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Um ano para Rubem Braga

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Rubem Braga num dos bancos do jardim do apartamento de Ipanema, onde morou de 1963 até sua morte em 1990. Foto de Luiz Pinto. Jornal O Globo. Apesar de alguém já ter observado que a Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP) de 2013 esqueceu o centenário de Rubem Braga em detrimento dos 120 anos de Graciliano Ramos, isso porque é o evento mais conceituado como um espaço para se pensar e discutir literatura no Brasil, o cronista, que também não tem sorte (dirão outros por fazer aniversário já no princípio do ano, dia 12) tem seu lugar seu de homenagens muito bem reservado. Mesmo que concordemos em parte com a visão de Lygia Fagundes Telles (Lygia este ano fecha seus 90 anos de idade e disse que não tem nada para comemorar) tais iniciativas, tirando todo o seu mercantilismo capital, tem uma função que julgamos de importância: o simples fato de retorno à obra do autor, seja pela mídia, seja pelos estudiosos, seja pelo próprio leitor, ou mesmo de apresentação do seu nome junt...

Na rota da contracultura

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Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burrougs. Quem por aqui tiver tido a oportunidade de assistir o filme Na estrada , adaptação do livro homônimo de Jack Kerouac e signo da Geração Beat, entenderá um pouco do que foi este movimento. Mais que sexo, drogas e jazz, os meninos do grupo são responsáveis por colocarem no centro da cena o lado marginal da sociedade que talvez não fosse tão valorizado no universo artístico como se tornou depois deles. No Brasil mesmo, ao ouvir a palestra do escritor Reinaldo Moraes em 2012 por ocasião do IV Festival Literário da Pipa, é que pude entender um pouco como, por exemplo, o movimento Beat foi responsável por sacudir até as esferas da literatura brasileira. Reinaldo com um dos romances mais representativos da cena literária brasileira contemporânea, o Pornopopeia está para o Brasil o que foram Kerouac e companhia nos Estados Unidos. Fazendo uma breve consideração sobre o conceito para o que foi a expressão Geração Beat topei c...

As flores do mal online

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Charles Baudelaire. Nadar, 1855. Como bem quis boa parte da crítica conceituada, As flores do mal , de Charles Baudelaire, é considerada a obra-prima do poeta francês que possui pelo menos duas principais versões: a primeira, de 1857, continha uma centena de poemas escritos entre 1840 e 1850; a segunda, de 1861, foi acrescida de 35 poemas, isto é, a sessão integral de “Tableaux parisiens”, entretanto, os seis poemas censurados desde a primeira edição ainda não foram aqui incluídos. Somente em 1866, quando já vivia em Bruxelas, que Baudelaire e sua editora decidiram publicar uma pequena coleção que incluiria esses seis poemas. Em 1868, um ano depois da morte do poeta francês, dois de seus amigos resolveram fazer uma reedição do clássico livro, versão que os estudiosos de sua obra sempre ignoraram porque os amigos teriam feito algumas mudanças no corpo da obra e por isso consideram até a edição de 1861 que teve supervisão do próprio Baudelaire nas mudanças operacionalizadas na ...

De Vinicius de Moraes para Rubem Braga

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Por Pedro Fernandes Vinicius de Moraes, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e Chico Buarque. Um dos amigos que esteve mais próximo de Rubem Braga foi Vinicius de Moraes. Essa proximidade parece marcada por outras forças, além do encontro que estabeleceu a amizade entre os dois. O poeta também fecha seu primeiro centenário neste ano. Ele nasceu em 19 de outubro de 1913 e o cronista nasceu sete dias antes no mesmo ano. Separados por sete dias e pela geografia: Vinicius é do Rio de Janeiro e Braga, de Cachoeiro do Itapemirim.   O convívio no âmbito das letras foi da honrosa troca de escritos. É Rubem Braga, por exemplo, quem escreveu o texto para a orelha da primeira edição da Antologia poética  de Vinicius publicada em 1954, ou a crônica "Recado de primavera". E, sai da pena do poetinha dois textos conhecidos: "Mensagem a Rubem Braga" e "Soneto no sessentenário de Rubem Braga". Pela ocasião das celebrações dos 100 anos de Rubem Braga, selecionei estas e ma...

As aventuras de Pi, de Ang Lee

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Por Pedro Fernandes 1. Com esta produção Ang Lee provou que é mesmo possível um diretor está sempre se reinventando e cumprindo grandes apostas. Sim, porque qualquer um que olhar para a cinematografia sua que teve maior repercussão entre os da crítica comprovará, mesmo sem ter nenhuma aptidão para observar detalhes técnicos e outras parafernálias de cinema, o que estou dizendo. Antes deste bem conceituado Life of Pi – aqui traduzido como As aventuras de Pi – houve, só para refrescar a memória dos leitores, O tigre e o dragão , filme cuja fotografia é, sem dúvidas, um caso à parte, e O segredo de Brokeback Mountain , produção que lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor. 2. Em  As aventuras de Pi repete-se o espetáculo imagético e nele está uma das razões que fazem este filme arrancar boas doses de lágrimas dos olhos dos telespectadores. Não é nenhum drama no sentido derramado da palavra (ao mesmo tempo em que por trás do desenvolvimento da trama ele, o drama, e...

João Cabral de Melo Neto - Dizeres

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Ontem, 9 de janeiro, foi data de aniversário de João Cabral de Melo Neto, que nasceu no Recife em 1920 e morreu no Rio de Janeiro em outubro de 1999. Já havíamos preparado o texto para uma postagem pela ocasião, quando ficamos a par da raridade de um áudio de Oscar Wilde; não deu em outra, apesar de, por várias ocasiões este blog fazer até três publicações num mesmo dia, não quisemos duas postagens ontem, dada a importância das duas novidades. Como a postagem com a raridade pareceu-nos mais que tudo, já que do próprio João Cabral já tivemos oportunidade de editar um especial em sua homenagem, achamos que as coisas poderiam sair um tanto quanto atrasadas. O texto em questão é um fragmento de um texto maior produzido por ocasião de uma conferência ministrada por Pedro Fernandes, editor deste blog; trata-se de um texto ainda em preparação e o que se lê a seguir são notas esparsas. *** Três características costumam ser atreladas à obra de João Cabral de Melo Neto, poeta per...