Postagens

Vinicius de Moraes, crítico de cinema

Imagem
Por Afrânio Mendes Catani Orson Welles e Vinicius de Moraes. A incursão do poeta pelo cinema começou pela crítica e depois avançou na concepção de adaptações de seus trabalhos. “Meus amigos se chamavam Mário e Quincas, eram humildes, não sabiam  Com eles aprendi a rachar lenha e ir buscar conchas sonoras no mar fundo  Comigo eles aprenderam a conquistar as jovens praianas tímidas e risonhas.  Eu mostrava meus sonetos aos meus amigos – eles mostravam os grandes olhos abertos E gratos me traziam mangas maduras roubadas nos caminhos.  Um dia eu li Alexandre Dumas e esqueci os meus amigos. Depois recebi um saco de mangas. Toda a afeição da ausência…” Vinicius de Moraes, “Ilha do Governador Introdução Paulo Emílio Salles Gomes escrevia, em agosto de 1941, no terceiro número da revista Clima , que recebia “...com grande interesse a notícia de que Vinicius de Moraes ia fazer crítica de cinema no jornal A manhã , recentemente funda...

Construções do feminino na poesia inicial de Vinicius de Moraes

Imagem
Por Denise Akemi Hibarino Casamento de Vinicius de Moraes com a atriz do Cinema Novo baiano Gesse Gessy em 1973, na Bahia, num ritual de candomblé no qual Jorge Amado foi testemunha. Os dois já haviam se casado em 1970 no Uruguai. Agora, muitos anos depois a própria Gesse desmente o ritual: "Foi um casamento cigano. Disseram que era candomblé, mas não procuraram saber. Cortamos os pulsos e cruzamos nossos sangues" - disse em entrevista recente ao Correio do Brasil. Considerações iniciais Ao situar Vinicius de Moraes no cenário da literatura brasileira, vemos um poeta que se destacou pelos sonetos à mulher amada, pelo seu trabalho como cronista e dramaturgo (Hibarino, 2004) . Sua vida e seus amores tiveram uma dimensão quase igual ou maior do que o alcance de sua obra. Desta forma, a imagem que se faz de Vinicius é a do homem apaixonado que se casou nove vezes, teve inúmeras amantes e fez de todas as mulheres sua inspiração poética. Consequentemente, escr...

Se “A casa” de Vinicius é folclore brasileiro

Imagem
Por Daniel Gil A casa Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na Rua dos Bobos Número Zero. (MORAES, 1970, p. 74) O poema “A casa” foi publicado em 1970 no livro A arca de Noé , volume de poesia escrito para crianças. No mesmo ano, por sugestão do compositor italiano Sérgio Bardotti, Vinicius de Moraes lançou o LP L’arca, canzoni per bambini . Os poemas do livro, ali, aparecem musicados e vertidos para a língua italiana, com colaborações de Luis Enríquez Bacalov, Sergio Bardotti, Sergio Endrigo e Toquinho. A grande demanda pelo álbum na Itália, onde até então ninguém apostava no êxito comercial de canções para crianças, devia-se principalmente ao sucesso de “La casa” (Vinicius e Bardotti), cantada por Sergio Endr...