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Um inventário imparcial dos bens de Gustave Flaubert

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Por Joanna Neborsky Cartaz por Joanna Neborsky com objetos de Flaubert. Catalogado por M. Lemoel em 20 de Maio de 1880, doze dias após a morte do escritor. No quarto do primeiro andar: chapéu panamá chapéu alto lenço vermelho de seda  5 pares de luvas 19 camisas 2 robes 5 waistcoasts  7 bengalas tabaco jar dois pares de botas Na sala de jantar: 35 taças de champanhe 48 pratos de jantar em porcelana jantar uma pintura representando Napoleão um relógio de bolso com detalhes em ouro e gravado com as iniciais 'GF' uma corrente de ouro um anel de sinete de ouro com pedra quadrada uma colher de prata e duas forquilhas marcado 'N flaubert' 5 oyster- facas com punhos pretos e lâminas de prata No quarto de estudo no primeiro andar: Gravura em quadro madeira de carvalho representando A tentação de Santo Antão  por Callot relógio de mármore com figuras de bronze, o nome do fabricante 'Destigny' gravado na ligação repro...

103 anos de uma tragédia

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Em 1905, Euclides da Cunha partiu em viagem para a Amazônia como chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus, uma experiência que resultou numa parte importante da sua obra, ao lado daquela que resultou em Os sertões , seu livros mais importante. Ele permaneceria no norte do país pelo menos um ano, enfrentando todas as circunstâncias perigosas numa região totalmente inóspita. Anna Emílio. Foto publicada na Wikipédia. No Rio de Janeiro, sua mulher Anna Emílio Ribeiro, com quem se casou em 1890, mantém um enlace amoroso com um jovem militar, dezessete anos mais jovem. Filha de major e de um dos principais propagandistas da República no Brasil, ela conheceu Euclides da Cunha numa das visitas realizadas pelo escritor à casa Ribeiro. Nascido em Cantagalo, não esqueçamos, que ele estudou na Escola Politécnica Militar da Praia Vermelha; a vida de militar o manteve em trânsito entre os seus pares. Euclides da Cunha teve Anna Emílio cinco filhos. As traições, sonda-se, j...

Ainda há centenários em 2012

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O escritor Lúcio Cardoso e a atriz Maria Fernanda. Registro de provavelmente 1949, quando o escritor fazia filmagens em Niterói, Rio de Janeiro, para um filme que ficou incompleto, mas foi recuperado agora pelo cineasta Luiz Carlos Lacerda. Foto: Ruy Santos. Passado os 100 anos de Jorge Amado feitos no último dia 10 e muito bem servido de comemorações, diga-se, e ainda haverá muitas outras ainda. Veja uma prévia por aqui . Ainda há e neste mês de agosto, dois outros escritores que estão também fechando um século. Lúcio Cardoso e Nelson Rodrigues. O primeiro está perfazendo a data hoje. Num ano de tantas celebrações em torno de nomes muito bem conhecidos, o de Lúcio ainda é pouco lembrado pelos brasileiros. Mas uma campanha encabeçada na cidade em que escritor nasceu, Curvelo, Minas Gerais, quer torná-lo figura que seja lembrada por lá e pelo Brasil, já que as atividades em torno do nome de Lúcio não se restringirão apenas à cidade mineira. E é merecido. Exemplo disso é a...

Pais e filhos

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Ontem foi celebrado no Brasil o Dia dos Pais. A relação entre pais e filhos na literatura é largo tema. Em muitos casos guiando-se pelos mitos bíblicos como o da relação de suplício encarada por Abraão e seu filho Isaac ou de Jesus como seu pai divino. Por essa razão, depois que descobri, ainda em junho deste ano, este texto no espanhol, de Ivan Thays, achei a movimentação ensaística precisa num tema que, se desenvolvido com profundidade, certamente daria um importante trabalho acadêmico. Se o leitor catar bem o texto não deixará de encontrar uma dessas ricas listas de leitura.  Eneias escapa de Troia em chamas. Federico Barocci, 1958. Uma das anedotas mais memoráveis da mitologia grega é a de Enéas quem, em meio da cidade incendiada de Troia, carrega o seu pai Anquises sobre seus ombros e se reúne com outros troianos para fugir para a Itália. As esculturas e as pinturas representam Enéas como um homem jovem e forte, às vezes titânico e outras com músculos mais discretos...

100 anos de Jorge Amado

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Numa data tão ansiada pelos leitores de Jorge Amado, data que vem sendo ensaiada desde agosto do ano passado e por uma quantidade muito grande de homenagens no Brasil e ao redor do mundo neste período, o 10 de agosto não poderia passar em branco, afinal estamos diante do primeiro centenário de um escritor que transformou a literatura brasileira. Pela passagem da data, deixamos aqui dois vídeos que poderíamos chamar de clássico: um, até disponibilizamos ontem na página do Letras no Facebook, foi produzido na década de 1970 pelo escritor Fernando Sabino e sua produtora, a Bem-te-vi Filmes que gestou outros retratos videográficos de escritores como Manuel Bandeira, Pedro Nava, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade. Intitulado por Na casa do Rio Vermelho  o vídeo capta o escritor e sua intimidade em sua residência em Salvador. O outro vídeo é a abertura do filme Tieta do Agreste , produzido em 1996 por Cacá Diegues. É uma abertura com Jorg...

A arte de ilustrar Jorge Amado (Parte I)

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Jorge Amado e Carybé. Foto do site do Fabio Pena Cal. Jorge Amado não terá batido apenas recorde com vendas de livros e traduções. Talvez seja o escritor que mais teve obras ilustradas. Colocamos um “talvez” no início da consideração por pura cautela, porque na verdade, depois de rondar toda produção literária brasileira, não conseguimos ver um feito do tipo, isto é, o “talvez” não será somente cautela, mas certo charme do discurso. E quanto inocência nossa! Achávamos que somente o Carybé, o Di Cavalcanti, o Poty e o Goeldi haviam se aventurado pela geografia verbal do escritor. Inocência mesmo, porque, além desses, o site da Fundação Casa Jorge Amado listou mais dezesseis nomes. Isso quer dizer que se fôssemos nos dedicar a arte de ilustrar Jorge Amado teríamos que fechar esse blog por mais de duas semanas para postar apenas os seus ilustradores. É demais e vamos reduzir a grandiosidade do fato em duas postagens. Não é suficiente, mas fica o registro. Dos livros il...