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Philip Roth, 80 anos

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Philip Roth em 1987. Foto de David Montgomery. Desde que o anúncio de sua aposentadoria feito em outubro, mas só ganhado destaque a partir de em novembro de 2012 (comentamos aqui ), e já contradita neste ano, quando disse não saber existir sem escrever, Philip Roth, que chega hoje aos 80 anos, ganha destaque na literatura universal e volta a ser cogitado entre os apostadores como um escritor que merece levar o Prêmio Nobel este ano. Volto, duas linhas, por achar que talvez nem seja tanta contradição assim: assumir que parou de escrever pode ser um reconhecimento de que a fonte esgotou, não há mais nada a dizer, e o que resta, este não saber existir sem escrever, não passa de vício de quem levou uma vida nesse universo complexo, o da palavra. Recentemente a revista New York Magazine perguntou a trinta nomes envolvidos com a literatura (personalidades como Salman Rushdie) se o escritor poderia ser considerado o maior romancista estadunidense vivo, ao que 77% respondeu que sim. ...

Rodrigo de Souza Leão

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Rodrigo Souza Leão em fotografia de Cristina Carriconde Desde 2010 que a Editora Record tem editado a obra de Rodrigo de Souza Leão. Principiou com me roubaram uns dias contados , livro pelo qual iniciei a descoberta do escritor que ainda me é integralmente inédito - seja porque o que li foram poemas e textos esparsos na web , seja porque os livros que dele adquiri ainda fazem parte da longa lista de espera de materiais para leitura. Não é, portanto, que Rodrigo seja um desconhecido. Não. Qualquer um que se aventurar pela própria  web verá que foi um pioneiro na utilização desse suporte para apresentação de seu trabalho, tendo contribuído muito para a cena literária contemporânea.   Formou-se em Jornalismo com 22 anos; queria ser locutor de rádio e entrou na literatura, atestou em entrevistas,  por acaso: "Meu negócio era ouvir rádio e ser DJ. Meu irmão comprou uma bateria e começaram os ensaios aqui em casa. Comecei a querer cantar. De locutor, passei sonha...

Boletim Letras 360º #4

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Colocamos fim em mais uma promoção daquelas na nossa página no Facebook; achamos que foi o melhor sorteio que já fizemos. Completamos assim uma lista em que já foi para as mãos dos nossos amigos Resina , de Diva Cunha, Retratos para a construção do feminino na prosa de José Saramago , de Pedro Fernandes, Antologia poética , de Carlos Drummond de Andrade, A confissão da leoa , de Mia Couto, Orgulho e preconceito , de Jane Austen, Fazes-me falta , de Inês Pedrosa, Um útero é do tamanho de um punho , de Angélica de Freitas; a da vez, foi Poesia Completa , de Paulo Leminski, e foi para as mãos de uma mineira. O fato é que já estamos bolando outra promoção. Enquanto não vem, vamos ver o que se passou na dita página nesta semana? Segunda-feira, 11/03 >>> Brasil: Cleonice Berardinelli na FLIP Depois de divulgar o nome de John Banville como o primeiro estrangeiro a compor a programação da Festa Literária Internacional de Paraty, outro nome, agora nacional, entra n...

Auto dos Danados, de António Lobo Antunes

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Por Pedro Fernandes Este é o sexto romance de António Lobo Antunes. E chegou-nos ao Brasil pela Editora Best Seller possivelmente em 1985 (a referência à data de publicação por aqui é coisa dura de achar pelos dados no livro e rodando a web o máximo que encontrei foi esta, 1985, portanto,  que é mesmo, isso sabe-se verdadeiramente, a data de publicação em Portugal). A própria editora nem mais existe como figura independente; pelo que sondei está integrada como um selo do grande grupo editorial Record. Fato é que o livro anda esgotado nas prateleiras das livrarias brasileiras, sendo possível encontrá-lo nos santos sebos que salva (e crucifica quando o preço é salgado o que não é este o caso). Foi com este romance que o escritor português ganhou por essa época o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Apesar de não este um dos livros que poderia considerar sendo o ponto alto da sua carreira, esse reconhecimento vem provar não a escrita individ...

Poesia: a paixão da linguagem

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Por Paulo Leminski Trago pra vocês uma porção de raciocínios que fiz lá no meu silêncio, na Cruz do Pilarzinho, em Curitiba, um silêncio tão denso que dá pra cortar com a faca. De noite, quando um cachorro late, os outros cachorros fazem psiu. A FUNARTE e o Adauto me convidaram para dizer alguma coisa dentro desse Ciclo, e eu fiquei pensando, por que essa mania pela palavra paixão hoje? Os livros têm paixão no nome, os filmes têm paixão no nome: o Domingos Pelegrini editou um livro chamado  Paixões ; a Alice Ruiz, um livro de poemas chamado  Paixão chama paixão ; o Affonso Romano de Sant' Anna, um livro chamado  Paixão e política ; um filme do Bruno Barreto se chama  Além da paixão . Por que a palavra paixão está na moda? Acho que não é a paixão que está na moda, é a palavra paixão que está na moda.  Como detetive, cheguei à conclusão, às avessas, de que não é que a nossa época seja muito apaixonada. Se a gente está valorizando tanto isso aí, é p...

Fausto, de Alexandr Sokurov

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Por Pedro Fernandes Não será desnecessário repetir a origem de Fausto , obra já clássica da literatura ocidental que ganhou este status quando Goethe compôs o longo poema cuja primeira parte foi publicada em 1806 e a outra, já às vésperas da morte do autor, em 1832.  No mesmo ano em que o filme de Sokurov teve sua estreia por aqui a Editora 34, inclusive, vez uma nova edição com outra tradução para o poema. Goethe toma por base uma lenda alemã nascida da figura histórica do Dr. Johannes Georg Fuast que viveu entre 1480 e 1540; obcecado pelo advento do poder da ciência e logo desencantado dele, Faust teria assinado um pacto com diabo a título de reencontrar o sentido pela técnica e pelo progresso. O filme do diretor russo, é uma adaptação do livro de Goethe, mas os que já tiveram oportunidade de ler o poema têm, como é já comum no jogo das adaptações, impressões opostas: uns dizem que o filme distorce o poema e, apesar das muitas cenas ‘pesadas’ não chega ao limite do q...