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Fausto, de Alexandr Sokurov

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Por Pedro Fernandes Não será desnecessário repetir a origem de Fausto , obra já clássica da literatura ocidental que ganhou este status quando Goethe compôs o longo poema cuja primeira parte foi publicada em 1806 e a outra, já às vésperas da morte do autor, em 1832.  No mesmo ano em que o filme de Sokurov teve sua estreia por aqui a Editora 34, inclusive, vez uma nova edição com outra tradução para o poema. Goethe toma por base uma lenda alemã nascida da figura histórica do Dr. Johannes Georg Fuast que viveu entre 1480 e 1540; obcecado pelo advento do poder da ciência e logo desencantado dele, Faust teria assinado um pacto com diabo a título de reencontrar o sentido pela técnica e pelo progresso. O filme do diretor russo, é uma adaptação do livro de Goethe, mas os que já tiveram oportunidade de ler o poema têm, como é já comum no jogo das adaptações, impressões opostas: uns dizem que o filme distorce o poema e, apesar das muitas cenas ‘pesadas’ não chega ao limite do q...

Os desenhos de Elizabeth Bishop

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Já tem algum tempo que prometemos apresentar os desenhos da poeta Elizabeth Bishop por aqui. Demorou, mas aqui estamos para isso. Antes de falarmos desses trabalhos é importante lembrar as situações em que foram produzidos. Boa parte de seus trabalhos do gênero foram produzidos na sua estadia no Brasil por quase duas décadas – Bishop veio para cá em 1951, com o objetivo de ficar só duas semanas num itinerário pela América do Sul para depois ir a Europa. Ficou por aqui em circunstâncias casuais: reencontrou-se e apaixonou-se por Lota de Macedo Soares e só foi embora quando do suicídio da amante em 1967. Do Brasil, manteve uma intensa correspondência com o seu país de origem. Escreveu constantemente para o The New Yorker e em 1956 recebeu o Pulitzer pelo seu livro North & South – a cold spring . Viveu intensamente os extremos: o próprio país foi lugar de amor e ódio; sentia-se livre por está longe de tudo e todos, sem raízes, na companhia de Lota, e sentia-se presa pel...

Bernardo Guimarães

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Bernardo Guimarães. Foto sem data. Do arquivo pessoal da filha, Constança Guimarães. Supomos que A escrava Isaura seja o título ainda mais lembrado por brasileiros de várias faixas etárias quando o assunto é novela. E antes de ir para a TV e ser exibida quase que no mundo inteiro e logo um dos produtos da Globo que mais rende vendagens, o pequeno livro de Bernardo Guimarães também já alcança números espantosos se levarmos em consideração o país e o período de onde vem. O escritor foi um dos primeiros que não hesitou em fazer uso da escrita como espaço para denúncia do modo de estar dos da margem. O texto de 1875 é fruto do contato de Bernardo com uma cena muito comum na sua época: numa das muitas fazendas de café em Minas Gerais, já nas proximidades de Ouro Preto, um ano antes, o escritor presencia a um canto do pátio, em frente à porta da senzala, dois escravos amarrados pelos pulsos a receberem do algoz banhado de suor um dos castigos a que eram submetidos muitos dos ...

Boletim Letras 360º #3

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Ontem, dia 8 de março, fizemos um movimento daqueles na página do Letras no Facebook . Logo pelas 7h começamos a promoção “ Porque a poesia é fêmea ”. Os participantes enviaram seus poemas favoritos de suas poetas favoritas. Os poemas foram reunidos num álbum (que poderá ser reaberto ano vindoura) e o mais compartilhado na web  ganha um exemplar de Um útero é do tamanho de um punho , da poeta Angélica Freitas. Pois bem, chegou a ocasião para divulgação do nome do ganhador. Lembramos que entraremos em contato através de mensagem via Facebook a título de solicitar informações mais detalhadas para o trâmite do envio do livro. Antes, que tal conferir o que se passou esta semana lá pela tão agitada página? Capa da edição especial de 60 anos de Fahrenheit 451 . Segunda-feira, 04/03 >>> Brasil: Antonio Candido na web Em nota no Painel das Letras a novidade: há possibilidades de digitalização da obra de Antonio Candido. Ana Luisa Escorel, filha do professor e coo...

Porque a poesia é fêmea

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Vamos movimentar a fan page do Letras? Com esse chamado todos os leitores e seguidores da fan page do Letras in.verso e re.verso no Facebook foram acordados para uma promoção relâmpago que quer somente duas coisas: brindar alguém com um livro e celebrar o Dia Internacional da Mulher à altura das mulheres. E, na melhor que poesia; porque a poesia é fêmea. Os que estiverem de passagem por aqui confiram o regulamento abaixo e vamos participar. É o seguinte: hoje, de hora em hora estaremos postando o poema de uma poeta e aí os nossos amigos também podem participar desse Sarau Virtual. Veja como participar: - Compartilhar o banner (semelhante ao da imagem) que está hospedado no topo da time line da fan page ; - Enviar via mensagem para o Letras um poema de uma poeta (o poema é analisado e publicado por nós - abrimos um álbum especial para marcar a data ); - No fim do dia, o poema mais compartilhado ganhará uma edição de Um útero é do tamanho de um punho , da poeta Angélica...

Ler Dora Ferreira da Silva

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Por Pedro Fernandes “Acho que o papel do poeta é parecido com o daqueles que levam a tocha na Olimpíada. Mesmo que o mundo esteja dessacralizado, temos que acreditar que a vida é forte, transforma-se e cria novas saídas. Penso na imagem de uma flor brotando nos interstícios de uma pedra. Acredito nas diversas manifestações do divino, no anima mundi . Temos que viver este não-ser, esta noite, esta dor como uma passagem. A fidelidade de cada um a si mesmo é o que se pede. Dar o pouco que se tem, ser fiel à sua voz interior, é o que se pede aos poetas na tentativa de suprir essa carência dos deuses.” Esta fala é um recorte de uma entrevista que Dora Ferreira da Silva concedeu ao poeta Donizete Galvão e que fui publicada na edição de maio de 1999, da Revista Cult . Ele é simbólico não porque é dito por Dora, mas porque é dito por uma poeta que teve, dos 87 anos que viveu, mais de 50 deles dedicados à poesia. Autora de mais de uma dezena de livros de poesia e ricos ensaios, ela ...