  contexto de  criação de Pires, dois ro man ce...