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Carlos Drummond de Andrade inédito

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Uma obra que talvez nunca deixe de ser inédita é a de qualquer grande escritor porque a cada época pode ela ser lida com uma disposição totalmente nova. Mas, a novidade que me veio pela imagem da capa da próxima edição da Revista BRAVO! foi, de imediato, a que me chamou atenção e logo compartilhei na minha página pessoal no Facebook . Depois, dei com uma matéria posta numa edição ainda de 2009, pela revista Veja sobre o achado anunciado pela anterior: os inéditos de Drummond, achados e em poder do professor e poeta Antonio Carlos Secchin, virão a lume numa edição a ser lançada em julho próximo, durante a Festa Literária Internacional de Paraty, que homenageia o poeta neste ano.  A primeira obra que Carlos Drummond de Andrade publicou foi Alguma poesia , em 1930, com uma modesta edição com tiragem de 500 exemplares autocusteada. É desta obra os clássicos "No meio do caminho", "Quadrilha" e "Poema de sete faces"; ou seja, nem é preciso dizer que...

Esquecer Saramago

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Por Pedro Fernandes Quando, no ano em que desenvolvi um largo contato com artistas plásticos para uma releitura da obra de José Saramago¹ a partir dessa arte tão mais complexa quanto à literária, não imaginava que em algures se dava a criação de um trabalho de tamanha riqueza visual como este que conheci por esses dias.  Enquanto apreciava o projeto, contava mentalmente a necessidade de apresentá-lo, dizer alguma coisa, por aqui. O dia chegou.  E vou dá mais crédito para algumas imagens do que às palavras, porque elas falam o que é necessário ouvir, sendo que o caminho percorrido até ao ouvido é outro, o da visão. Esquecer Saramago: doze partidas para uma homenagem  é o título de uma obra coletiva conduzida pela Palavrão  —  Associação Cultural.  Busca uma relação entre texto e imagem compondo um extenso mosaico para uma releitura da obra do escritor português. Compõe-se de doze projetos de artistas plásticos, que buscam no ritmo do texto sarama...

James Joyce, sim, ele está na moda

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No ano em que parte significativa do espólio de James Joyce foi disponibilizada na web , o autor parece que definitivamente entra na moda do meio literário brasileiro, o que não quer dizer que tenha o escritor de Ulisses caído no gosto dos leitores. Mas, ao menos até junho, mês de celebração do Bloomsday, a obra sua terá certo crédito por aqui. E tudo começa nesta semana quando se anuncia a chegada às livrarias da nova tradução de  Ulisses realizada por Caetano Galindo; o livro chega pelo selo Penguin Companhia, da Companhia das Letras. Depois, chegará pela editora Hedra, que prevê para a segunda quinzena de junho, Stephen Herói , livro inacabado de James Joyce e ainda inédito em terra tupiniquim. O romance  tem como personagem central o alter ego do escritor irlandês, Stephen Dedalus, que aparece em Um retrato do artista quando jovem e no próprio Ulisses .  A tradução do material de  Stephen Herói  foi encomenda a José Roberto O'Shea. Antes do ...

Ler a Odisseia (parte VI)

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Por Pedro Fernandes Ulisses na Corte de Alcínoo, de Francesco Hayez (1813-1815) Talvez o que haja de mais moderno no texto homérico seja a refundação da palavra no horizonte textual. Primeiro, como instância fundadora da realidade, depois, como intermédio entre a vida terrena e a eternidade. A própria Odisseia é um texto que não se sustenta apenas pela voz externa do aedo, mas pelas vozes internas que vão compondo ao leitor uma extensa camada de matérias que, não raras vezes se confundem e são o próprio itinerário pessoal de Ulisses.  Notemos que no princípio da grande empreitada que conduzirá o herói ao retorno para Ítaca, que Telêmeco, designado por Atena, se depara já com a odisseia sendo contada pela boca de Menelau, depois será o próprio Ulisses quem se encontrará com sua própria história, quando num banquete entre os feácios, Demódoco canta sobre suas peripécias. Mas, até então temos um narrador que se coloca à busca de um tom ideal para sua história, afinal, ...

Ação Leitura 2012

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O evento está sua 3ª edição. Desenvolvido pelo grupo de escritores que compõem a editora Jovens Escribas, a programação está bastante heterogênea a traz a Natal dois nomes consideráveis na cenário da literatura brasileira recente, Fabrício Carpinejar Marcelino Freire. A vantagem desse evento é que ele trabalha naqueles lugares onde mais se necessita um olhar para a questão da formação da competência leitora - as escolas. Sabemos que há muito o poder público virou-lhe as costas e, não é coisa rara um aluno sair do Ensino Médio sem nunca ter lido uma obra significativa da literatura, situação mais que alarmante.  O evento é descentralizado e contempla desde as escolas do ensino básico aos alunos do Ensino Superior. A programação se concentra entre os dias 21 e 25 de maio. O pernambucano Marcelino Freire estará na abertura das atividades pela tarde a partir das 15h na Escola do SESC e a noite a partir das 19h no curso de Letras da UnP acompanhado de Patrício Júnior. Já C...

Carlos Fuentes

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Jorge Luis Borges, Roberto Bolaño, Mario Vargas Llosa, Isabel Allende, Adolfo Bioy Casares, Gabriel García Márquez e muitos outros são nomes por demais significativos à literatura latino-americana. A essa lista indispensável é o nome do escritor mexicano Carlos Fuentes. Filho de pais diplomáticos, nascido em 1928, no Panamá, Fuentes morreu ontem, 15 de maio de 2012. É um dos mais proeminentes escritores do México. A condição e o meio em que nasceu deram-lhe oportunidades que contribuíram à sua formação: Fuentes estudou na Suiça e nos Estados Unidos. E foi filho dos muitos lugares onde viveu – Quito, Montividéu, Washington, Santigo, Buenos Aires, Rio de Janeiro... Mas, foi o tempo que passou no México, onde se radicou desde 1965, o que mais lhe serviu de matéria na composição de uma obra imersa no debate intelectual sobre a filosofia do mexicano. Seu primeiro livro, Los días enmascarados , ainda sem tradução para o Brasil, publicado em 1954, já apontava para essa questão ide...