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Voltar às origens dos textos compilados pelos Grimm

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Por Pedro Fernandes Retrato de Jacob e Wilhelm Grimm pelo irmão, o pintor Ludwig Emil Grimm, 1843 Em 2012 se comemora o bicentenário da primeira edição com a compilação de contos feita pelos irmãos Grimm. Foi neste ano também que o The Guardian anunciou o resgate de cerca de 500 histórias que estiveram guardadas por pelo menos um século e meio em Regensburg, na Alemanha, em acervo que pertencia ao historiador Franz Xaver von Schönwerth, que também coletava contos na mesma época dos irmãos Grimm. Fica o registro que também é o princípio da contagem regressiva (de quanto tempo não sabemos, mas esperamos que seja breve) de tê-los em terras e língua brasileiras. Voltemos aos irmãos Grimm. A Cosac Naify – só poderia ser ela – publicou em dois tomos a versão original das 156 histórias, nunca antes reunidas em português, e com tradução direta do alemão. Contos maravilhosos infantis e domésticos.  O rico trabalho chega para – se não colocar a versão verdadeira no lugar devido,...

Explicação dos pássaros, de António Lobo Antunes

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Por Pedro Fernandes Foi mais um da longa travessia que ainda tenho pela frente para contornar a obra de António Lobo Antunes. Ao meu alcance,  Fado alexandrino , o romance que sucede este Explicação dos pássaros . Tenho a impressão de leitor iniciante que terá sido este, não os da ‘trilogia memorialística’ que marca o início da carreira literária do escritor, o livro em que encontramos um escritor que se inicia, embora sabendo que, para os bons escritores, toda nova obra sempre poderá ser uma tentativa de começo.  E, por que, neste caso em particular, é o começo de tudo? Simplesmente porque o autor de Explicação dos pássaros se desvincula do tema da guerra colonial, plano e pilar dos três primeiros romances. Neste livro, o escritor mergulha naqueles temas mais caros às subjetividades em crise, algo notado nos romances anteriores, mas que aqui toma fôlego sem um elemento desencadeador. A ideia de finitude que perpassa todo o andamento da narrativa é mais produto de uma...

RECONHECIMENTO

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Por Pedro Fernandes Ontem, 15 de outubro, foi dia dos professores. Alguém já terá dito que uma coisa que tem dia para ser lembrada é porque esta coisa não é tão bem quista quanto deveria. Prefiro ir nesta direção, mas prefiro também dilatar essa visão. Quando se há um dia para lembrar de alguém ou alguma coisa e estes não são bem quistos, este dia, serve-nos não apenas para exaltações afetivas, que será uma forma de imprimir destaque ao não-quisto, mas aponta para a necessidade de se repensar o sentido do alguém ou do alguma coisa lembrados. Então, ainda no território das preferências, eu prefiro ir pela ideia de repensar. E foi isto o que propus quando redigi uma mensagem resposta aos vários comentários e às várias fotomensagens que companheiros de profissão e alunos decidiram, cada qual do seu jeito carinhoso de ser, homenagear. A mensagem foi publicada na minha página no Facebook e é o teor dela que quero repetir por aqui, porque como reza as diretrizes deste espaço, ...

Mário de Andrade desenhista

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Por Pedro Fernandes Mário de Andrade numa rede. Lasar Segall. Paris, 1930. "Como a totalidade da crítica, também penso que o mais curioso de Mário [de Andrade] é a sua diversidade de interesses, a aplicação que ele fez de seu talento e de sua inteligência a tantos campos de pesquisa e de criatividade, indo da ficção e da poesia aos ensaios sobre literatura, música, folclore e artes plásticas, sem esquecer o jornalismo mais livre das crônicas, os registros de viagem, a importante correspondência e até a atuação direta nos acontecimentos." A observação entre aspas é de João Luiz Lafetá. E ele e nós conhecemos alguma coisa desse Mário diverso. Mas, faltou na extensa lista de atividades, o convívio do autor de Macunaíma  com as artes plásticas. Entre 1927 e 1928 sabemos da sua viagem pelas regiões Norte e Nordeste. Desses dois périplos, ele realizou ensaios fotográficos que serviram de base para o livro póstumo publicado em 1993 pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universida...

Este blog passou à segunda fase do prêmio TOPBLOG 2012

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O Letras está feliz. É que descobrimos nossa classificação para a segunda fase de um reconhecimento entre os mais concorridos nacionalmente, o prêmio TOPBLOG, que este ano completa sua quarta edição. O prêmio é mais novo que a existência deste blog, mas esta foi a primeira vez que resolvemos enviar inscrição para concorrê-lo.  Estamos entre os 100 mais votados pelos internautas na categoria Literatura e passamos a lutar agora pelo disputadíssimo 3º lugar. Dividido em duas fases, o anúncio dos 100 colocados foi feito no último dia 10. Esta post serve para, além de comunicar a vitória da primeira fase, cumprimentar a todos os nossos leitores que apostaram no nosso projeto. É também para renovar os votos de confiança que nos deram e pedir ajuda com a votação para chegarmos na fase seguinte.  Como votar É muito simples. Basta entrar neste  link ou clicar no banner Top 100 - Finalista 2º Turno que está logo na coluna à esquerda do blog e você é direcionado...

Leontino Filho: a saga e o segredo de urdir os restos do lirismo amoroso

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Por Márcio de Lima Dantas                                                            Todo mundo sabe quanto se tornou difícil, nos últimos tempos, o manuseio de textos artísticos que lancem seus vetores à tradição da literatura ocidental conhecida como lírica amorosa. As linhas de continuidade às quais se vincula o discurso poético sobre o amor, pelo menos nos moldes como fomos acostumados a senti-lo/representá-lo, e também como é difundido pela mídia, parecem ter atingido o seu fastígio com as transformações que o século XX ferrou nos relacionamentos interpessoais, coisa que me parece sem retorno e que também, de outra parte, não deve causar transtornos, malgrado o desvelamento de uma hipocr...