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A literatura filha da revolução

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Por Antonio Jiménez Barca Valter Hugo Mãe. Foto: Nelson Aires. A desumanização, o romance mais recente de Valter Hugo Mãe (Saurimo, Angola, 1971), um dos novos escritores portugueses mais premiados, se passa na Islândia. Para onde vão os guarda-chuvas , o livro que consagrou Afonso Cruz (Figueira da Foz, 1971), se situa num impreciso Paquistão meio fantasmagórico que as vezes parece saído de um conto de As mil e uma noites . São dois exemplos das mais inovadoras propostas da notável geração atual de escritores portugueses que mais angariam prêmios e são os mais acompanhados pelos leitores. Alguns os acusam de escapistas. Outros destacam sua vocação internacional e sua suprema liberdade de narrar o que se passa na alma. Estão próximos dos quarenta. Nasceram, pois, nos anos setenta e começaram a publicar no início do século. Agora eclodiram. Têm êxito. Não é raro que na Feira do Livro de Lisboa algum deles tenha uma centena de seguidores  à espera de seu autógrafo....

A república das abelhas, de Rodrigo Lacerda

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Por Pedro Fernandes Há falhas. E é mesmo este o perigo de todo escritor – ainda saindo do casulo – aventurar-se pela grandeza do romance. Num primeiro momento, não me deterei nas falhas, mas no que de grande escapa na escrita de A república das abelhas . O livro nasceu depois do convite da editora que o publicou, a Companhia das Letras, quando em 2010, o próprio Rodrigo escreveu um breve texto intitulado “Política” para o caderno Ilustríssima , do jornal Folha de São Paulo . Tenho comigo que o escritor poderia ter recusado o convite, mas como um gesto de desafiar-se, deu início a ideia: transformar os seus antecessores, sobretudo a figura emblemática da história brasileira, o avô Carlos Lacerda, em personagem numa narrativa que, na ausência de melhor distintivo optarei por seguir o nome fornecido pelo próprio Rodrigo, é um romance histórico. Em relação a essa coisa do gênero, A república das abelhas é um texto fronteiriço entre a biografia, o relato jornalístico, a narrativa...

O Fantástico Sertão de Márcio Benjamin

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Por Thiago Gonzaga Capa de Maldito sertão , livro de Márcio Benjamin editado pela Editora Jovens Escribas O Sertão está em toda parte Riobaldo em Grande Sertão: Veredas O livro do escritor Márcio Benjamin, Maldito Sertão é um mundo, um universo onde se misturam mito, ficção, poesia e linguagem regionalistas. É uma viagem, uma incursão pelas estórias da nossa região. Poucos os contistas potiguares tratam deste tema com propriedade. Afonso Bezerra, Manoel Onofre Júnior, Bartolomeu Correia de Melo e Clauder Arcanjo são alguns dos nomes da lista de escritores que o abordam. Nos contos notamos espaços existenciais, vivos, personificados, verdadeiramente regionais, além de um vasto universo folclórico, repleto de vida e imaginação, brotando assim  os mais diversos sentimentos como  o riso, o medo,  a dúvida,  angústias,  esperanças, desilusões, o bem e o mal, e as tensões entre o homem, o sertão, entre o homem e o mundo, numa síntese...

Vem a luz um Fitzgerald censurado

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F. Scott Fitzgerald censurado. Ou, como preferia enfocá-lo a revista estadunidense que publicou seus contos ao final dos anos vinte e princípio dos anos trinta “sensivelmente editado” para não ofender a seus leitores com cenas de nudez, referências ao abuso de álcool e a drogas ou palavras depreciativas que traziam preconceito racial. Essa nova versão, que à base de exclusões erradicava a importância mais crua e realista, é a que acabou sobrevivendo como parte do legado literário de um dos grandes romancistas do século XX. Oito décadas depois de que o escritor estadunidense aceitara os cortes por necessidades de sobrevivência, uma nova edição com uma antologia de contos consegue recuperar pela primeira vez um Fitzgerald em versão original. O estudo dos textos datilografados pelo próprio autor, das correções que anotava a mão para esboçar os contos antes de enviá-los aos chefes da revista Saturday evening post (naqueles anos, sua principal fonte de renda), permitiu a editora Cam...

Agatha Christie no Brasil e dez títulos indispensáveis para conhecer a obra da escritora

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Traduzida em mais de cem idiomas de com mais de 4 bilhões de livros vendidos, a escritora vive firme em terra brasileira. A L&PM Editores já publicou mais de 70 títulos; a Globo Livros tem trabalho numa repaginada integral para alguns títulos; e a Nova Fronteira prepara reedições de luxo, em capa dura além de apostar na tradução da continuidade da saga do detetive Hercule Poirot escrita pela britânica Sophie Hannah. 1. O assassinato de Roger Ackroyd (1926) O assassinato do rico Roger Ackroyd, morto a punhaladas com uma adaga tunisiana, é a terceira de uma série de estranhas mortes, que despertam a atenção da solteirona e sagaz Caroline Sheppard, irmã do médico da cidade e narrador deste romance. Intrigada, Caroline resolve investigar o caso e descobrir se as três mortes têm alguma ligação. Para isso, ela conta com a ajuda de seu novo e excêntrico vizinho: o detetive belga Hercule Poirot. Escrita em 1926,  O assassinato de Roger Ackroyd  é uma das mais f...

Boletim Letras 360º #63

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Que bela reunião em família! Pound e os netos - saiba mais sobre esta fotografia ao longo deste boletim. Esta edição 61 do BO Letras 360º ultrapassa uma marca considerável de quase sete anos deste blog – o de 1800 posts. E poderíamos esperar até o de o n. 2000 que alcançaremos até o fim de 2014 se tudo correr nos conformes, mas não nos conformamos. Entre nota e notas, textos sérios alguns, matérias, indicações de leitura, curiosidades, e BOs e tanta, mas tanta coisa, são 1801 entradas. Privilégio para poucos, diga-se. Por isso, a partilha: os leitores e transeuntes precisam saber da mala de arquivos que é este espaço. Que venha pela frente não apenas a chegada do post n.2000, mas outros tantos adiante. Até o fim do ano, quando nos aproximarmos dos nossos 7 anos faremos ajustes (novos e para melhor!) neste espaço que quer ainda mais sua ampliação. Há algum tempo, por exemplo, enveredamos pela ideia de revisar alguns textos, ampliar outros; tudo para darmos um lugar cada vez mais...