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Goethe e a psicologia das cores

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prisma de cores desenhado por Goethe. “Colour itself is a degree of darkness”, setença de Goethe, que traduzida diz mais ou menos “A cor em si é um grau de escuridão” Todos talvez não tenham reparado, mas a cor é uma parte essencial de como sentimos o mundo tanto biologicamente quanto culturalmente. Já imaginaram ver o mundo totalmente sem ela? Um dos primeiros pesquisadores que levaram adiante a ideia de formular uma teoria da cor vem, e isso quase ninguém sabe, pela cabeça de um poeta alemão, que chegou ainda a figurar no espaço da política, Johann Wolfgang Von Goethe. Isso mesmo.  O autor do Fausto , em 1810 publicou um tratado sobre a natureza, função e psicologia das cores. Sob o título de A teoria das cores , o trabalho foi rejeitado por grande parte da comunidade científica; não para outra parte de filósofos e físicos, como Schopenhauer, Gödel e Wittgenstein. O tratado, que terá levado, trinta anos para ser elaborado tinha por ponto central ...

Um evento feliz, de Rémi Benzançon

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Por Pedro Fernandes “Ele me estimulou, me fez ultrapassar meus limites, me confrontou ao absoluto: do amor, do sacrifício, da ternura, do abandono. Ela me deslocou, me transformou. Por que ninguém me disse nada? Por que não se fala nisso?” A fala é da personagem principal de Um evento feliz , uma aproximação masculina porque o filme é dirigido por um homem de um evento eminentemente feminino: a maternidade. Não que o homem esteja ausente da experiência. Pelo menos no filme não, ele está muito presente. Mas que, disso já sabíamos, ter um filho é um dos fenômenos naturais mais completos e complexos. Ainda mais quando se incorporam às transformações corporais da mulher um lastro de outras questões, externas, mas que contribuem para aquela ideia de independência tão almejada, nos dias de hoje, por todos. Além de acompanhar de perto a chegada de Léa num casal principiante no mundo da maternidade, Rémi Benzançon quer pensar os novos parâmetros para esse lugar chamado fam...

A arte de ilustrar Jorge Amado (Parte II)

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Quem disse que só se fala de um escritor em datas importantes? Se assim acontece com alguns, bem, há alguma coisa errada. Fala-se sempre. E, hoje, já uma semana depois do centenário do brasileiro Jorge Amado, certamente o fato literário mais comentado dentro e fora do país, vamos finalizar a mostra com ilustrações e ilustradores da sua obra. Na primeira parte dispomos 11 nomes ( aqui ), agora vamos conhecer outro tanto dando ênfase a duas frentes de trabalhos: os feitos por artistas plásticos de renome, como Carybé e Floriano Teixeira, os que aliás, mais ilustraram trabalhos de Jorge Amado, e os nomes contemporâneos que foram para o texto amadiano e ilustraram para as edições recentes. 1. Carybé: ilustrou obras como Jubiabá , O compadre Ogum , O sumiço da Santa , O gato malhado e a andorinha Sinhá  e A morte e a morte de Quincas Berro d'água . Carybé. Ilustração para Jubiabá Carybé. Ilustração para O gato malhado e andorinha sinhá 2. Clóvis Graciano: ilustrou...

Para ler “Rol da feira”, de Márcio de Lima Dantas

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Por Pedro Fernandes Ainda se escrevem róis. E as qualidades do gênero têm suas proximidades com as da poesia. Até chegar a esta observação, ler Rol da feira , o novo livro de Márcio de Lima Dantas, apesar de ponto de partida para as reflexões, não foi suficiente. É possível que, no instante, em que buscar essas aproximações, encontremos as razões pelas quais dão sustento ao poeta para assim denominar um feixe ímpar de vinte e três quartetos. Aponta a princípio a semelhança formal. Um rol não ocupa a dimensão total do papel. Mesmo que esse papel seja pequeno o bastante para não conter o escrito, imaginariamente, ficam os espaços em branco para as margens. Um rol geralmente agrupa uma sequência de elementos inventariados em série enumerativa assemelhada à disposição do verso; e, se olharmos as características da poesia contemporânea, nas de estágio surrealista, estamos pensando em Leo Spitzer, as “enumerações nominais”, sequenciando elementos, também é uma característica do po...

Conhecimento do inferno, de António Lobo Antunes

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Por Pedro Fernandes Faz poucos dias que findei um ensaio que põe lado a lado a obra dos escritores José Saramago e António Lobo Antunes. A mídia que quer rivalizar tudo, esteve, enquanto o primeiro esteve vivo, criar caso entre ele e o segundo. E alguns estão mesmo crentes que o primeiro supera o segundo ou o segundo supera o primeiro, como se nesse território das letras as coisas fossem definidas como num ringue, o que já sabemos, velhos de longa data naquilo que lemos, que não é tão simples assim, nem tão fácil de apontar com o dedo em riste alguém melhor do fulano, cicrano ou beltrano. A exceção dos literatos de comércio, escritores que tem o trabalho literário como modelagem artística, não são melhores ou piores do que outros. Sabemos todos que cada um tem a literatura que tem e, no fim, todos têm uma parcela significativa no panteão da literatura. O resto? Bem, o resto, é fofoca, coisa que tem andado no auge nos dias de hoje, quando reparamos, por exemplo, que o sujeito sem...

Um inventário imparcial dos bens de Gustave Flaubert

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Por Joanna Neborsky Cartaz por Joanna Neborsky com objetos de Flaubert. Catalogado por M. Lemoel em 20 de Maio de 1880, doze dias após a morte do escritor. No quarto do primeiro andar: chapéu panamá chapéu alto lenço vermelho de seda  5 pares de luvas 19 camisas 2 robes 5 waistcoasts  7 bengalas tabaco jar dois pares de botas Na sala de jantar: 35 taças de champanhe 48 pratos de jantar em porcelana jantar uma pintura representando Napoleão um relógio de bolso com detalhes em ouro e gravado com as iniciais 'GF' uma corrente de ouro um anel de sinete de ouro com pedra quadrada uma colher de prata e duas forquilhas marcado 'N flaubert' 5 oyster- facas com punhos pretos e lâminas de prata No quarto de estudo no primeiro andar: Gravura em quadro madeira de carvalho representando A tentação de Santo Antão  por Callot relógio de mármore com figuras de bronze, o nome do fabricante 'Destigny' gravado na ligação repro...