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A nova edição de o Livro do desassossego

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“É o único escritor morto que publica mais que escritores vivos; um milagre, um símbolo da modernidade”. Pessoa não inventava personagens, inventava poetas, escritores completos. O entusiasmo é de Antonio Sáez Delgado, tradutor da nova versão de o  Livro do desassossego para o espanhol. A edição chega por lá nesta semana. No Brasil, ainda circula a versão organizada por Richard Zenith e publicada pela Companhia das Letras em dois formatos, um normal e outro de bolso; mas, como a editora Tinta da China tem, timidamente, adentrado o mercado nacional, é  possível encontrar também a versão mais recente do livro atribuído a Bernardo Soares organizada pelo também pessoano Jerónimo Pizarro. A referência, portanto, de Sáez Delgado, é sobre essa edição recente e não a organizada por Zenith. Enquanto isso, a nova versão do  Livro do desassossego  não é mais nenhuma uma obra-mestra de Fernando Pessoa; quando muito, uma releitura diferente como é dado às releituras,...

Boletim Letras 360º #89

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Esta pode ser a versão original de Maria Madalena em êxtase , de Caravaggio. Depois de anos à procura pela tela, o mistério pode, enfim, ter sido desvendado. Mais informações ao longo desta postagem.  Celebramos duplamente o Dia Nacional do Livro; caiu de coincidir a data, o 29 de outubro, com um texto de Alfredo Monte sobre o cinquentenário de duas obras de Clarice Lispector, o romance A paixão segundo G.H  e o livro de contos e crônicas A legião estrangeira . Não deu em outra: lançamos uma promoção relâmpago porque já temos elaborados outros planos de promoções para o mês que começamos hoje. Como já vimos antecipando, novembro é o mês de aniversário do blog Letras in.verso e re.verso e estamos preparando novidades para os amigos. Aguardem só. Passemos às notícias que enfeitaram mais uma semana no Facebook do blog. Segunda-feira, 27/10 >>> Brasil: Um site que reúne informações sobre o exercício da escrita Trata-se de um projeto criado há d...

Crise

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Por Rafael Kafka   Um grande problema para todo escritor é quando ele percebe que está há um bom tempo sem conseguir escrever. Isso está acontecendo em 2014. Mas já ocorreu antes. Lembro qjue comecei a escrever inspirado pelas letras de Kurt Cobain do Nirvana, que em si não eram um primor de poesia como as composições de outras bandas roqueiras, como a nacional Engenheiros do Hawai. Mas naquele momento de minha vida, com 17 anos e me sentindo um verdadeiro grunge solitário de Seattle, mesmo morando em Belém e sendo mulato, as letras tortuosas do cantor que se matou aos 27 anos eram o supra sumo da poesia cantada. Inspirado nelas, comecei a pegar folhas de papel avulsas e colocar ali meus sentimentos e pensamentos em forma de poesia. E eu era um poeta estranho: li pouquíssimos livros de poesia e as minhas inspirações na maior parte eram as letras das bandas que fui conhecendo e os textos lidos em algumas aulas da escola. Eu queria escrever para me tornar mais etern...

1964: annus mirabilis de Clarice Lispector

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Por Alfredo Monte Clarice Lispector. Foto: Bluma Wainer. Detalhe “De que Deus estava querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue! Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admito e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terreno tem sentido... Então era assim? eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto...” (de “Fundo de gaveta”, A legião estrangeira , 1964) “Vida irremediável, mas não concreta. Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém excêntrico, diziam com a benevolência que uma classe tem por outra: Ah, esse leva uma vida de poeta. Pode-se talvez dizer, aproveitando as poucas palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a extravagância, uma v...

Promoção pelo Dia Nacional do Livro

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Como recordamos no texto de hoje, 29/10   aqui no Letras , 2014 é o ano em que duas obras de Clarice Lispector chegam aos 50 anos: A paixão segundo G.H.  e A legião estrangeira , ambos publicados em 1964. Para assinalar a data e comemorar o Dia Nacional do Livro, o blog sorteia entre os amigos do Facebook uma edição de cada uma das obras (sendo que a edição de "A paixão..." será a lançada recentemente pela Editora Rocco). Para participar leia atentamente o regulamento e veja o que necessário fazer: 1. Seguir o Letras in.verso e re.verso no Facebook; 2. Partilhar essa post no modo público; 3. Inscrever-se na aba "Promoções" aqui ; 4. Deixar um comentário na postagem no Facebook dizendo qual livro gostaria de ganhar, se sorteado e marcar dois amigos (os comentários que não atenderem esse item serão removidos pelos administradores da página). O sorteio só é válido para amigos do Brasil. Será realizado através da ferramenta sorteie.me no próx...

Desenhos, de Sylvia Plath

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A fascinação mitômana que rodeia a figura da poeta suicida Sylvia Plath e seu cruel reflexo no marido infiel e também poeta premiado Ted Hughes se soma agora a uma faceta pouco conhecida da autora de Ariel , o desenho. Os inéditos, conservados até sua morte em 1998 por Hughes, foram trazidos a lume por seus herdeiros em 2011 e reunidos depois no livro Desenhos , que é publicado no Brasil pelo selo Biblioteca Azul da Globo Livros. Rascunhos a tinta ou grafite que demonstram como a mão de Plath não se limitava à escritura mas era também uma delicada e talentosa artista. Os desenhos de Plath são esboços que recolhem instantes de sua vida cotidiana, esquetes de uma mesma verve criativa que ora eram apenas exercícios plásticos, ora ilustravam as páginas de suas cartas, de postais ou de entradas para os diários. Os desenhos apresentados no álbum agora publicado no Brasil datam de entre 1956 e 1957. Umas vacas em Grantchester Meadows, uns barcos pesqueiros em Benidorm, ou os telhados ...