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3 vezes Dostoiévski

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Já foi dito e, não por uma pessoa, mas muitos concordam, que todo leitor que se preze há de um dia, se já não passou, passar pela literatura russa: Dostoiévski, Tolstói, Puchkin, Gógol, Tchekhov, Górki... E uma vez lido esses autores terão pelo menos uma porcentagem para o entendimento crítico sobre outras literaturas. Aos leitores brasileiros que já leram livros como Crime e castigo , Os irmãos Karamazov ou até mesmo Noites brancas , texto mais leve que os dois primeiros, desconhece o Dostoiévski apresentado ainda em 2012 pela Editora 34, uma das quase únicas, as outras são a Cosac Naify e a L&PM Editores, que publica literatura russa no país; são três textos, um romance de 1859 A aldeia de Stepántchikovo e seus habitantes e, também do mesmo ano, as novelas O sonho do titio e Sonhos de Petersburgo... , este de 1861. Aos que se soma Bóbok , de 1872, livro já esgotado e que agora volta numa reedição. Os quatro textos juntos compõem uma introdução ao escritor russo. ...

Uma lista de autobiografias indispensáveis (Parte 3)

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A chegada às livrarias de um livro de natureza muito diversa de Umberto Eco, em que o autor de O nome da rosa volta no tempo para perscrutar o jovem romancista, fez voltarmos a duas listas de livros publicadas em 2008 cujo o gênero aparece definido como autobiográfico. O retorno às duas listas serve para um motivo a mais: ampliar essa biblioteca com outros títulos. Então, depois de Maksim Górki, Gabriel García Márquez, Doris Lessing, J. M. Coetzee, Philip Roth, Simone de Beauvoir, Erico Verissimo, Amós Oz, Vladimir Nabokov, José Saramago (ufa!) tomem nota destes. E relembramos sempre o mesmo recado: esta não é uma lista definitiva, nem um ranking . As informações sobre cada livro foram copiadas dos resumos oferecidos pelas editoras que publicaram a obra no Brasil. Comecemos então pelo título do escritor italiano. 1. Confissões de um jovem romancista , de Umberto Eco: antes de se dedicar à ficção Umberto Eco escreveu teoria; foi só quando tinha quase cinquenta anos. E no ...

O cerco à literatura

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Sou a favor da obscenidade e contra a pornografia. O obsceno é franco, direto; a pornografia é o indireto, perifrástico. Acho que se deve dizer a verdade apresentando-a friamente, de modo chocante se necessário, sem disfarçá-la. Em outras palavras, a obscenidade é um processo purificador, enquanto a pornografia aumenta a sujeira.   Arthur Miller Um fato ocorrido semana passada no Rio de Janeiro juntou-se com algumas inquietações minhas a respeito da estranha relação que sempre foi dada por outras instâncias para com a literatura. Segundo matéria veiculada no caderno de Cultura do jornal Estadão, de 17 de janeiro, a livraria Nobel de Macaé, recebeu na segunda-feira a visita de dois policiais e de dois comissários da Segunda Vara de Família, da Infância, da Juventude e do Idoso do município com a ordem de recolher todos os livros com conteúdo impróprio para menores de 18 anos que não estivessem em embalagens lacradas. A ordem partiu do juiz Raphael Baddini de Queir...

A viagem, de Andy Wachowski, Lana Wachowski, Tom Tykwer

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Por Pedro Fernandes Já foi dito por muitos romancistas que seus livros não teriam vez se fugisse das páginas para as telas. José Saramago foi um dos que ainda em vida relutou, depois do fiasco alemão para A jangada de pedra , em deixar que alguém metesse a mão em algum outro livro seu e o adaptasse para o cinema. Até que o diretor brasileiro Fernando Meirelles o convenceu do contrário e, em definitivo, conseguiu arrancar lágrimas do Prêmio Nobel de Literatura, quando viu, pela primeira vez, o produto de Ensaio sobre a cegueira transmutado em Blindness . Depois disso, já se adapta, ainda para fins deste 2013, O homem duplicado e o diretor português Miguel Gonçalves Mendes já sinalizou querer filmar O evangelho segundo Jesus Cristo . No caso de Saramago, era sim receio. Apesar de não ser nenhum diretor de cinema, mas acho seus livros plenamente imagéticos; até essa forma de organização de diálogo no romance e a relação entre as vozes de narrador e personagem já têm um pique cin...

Miguel Torga

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Já no texto de orelha da edição brasileira de 1996 de Contos da montanha , de Miguel Torga, Jorge Amado lamenta: “Miguel Torga faleceu sem ter recebido o prêmio Nobel, injustiça sem tamanho. Ninguém mereceu mais do que o grande escritor português, o poeta, o contista, o memorialista. Entre os que trabalharam a língua portuguesa, na criação da poesia e da narrativa, o nome de Torga se destaca pela escrita invulgar e pelo conteúdo de uma literatura feita de humanismo.” São palavras suficientes de um nome entre mais importantes da nossa literatura – o escritor brasileiro também não ter recebido prêmio maior, muitos concordam, também é uma injustiça. Esta aproximação com o escritor português tem uma justificativa primeira pela data de hoje: em 16 de janeiro de 1995, Torga morreu, depois de uma extensa vida dedicada, pode-se dizer, integralmente à literatura, ainda que em tempos outros, mas no princípio da juventude, nos anos 20, tenha estado morando cá no Brasil, emigrado na fa...

Um ano para Rubem Braga

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Rubem Braga num dos bancos do jardim do apartamento de Ipanema, onde morou de 1963 até sua morte em 1990. Foto de Luiz Pinto. Jornal O Globo. Apesar de alguém já ter observado que a Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP) de 2013 esqueceu o centenário de Rubem Braga em detrimento dos 120 anos de Graciliano Ramos, isso porque é o evento mais conceituado como um espaço para se pensar e discutir literatura no Brasil, o cronista, que também não tem sorte (dirão outros por fazer aniversário já no princípio do ano, dia 12) tem seu lugar seu de homenagens muito bem reservado. Mesmo que concordemos em parte com a visão de Lygia Fagundes Telles (Lygia este ano fecha seus 90 anos de idade e disse que não tem nada para comemorar) tais iniciativas, tirando todo o seu mercantilismo capital, tem uma função que julgamos de importância: o simples fato de retorno à obra do autor, seja pela mídia, seja pelos estudiosos, seja pelo próprio leitor, ou mesmo de apresentação do seu nome junt...