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Carta e poema inéditos de Federico García Lorca

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Juan Ramírez de Lucas, o último grande amor de Federico García Lorca A notícia deu a volta ao mundo. Pouco antes de morrer, o crítico de arte Juan Ramírez de Lucas pediu à sua família para que fosse publicada a documentação que comprovava sua relação com Federico García Lorca. No material, uma carta, um poema e um manuscrito onde consta seu drama pessoal: as vicissitudes de um jovem apaixonado por um escritor acima de sua posição. Toda e qualquer novidade em relação à vida e obra do poeta espanhol chama atenção os olhares do público e dos estudiosos de sua obra, mas a crise editorial, a indecisão política e a divisão de uma família que não sabe o que fazer com essa herança fizeram com que esses documentos permanecessem escondidos de outros olhares que não os dos herdeiros. A carta escrita por Lorca quando estava em Huerta de San Vicente e o poema inédito dedicado a ‘Juanito’ ‘o loiro de Albacete’ estão guardados (e bem guardados!) num cofre. E já se passaram quatro ano...

George Orwell, cartas da guerra

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George Orwell (o mais alto, ao centro) quando integrante do Partido Operário da Unificação Marxista. George Orwell vem de uma família da classe média inglesa intimamente ligada ao colonialismo europeu na Ásia; mas não seguiu os passos do pai, um obscuro burocrata da administração imperial. A partir de 1927 ele troca essa possibilidade de vida confortável pela de operário e escritor freelancer . Como não foi fácil para nenhum grande escritor, os louros da vida só vieram muitas décadas mais tarde depois de passar por inúmeras dificuldades pessoais e já gravemente enfermo. Quando apareceu ferido em Espanha – uma bala lhe atravessou o pescoço embora não tenha produzido danos de grande consideração e se recuperou bastante rápido – George Orwell escreveu: “Me alegra ter recebido uma bala porque acredito que a todos isso ocorrerá num próximo e me gosta saber que não é doloroso”. O autor de Homenagem à Catalunha intuiu em 1937 que a Guerra Civil só era o começo de um conflito muito...

Boletim Letras 360º #85

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Carlos Drummond de Andrade teve interesse em escrever uma peça de teatro. Mas... leia mais sobre ao longo deste boletim. Iniciamos esta semana com boas notícias: dando mais dois livros aos amigos que nos acompanham pelo Facebook. Desta vez, depois de dois Kits com a edição de Memorial do convento e Levantado do chão do escritor português José Saramago demos 2 exemplares do que seria o último romance seu, Alabardas, Alabardas, espingardas, espingardas . Em pouco mais de três anos essa página na rede social além de deixá-los a parte sobre livros e literatura, tem contribuído para o incentivo da leitura. E não é apenas com informações e entretenimento. Temos distribuído livros aos leitores: pela nossa contagem já demos mais de meia centena de livros! Isso é pouco para quantidade de pessoas que nos acompanham, mas é muito para um espaço cuidado pelo esforço único de duas pessoas. 98% dos títulos, por exemplo, foram adquiridos por nós. Este não é um discurso de prestação de conta...

Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas, de José Saramago

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Por Pedro Fernandes José Saramago vestido como homem bomba - ao invés de bombas, os livros como arma. Foto: Helena Gonçalves "É mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas as guerras foram declaradas." José Saramago no Diário de Notícias Quando Claraboia veio a lume em 2011, o romance esteve quase dois anos na estante como se aguardasse uma maturação do papel para sua leitura; quando na verdade era um receio interno de quem ainda não havia perdoado a ingratidão do tempo sobre figuras como a de José Saramago e do luto que é entrar numa livraria e não ter mais aquele anseio de um livro por vir . A ocasião agora é outra: desde que soube da notícia de publicação do que se...

Mossoró e Tibau em Versos: Antologia Poética de David de Medeiros Leite e José Edílson Segundo

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Por Thiago Gonzaga A literatura do Rio Grande do Norte esteve carente durante anos de antologias poéticas. Nossa história literária comprova que poucos livros foram publicados com esta característica, destacando-se as antologias de Ezequiel e Rômulo Wanderley. Todavia, elas se sobressaem mais pela condição de registro histórico do que pela qualidade literária. No final dos anos noventa vieram as antologias de Assis Brasil e Constância Lima Duarte e Diva Cunha com um panorama do que se tinha publicado no estado até então. Essas foram antologias com um rigor mais critico.  Veio também uma antologia temática –  Poesia Viva de Natal  – organizada por Manoel Onofre Jr. No inicio do século XXI, junto com  um número expressivo de editoras e uma nova geração de escritores no Estado surgiram a necessidade de novos trabalhos do gênero.  Pois, além da importância histórico-literária, antologias são fontes de referência e consulta para pesquisadores ...

Débora Ferraz e o universo das emergências: “Enquanto Deus não está olhando”

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Por Alfredo Monte   I “A impressão era sempre a mesma. As coisas aconteciam pra mim antes sempre antes de eu estar preparada para elas.” (trecho de Enquanto Deus não está olhando ) Na minha colaboração anterior para o Letras in.verso e re.verso comentei Por escrito , romance no qual Elvira Vigna nos apresentava uma protagonista já madura, bem-sucedida profissionalmente, com uma relação longa e estável. Um projeto de reinvenção (ela apagando os rastros do passado) que, na narrativa em primeira pessoa, passava por um crivo agônico e mortal. É curioso notar que Érica, a jovem narradora (24 anos) do primeiro romance de Débora Ferraz, Enquanto Deus não está olhando , faz sua curta existência (em relação à qual estava preparando seu próprio projeto de reinvenção) passar por um ritual agônico similar, quando terá que lidar com todo um “universo das emergências” (como lemos na p.184). De repente, temos essas vozes narrativas de mulheres que esfarrapam os bor...