Postagens

Os 70 anos do Pequeno Príncipe

Imagem
É inevitável recusá-lo como um texto literário só pelo fato de ser um dos livros mais vendidos no mundo depois da Bíblia ou por ter se tornado um clichê – mais ainda depois do advento das redes sociais – ou pelo fato de ter se tornado em produto base para toda sorte de comércio, como se o personagem principal do conto fosse um desses desenhos feitos para TV ou mesmo um santo católico. Muitos terão nele como o princípio de sua carreira de leitor, outros já o terão feito livro de autoajuda. Tudo isso, entretanto, não importa. Também não há como fingir que ele é só mais um texto, ainda mais quando inteira 70 anos, feito alcançado exatamente no último dia 6 de abril, com todo esse frenesi popular. Alguém já terá estudado sobre esse fenômeno? Se não, está aí um campo fértil de investigação; e nem que seja apenas para efeito estatístico vamos tentar apontar algumas justificativas. Seu autor foi mais famoso que o livro; o livro, entretanto, contribuiu para quando depois da morte...

De inéditos e ineditismos*

Imagem
Os da nova geração de leitores já terão se acostumado com essa moda que é a de remexer arquivos esquecidos pelo tempo a fim de achar entre os papéis – e são muitos – deixados por um escritor um texto qualquer que dê brecha para uma publicação inédita e de preferência surpreendente, cheia de revelações a ponto de até mudar determinados conceitos acerca dos já fossilizados. Tudo – rabiscos, garatujas, desenhos – se publica e é aceito pela crítica fabricada como grandes acontecimentos literários. Estou me referindo aos casos em que o autor já morto – e em alguns a obra até já se encontra em domínio público – que uma decisão do tipo, isto é, tornar público aquilo que ele escondeu por toda uma vida ou mesmo disse não querer vê-lo publicado, fere determinadas instâncias que estão para além de uma decisão individual ou praticada por uma equipe editorial. É evidente que nesse processo o interesse artístico e estético é perdido para interesse pelo lucro sobre o produto. E para ...

Almada Negreiros e as artes plásticas

Imagem
Almada Negreiros. Retrato de Fernando Pessoa .  Óleo sobre tela, 1964 (detalhe). Talvez cá pelo Brasil Almada seja o poeta de uma tela só. É que por aqui o seu trabalho mais famoso na pintura é um quadro de 1964, Retrato de Fernando Pessoa , reproduzido constantemente em materiais didáticos, capas de livros ou a ilustrar matérias cujo foco é o poeta português. Mas, uma pesquisa não muito adiantada na web vai revelando que talvez mais que o designativo poeta Almada mereça o de artista plástico, ou, para ser justo com a extensa capacidade criativa seja o de multiartista – já que produziu não apenas na poesia e outros gêneros literários, nem somente na pintura, mas ainda em composições coreográficas para o balé, decoração, tapeçaria, gravura, caricatura, mosaico, vitral, mural, além de ter sido um dos estudiosos da História da Arte Portuguesa. Ao tratar esta matéria por “Almada Negreiros e as artes plásticas” já aqui temos um longo caminho a percorrer. Resumiremos o tra...

As razões com que se faz um livro ser palatável ao gosto do freguês

Imagem
Num país não raras vezes acusado de preguiçoso para a leitura, os 19 mil exemplares já vendidos de Poesia Completa , de Paulo Leminski, rumo aos 100 mil exemplares de O sentimento do mundo , de Carlos Drummond de Andrade, contraria as acusações. O caso pode se repetir conjuntamente com outros escritores menos conhecidos: o que falta, os dois casos estão aí para comprovar, é a preocupação por parte do próprio setor livreiro em acreditar na leitura. Quando falamos em setor livreiro pensamos desde as editoras aos meios mais simples de divulgação como páginas de fãs no Facebook ou blogs menores. Está mais que na hora de rever determinados julgamentos simplórios para pensar na própria máxima do mercado: não há retorno e se não há alto investimento.  Essa observação não gratuita. Ela nasce a partir das ações que vejo editoras cumprirem quando estão à beira de apresentar ao meio mais uma edição de algum autor Best-Seller. Quando J. K. Rowling, por exemplo, estava escrevendo ...

Sorteio de 2 exemplares da Gramática de Bolso, de Marcos Bagno

Imagem
Uma gramática é sempre uma gramática e ela serve não só a quem tem como manejo diário a língua escrita, serve a quem dela necessita apenas para um simples consulta ou para matar alguma dúvida que, de hora para outra, nos assalta no meio de uma frase qualquer. Então, a Parábola Editorial – uma editora das mais especializadas no seguimento livros sobre língua materna, e conhecida entre os estudantes de Letras no Brasil, acaba de publicar a gramática que já é sucesso entre os leitores. O seu autor, Marcos Bagno, dispensa apresentações, é um dos mais conceituados estudiosos do português brasileiro. E a gramática é justamente... do Português Brasileiro! A edição ora lançada é em formato de bolso – para o leitor ter onde quiser. Agora a boa: o Letras in.verso e re.verso uniu-se à Parábola Editorial e vai sortear dois exemplares dessa maravilha. Pois bem, vê lá como fazer para concorrer. Antes, alguns lembretes: a promoção é válida apenas para fan-amigos das fan...

Boletim Letras 360º #7

Imagem
Sobrevivemos a mais um Dia da Mentira. Não contamos nenhuma; não temos vocação para tanto. Apesar de lidarmos todo santo dia com ficção, o forte que a ficção não é mentira. Perguntamos aos amigos que acompanham o Letras no Facebook qual teria sido a grande mentira – aquela imperdoável – que eles já presenciaram nesse universo de palavras. Valia um brinde surpresa. Dos poucos que responderam saiu o Tom Ripley, do livro da O talentoso Ripley de Patricia Highsmith – esse é danado, né (?!) – e as mentiras leves de Paulo em “Um caso de poesia”, poema do Carlos Drummond de Andrade, que até fomos à cata e desenhamos um banner com ele e a mentira clássica, Penélope, para salvar-se de perder Ulisses, fia e desfia o enxoval. Do sorteio, essa última foi vencedora e levou para casa autografado um livro de Fred Spada, Arqueologias do olhar . Mas, outra novidade mesmo foi a publicação da nossa nova promoção: está valendo até chegarmos aos 3 mil amigos um exemplar de As raízes que invadiram a casa ...