Postagens

O mundo ficcional de J. D. Salinger

Imagem
Muito temos falado de J. D. Salinger (ver links no fim deste texto) nos últimos meses dado o alvoroço iniciado com a confirmação de dois trabalhos que trouxeram à tona novas margens para composição da figura reclusa do escritor. Mas, afinal, quem foi o autor, além desse enigma de recluso? A postagem de hoje visa ser um adendo à vida e à obra do romancista, cujo sucesso de O apanhador no campo de centeio mudou em definitivo o rumo de sua vida e se tornou uma obra signo da atmosfera de uma época da história estadunidense. O autor morreu em 2010 e deixou livros tidos como materializações de uma aura de perfeição e mistério que pouquíssimos autores modernos terão conseguido. Na opinião de Andrés Hax, somente Rimbaud estará acima do estadunidense. Não deixou vasta obra (embora, as descobertas recentes tenham dado mostras de uma leva de inéditos deixados com o comando de serem editados a partir de 2015): O apanhador no campo de centeio , de 1951; uma antologia de contos, Nove es...

Boletim Letras 360 #31

Imagem
E já sopram os ventos do fim de setembro. Não dá para deixar de repetir o que tantas vezes dissemos nesses boletins: como o tempo tem estado a galope. Anuncia-se hoje também mais o fim de uma promoção. E já temos outra na agulha para breve. O negócio é não nos esquecer. Estamos aqui.  Até novembro – mês de aniversário do Letras – contabilizaremos o quanto que demos de livros aos nossos leitores só nesse ano de 2013.  O fato é que já temos formada uma estante de coisas boas. Essa contabilidade terá seus propósitos e eles estarão ao alcance dos leitores até lá. O negócio (repetimos) é não nos esquecer. Enquanto tudo não vem, fiquemos com o que foi matéria na nossa página do Facebook durante esta semana. O amor de Nabokov pelas borboletas. Série de desenhos do escritor revelam mais sobre esse hobbie. Segunda-feira, 16/09 >>> Brasil: Obra de Daniil Kharms chega às livrarias O russo Daniil Kharms viveu apenas 37 anos antes de, perseguido pela justiça sovi...

Uma revista que anseia quebrar o improvável

Imagem
1ª edição da revista bólide Quando tivemos contato pela primeira com a bólide recebemos a revista com o título “a tarefa de editar o improvável”. De fato, num país em que publicações do gênero têm pipocado nos últimos anos, cada novidade que se apresenta vai sendo exigida dela algo de novo que a diferencie entre as já existentes e não caia na mesmice. Vendo de longe já a segunda edição, parece-nos que o periódico tem seus elementos “novos” para vingar entre a leva de novas edições: a começar pelo design – elemento que é o primeiro a ser observado em qualquer publicação, seja impressa, como é o caso do periódico aqui em questão, seja eletrônica. Aquele ditado popular de não se julgar o livro pela capa já é falido. Qualquer editor sabe que está na primeira impressão o impulso que faz entrar na publicação e conhecê-la melhor. Aliás, é preciso dizer, inclusive, que nossa aproximação com os da equipe editorial se deu justamente por essa impressão primeira que a julgar pela presenç...

Anna Kariênina, de Joe Wright

Imagem
Por Pedro Fernandes Não é a primeira vez que o cinema se beneficia do teatro como espaço para realização da narrativa; e a apropriação mais significativa das produções contemporâneas terá sido aquelas da trilogia montada por Lars Von Trier, principiada por Dogville e seguida de Manderlay e – ainda à espera desde há muitos anos, diga-se – de Washington . Mas, diferentemente do brilho e do impacto que causam os dois filmes de Trier, Anna Kariênina , de Joe Wright, que se utiliza da mesma cena teatral, fica apenas com a primeira característica, que a segunda finda apenas no romance de Tolstói. Esta também não é a única adaptação da obra para o cinema, mas a quarta: a primeira foi feita ainda em 1935 por Clarence Brown e com a belíssima Greta Garbo no papel principal, papel, aliás, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza daquele ano; depois, em 1948, uma produção britânica, sob a batuta de Julien Duvivier, um dos cineastas franceses mais importantes do c...

Atribuições polêmicas em torno de Shakespeare

Imagem
Fac-símile de uma edição de 1615 de A tragédia espanhola . A afirmação recente de que partes do texto teriam sido escritas por Shakespeare colocaram a comunidade de pesquisadores na obra do dramaturgo inglês em debate: de um lado, julgam a parte pelo todo, isto é, a obra é, sim, do autor de Hamlet ; de outro, não, não há provas suficientes que atestem isso. Durante quase dois séculos, acadêmicos têm debatido se umas 325 linhas da edição de 1602 da obra de Thomas Kyd, A tragédia espanhola , foram, na verdade, escritas por Shakespeare. No ano passado, o pesquisador Brian Vickers utilizou análises computadorizadas para argumentar que as denominadas passagens “Voos adicionais” eram do dramaturgo inglês, constatação tida para alguns como um o triunfo mais recente do uso da alta tecnologia de exploração digital em arquivos da era isabelina. Mas agora, um professor da Universidade do Texas diz que encontrou aquilo que é mais condizente com a prova definitiva e se utilizando de um mét...

Em breve tudo será mistério e cinza, de Alberto A. Reis

Imagem
Por Pedro Fernandes Desde o modernismo e sua sede pela novidade das vanguardas que a literatura brasileira entrou por uma seara que nunca conseguirá escapar e toda efervescência de então deixará depois um rastro de cinza responsável, já se vê, por uma dormência na produção romanesca, preocupada esta com a capacidade de romper a qualquer custo (e muitas vezes de qualquer maneira) com a forma. Renderam poucos escritores que pelejaram pelo caminho iniciado com José de Alencar e Machado de Assis, e alguns alcançaram o êxito devido, mas outros terão caído no esquecimento, sufocado pela ideia de incapacidade em fazer-se romancista. Até que, contemporaneamente, desenvolveu-se o que costumo chamar de uma estética da violência; integralmente urbanóide, o escritor nato, pela nova fisionomia é aquele que consegue tratar exclusivamente da periferia, de preferência ao sabor de muito sangue e putaria, pouco conflito psicológico, que nunca fomos muito disso, e só. É evidente que minha qu...