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Caio Fernando Abreu: traços biográficos, obra e aspectos da ficção

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  Por Francisco Aedson de Souza Oliveira Caio Fernando Loureiro Abreu, o filho de Dona Nair e seu Zaél, nasceu em Santiago do Boqueirão em 1948 e faleceu em 1996, na cidade de Porto Alegre. Além de escritor foi dramaturgo e jornalista. Viveu por muito tempo em São Paulo e Rio de Janeiro, além de em vários países da Europa. Apesar de seu curto período de vida, publicou mais de dez livros de ficção, entre eles dois romances: Limite Branco (1971) e Onde andará Dulce Veiga? (1990), bem como escreveu várias peças de teatro e uma grande quantidade de cartas. Porém, a maior parte de sua produção, como ficcionista, consiste em contos reunidos em antologias. Estreia no gênero com a publicação de Inventário do Irremediável em 1970, através do qual recebera o prêmio Fernando Chinaglia do mesmo ano e, em seguida, publica O ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988), Ovelhas negras (1995), Estranho...

O centenário de outro mestre argentino: Bioy Casares

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Por Alfredo Monte Por uma coincidência do destino (ou será uma “trama celeste”?), dois dos maiores escritores argentinos, Julio Cortázar e Adolfo Bioy Casares, têm seus centenários comemorados em datas muito próximas (o de Cortázar, em 26 de agosto; o de Bioy, em 15 de setembro) 1 . Não cairei na esparrela muito comum de exaltar um à custa do outro. A meu ver, malgrado não se possa negar a existência das “afinidades eletivas”, também não se pode negar a maravilha de ter criadores literários desse naipe (a Argentina, aliás, é pródiga nesse sentido). Outro círculo vicioso é aquele que tenta determinar uma superioridade no exercício de gêneros definidos dentro da produção de um autor (seria melhor contista do que romancista?), daí os cansativos e estéreis debates quanto a Machado de Assis, a Henry James, aos próprios Cortázar e Bioy Casares. Quanto a este último, eu gostaria muito é de estar comentando, no embalo da efeméride, uma bem-vinda edição brasileira, que não há, ...

O amante uruguaio de Federico García Lorca?

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Enrique Amorim junto a Federico García Lorca. O escritor uruguaio foi amigo de várias artistas e um especialista em converter suas invenções em realidades. El País . O escritor uruguaio Enrique Amorim foi amigo de importantes artistas do século XX, de Picasso a Walt Disney, e construiu o primeiro monumento do mundo em memória de Federico García Lorca. Sua vida podia alimentar uma simpática crônica de época. Mas seu nome era desconhecido fora de seu país. Em 2010, Santiago Roncagliolo recebeu de uma pequena editora andaluza um projeto sobre Amorim. Naquela ocasião os editores, depois de várias conversas em torno do desenvolvimento de uma pesquisa sobre o escritor, revelaram que debaixo do monumento erguido por ele a Lorca estavam os restos mortais do poeta. A princípio, Santiago considerou que os editores estivessem com uma peça do juízo a menos, mas aceitou a proposta. O monumento a García Lorca situado na cidade uruguaia de Salto tem forma de uma lápide e leva como ep...

Aldeia Nova, de Manuel da Fonseca

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Por Pedro Belo Clara Levado aos prelos no já distante ano de 1942, o trabalho que hoje trazemos a discussão foi o primeiro livro de contos publicado por este destacado vulto do neo-realismo português e membro influente do afamado grupo do Novo Cancioneiro: Manuel da Fonseca. Com o intuito de melhor elucidar o nosso caro amigo leitor, importa referir que este movimento literário, encabeçado por nomes como Fernando Namora, Carlos de Oliveira ou Mário Dionísio, que visava através da poesia propor uma válida resistência ao regime fascista em vigor no país, não obteve grande continuidade ou logrou sequer concretizar mudanças efectivas no panorama social e literário da época, muito por culpa da subsequente dispersão produtiva dos seus membros. Contudo, o posterior sucesso dos mesmos, bem como o elevado estatuto adquirido por suas obras, é deveras inegável. Se bem se recorda, levámos já ao seu conhecimento o principal romance do autor em causa (a saber: Seara de Vento ...

Boletim Letras 360º #80

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Capa da esperada edição brasileira do esperado romance inacabado de José Saramago. Mais informações sobre, ao longo deste boletim.  Uma semana fabulosa a que atravessamos! Duas grandes homenagens - uma para o Paulo Leminski, quem chegou aos 70 anos e outra para Julio Cortázar no ano em que chegamos ao seu primeiro centenário. Do poeta brasileiro realizamos uma movimentação relâmpago no Facebook: um sarau que se tornou serão. 70 poemas, um para cada ano do poeta. Com participação dos leitores enviando poemas e concorrendo a edições do Toda poesia . Ao todo, desse livro, já demos 10 exemplares entre o ano de publicação - meados de 2013 - e 2014. Ficamos satisfeitos em saber que a obra de um brasileiro e do gênero poesia tenha alcançado a marca de mais de 100 mil exemplares num país dito desacostumado com a leitura. E fechamos, desse modo, nossa contribuição com esse sucesso. Já sobre o autor de O jogo da amarelinha  quase duas semanas nos desdobramos para apresentar l...

Os falsos mestres da felicidade

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Por Iván Thays É um lugar comum dizer que os livros de autoajuda são maus porque entregam suas mensagens “mastigadas” e prontas para o leitor digerir. Não há nenhuma exigência, as frases estão escritas de maneira simples, direta. A verdade é que não vejo a necessidade de que os  livros de autoajuda sejam complexos. Por que teriam de sê-lo? Exceto para o tolo e arrogante Paulo Coelho, quem muitas vezes enfrenta James Joyce ou William Faulkner acusando-os de ter “corrompido” os leitores com suas complexidades, duvido muito que um autor de autoajuda deseje comparar-se com nenhum autor, e menos ainda com uma celebridade literária morta. Seu público é outro, sua razão de escrever é outra, suas editoras são distintas. E, claro, suas vendas também são outras, ainda que isso não seja o importante neste texto. Confesso que admiro muito os autores de autoajuda e seu desejo de contribuir positivamente na vida das pessoas através da leitura. Não são os livros que compro nem le...