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Para Donizete Galvão

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Por Pedro Fernandes Eu sempre me pergunto, sem nenhum senso de eternidade, para onde vão todas as palavras que trocamos nessa esfera virtual depois que daqui formos embora. Será possível que, séculos depois, ainda encontrarão vestígio nosso na web ? E as correspondências, ora extensas ora rápidas, que trocamos via e-mail, Facebook e outros meios, como ficarão? Sucumbirão ao fosso do esquecimento porque essas correspondências são lacradas com códigos que só nós sabemos para acessá-los? Não serão feitas, então, mais edições com trocas de correspondências? Nem, se especulará sobre os contatos feitos em vida com outros distantes de nós? Enfim, seremos apenas casca de bytes do que está explicito e nada mais? Numa busca sem muita insistência catei um e-mail que escrevi no dia 11 de julho de 2012, cf. aparece datado, enviado as 15h30 convidando o poeta Donizete Galvão a redigir um ensaio sobre a obra poética de Dora Ferreira da Silva, o nome homenageado pelo caderno-revista 7face...

A Papoila e o Monge, de José Tolentino Mendonça (Parte III)

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Por  Pedro Belo Clara Nesta terceira e última parte do artigo de análise à obra em questão, elaborar-se-á a abordagem aos remanescentes volumes que a compõem. Embora estes ocupem quatro distintos lugares num total de seis possíveis, a sua aparentemente simples elaboração e o reduzido número de haikus que os perfazem permitem um visionar dos mesmos de forma mais directa, eficaz e concisa. O primeiro do grupo, terceiro no total dos volumes, ostenta a epígrafe “Guia para perder-se nos montes”. Composto por dezassete haikus , encerra um conjunto de reflexões (carácter, como o leitor se recorda, transversal aos anteriores capítulos da obra) e de retractos capazes de imortalizar momentos dignos de memória, embora sejam detentores de uma beleza que nem sempre aparenta ser conseguida na sua total plenitude. Contudo, que o leitor não cometa o mais comum dos erros ao abordar este volume em particular: uma interpretação desviada. Pois o título do mesmo sugere algo completame...

Quatro tópicos sobre a relação entre Stefan Zweig e Joseph Roth

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Stefan Zweig e Joseph Roth 1. Súditos do império perdido. Nascido no seio de uma família judaica, Zweig foi um apaixonado exemplar pela grande cultura e pela liberdade. A amizade com Joseph Roth começou em 1930 em Brody (Galícia); este era um jornalista que forjava, na ocasião, uma carreira de escritor. Mais que as letras, os que os uniu foi a admiração mútua e a nostalgia do Império Austro-húngaro, símbolo para ambos da Europa multicultural e unida, a pátria de pensamento e sentimento. A Primeira Guerra Mundial os fizeram despertar daquele sonho de paz e equilíbrio; o terror nazista contra os judeus os levaram para o exílio. 2. Autores geniais. Zweig e Roth foram criadores extraordinários. Do primeiro são célebres suas coleções psicológicas e as novelas – Novela de xadrez ou Coração impaciente , por exemplo. Do segundo destacam-se Jó – romance de um homem simples (Companhia das Letras) Marcha de Radetzky (recém editado no Brasil pela Editora Mundaréu). Zweig foi um mes...

Boletim Letras 360º #50

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Pablo Picasso com seu filho. Fotografia integra coleção de Robert Capa recém descoberta e exposta nos Estados Unidos. Mais detalhes sobre o fotógrafo, as imagens e a exposição ao longo deste boletim. Entramos na reta final para a nossa primeira promoção de 2014 que brindará os leitores com exemplares de Poesia completa , de Manoel de Barros – a rica e bela edição da LeYa refeita recentemente com toda obra do poeta mais inéditos. O sorteio é já dia 07 de fevereiro. Enquanto esta data não chega, chegamos, isso sim, à metade de uma centena de boletins como estes, invenção nossa em meados de 2013 como resposta às limitações impostas pelo Facebook ao contato integral dos usuários da rede social com aquilo que nela circula, ou mesmo porque nem todo mundo é ainda esse ser virtual que está a postos acompanhando tudo o que se passa na web . No BO Letras 360º reunimos tudo o que foi destaque em nossa página no Facebook. Segunda-feira, 27/02 >>> Itália: Um projeto encant...

Quando a literatura é motivo para comercias de... perfume

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David Lynch não é apenas um dos grandes diretores de cinema, produtor de imagens e histórias que têm feito a cabeça de muitos cinéfilos desde há quase quatro décadas. Ele também teve uma temporada de sucesso como diretor comercial, fazendo anúncios para entre outras empresas  Alka-Seltzer, Barilla Massas e Georgia Coffee. Privilégio para poucos, vê-se. Em 1988, depois do sucesso com Blue Velvet e pouco antes de começar um seriado que se tornaria marco para a TV, Twin Peaks , ele fez seus primeiros comerciais – um quarteto de propagandas para o perfume Obsession, da Calvin Klein. Até aí tudo bem. Mas, há propagandas e propagandas. Essas, em específico, bebiam diretamente de alguns clássicos da literatura, como F. Scott Fitzgerald, D. H. Lawrence e Ernest Hemingway. Há ainda rumores de outro comercial disponibilizado a pouco no Youtube, que é atribuído ao diretor e que usa da literatura de Gustave Flaubert. Os comerciais seguem um padrão específico. Filmados todos em preto ...

Vontade

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Por Rafael Kafka Hora de me nadificar. De fazer de minha cabeça um grande vazio repleto de liberdade. Não me prender a determinações feitas por sentimentos passageiros. Pois nessa vida tudo é passageiro e apenas de eterno tenho o medo do fim. A sensação de término. Quero me libertar de meus grilhões e sofrer de um modo diferente: seguir meus passos pelas ruas, sem me preocupar em ficar parado em algum canto. Eu vejo o sorriso dela se distanciando. Sinto a ansiedade brotar em mim, o desespero se condensar em falta de autoconhecimento. O sono tenta me derrubar, enquanto eu tento seguir minha vida mesmo com esse sentimento de vazio em meu redor. A revolta de não querer perder tempo, o desejo de curtir uma xícara de café acompanhada de um bom livro, ou mesmo um beijo bem dado em alguém que me alegra, ou quem sabe um boa soneca dada sem culpa alguma para curtir a sensação de cansaço satisfeito. Os fantasmas vêm e tiram meu foco desses pequenos prazeres. Mas o fantasmas ...