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Em busca de Miguel de Cervantes (II)

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Podemos estar há duas semanas de a equipe de investigadores encontrar os restos mortais de Miguel de Cervantes no convento de San Ildefonso das monjas Trinitárias de Madri. As esperanças de culminar com êxito as buscas se centram em novos dados recentemente encontrados. Em primeiro lugar, as sepulturas descobertas esta semana na cripta em número que ultrapassa a quantidade de espaços do gênero antes de iniciar as buscas: seis. Depois, a possível identidade desta câmara subterrânea com a igreja originária onde Cervantes foi sepultado em 1616; as tumbas descobertas podiam conter, mais que tudo, seus restos. Além disso, se não coincidir os resultados dessas pesquisas, cabe a possibilidade de que os restos mortais estejam numa outra posição da igreja: sob um espaço do templo erigido em 1673; é aí que se encontra o nicho de outras 36 criptas, três delas presumidamente vazias. Assim mesmo, os restos poderiam encontrar-se aos pés do altar da Imaculada, no chão do convento que ...

Boletim Letras 360º #101

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Mário de Andrade, o autor do ano 2015. Saiba mais sobre as iniciativas em torno do nome de um dos principais sujeitos da cena modernista brasileira.  Iniciamos esse boletim com duas novidades sobre  Letras in.verso e re.verso já partilhadas com nossos leitores numa das entradas para a página do o blog no Facebook: (1) teremos para breve a estreia de Alexandre Bonafim como novo colunista; (2) em 2014, o editor do blog esteve 10 dias em Lisboa - foi a viagem de lançamento da Revista de Estudos Saramaguianos - e trouxe na bagagem material de memória para um conjunto de textos que começa a ser publicado a partir de fevereiro com a chamada de "crônicas de Lisboa". Aproveitando essa ocasião em que colocamos em pauta o anúncio de mais conteúdo para o blog, nunca é demais lembrar que os leitores podem sempre enviar seus textos para nós; é um prazer publicá-los. Basta seguir nossas diretrizes . Segunda-feira, 19/01 >>> Portugal: Tecnologia em favor d...

O irmão alemão, de Chico Buarque

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Por Rafael Kafka Aos vinte e seis anos recentemente completos, peguei-me pela primeira vez ansioso em comprar um livro de um autor vivo que fora lançado havia pouco tempo. Confesso, não sei se por puritanismo literário ou para dar uma de hipster mesmo, que a maioria dos autores que leio estão mortos ou morreram em tempos próximos aos atuais, como Gabriel García Márquez. Na verdade, talvez eu não seja um hipster ou um puritano, mas alguém que aprendeu a gostar de ler pela leitura dos clássicos. Daí essa predileção pelos autores consagrados por um certo cânone. Mas devo confessar que, mesmo esse cânone, em certos momentos é desprezado por mim... Muitos autores que li há alguns anos não são mais lidos por mim hoje. De certa forma, a minha preferência por autores de tempos idos se justifica por esse meu aprendizado de gosto pela leitura tido de forma clandestina, saindo dos seios do analfabetismo e procurando refúgio nos livros de minha prima e depois nas bibliotecas e sebos, lo...

Invencível, de Angelina Jolie

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Estas linhas não tem o mérito de avaliar a adaptação da obra de Laura Hillenrand, mas, para início de conversa, é preciso observar por que tanto do uso sem necessidade da frase que já virou moda desenxabida nas produções literárias e cinematográficas da hora – “Esta é uma obra baseada em fatos reais”. Estaremos tão insensíveis à arte da ficção que, agora, só temos tempo para nos emocionar como o tido como verdade ? A questão merece ser pensada noutra ocasião. Quanto a relação cinema-literatura, sublinhe-se, não se pode falar sobre o que não conhecemos. Agora, é evidente que ao falar sobre o filme falaremos, de uma forma ou de outra, sobre o trabalho da diretora, marinheira de segunda viagem . Só gostaria de antecipar que Invencível é um filme ruim. Seduz qualquer um pela forma como o trailer foi apresentado, mas o filme mesmo finda por ser mais um daqueles que vão para extensa lista de exortação heroica de figurões dos Estados Unidos, claro, com altas doses do xarope de a...

Samuel Beckett segue em pé

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Por Marcos Ordóñez Minha admiração por Samuel Beckett cresce a cada novo mergulho em seu mundo. Volto a lê-lo e penso num grande pássaro, com asas de albatroz e bico de gaivota sobrevoando todos os tópicos vertidos na sua obra. Beckett niilista? Já disse demasiadas vezes e sigo sem acreditar nisso. Penso melhor num Beckett realista, num Beckett combativo, num Beckett otimista. Sempre me chamou a atenção uma frase sua, escrita durante a Ocupação: “Prefiro viver numa França em luta que numa Irlanda neutra”. Beckett combativo: poucos sabem que militou na Resistência, por cujas ações (as de separada importância, qualificou-as de “coisas de jovem escoteiro”) obteve a Cruz de Guerra. O grande misantropo era também, ao dizer de quem o conheceu, um homem “infinitamente amável e bondoso”. Harold Pinter contava, comovido, uma história que viveu com ele no início dos anos 1960: em sua casa, à noite de seu primeiro encontro, Beckett se levantou e percorreu várias farmácias de Paris às c...

Raduan Nassar: apresentação de um escritor entre tradição e pós-modernidade

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   Por Maria José Cardoso Lemos Raduan Nassar. Foto: Antonio Milena. Descrever a trajetória de Raduan Nassar é uma tarefa perigosa, pois ele embaralha seus rastros, quer pelo silêncio, quer pela repetição constante de suas respostas, respostas sempre pouco esclarecedoras, como que a evitar uma autorreflexão sobre sua obra. Alguns, irritados com sua postura, pensam até tratar-se de uma estratégia de marketing desse ator / autor que interage com sua pequena obra-prima na sua recepção atual, obra que, parcimoniosamente, vem retornando sempre ao cenário cultural por meio de novas publicações, traduções e adaptações cinematográficas. Raduan Nassar é filho de imigrantes libaneses que chegaram ao Brasil em 1920, se instalando em Pindorama, no norte do Estado de São Paulo. Nascido em 1935, vinte anos depois mudou-se para São Paulo, onde se formou em Filosofia. Em 1967, fundou com seus irmãos o Jornal de Bairro , um semanário que chegou a atingir a tiragem de 160 ...