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Boletim Letras 360º #125

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Harper Lee nos anos 1950 em Monroeville. A escritora é centro das atenções do mundo inteiro pela chegada de Go Set a Watchmann . Mais detalhes ao longo deste boletim. O centro de todas as atenções dos leitores está para o universo de língua inglesa que recebe no próximo dia 14 a edição de um romance de Harper Lee até então autora de uma única obra, O sol é para todos (no Brasil, reeditado pela José Olympio). Neste boletim, aproveitamos, no instante quando lembramos o primeiro capítulo disponibilizado pelos jornais da Inglaterra e dos Estados Unidos algumas matérias que temos publicado aqui no blog. E o restante das notícias que circularam em mais uma semana no Facebook. Boas leituras! Segunda-feira, 06/07 >>> Brasil: Marcelino Freire repaginado e com textos inéditos em nova edição de Amar é crime O livro foi publicado em 2011 em pequena tiragem pelo coletivo artístico Edith, do qual Marcelino é um dos criadores e ganha reedição pelo Grupo Editorial Reco...

Desnorteio, de Paula Fábrio

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Por Pedro Fernandes Se este texto merecesse um título deveria se chamar, talvez, “Paula Fábrio, um narrador em trânsito”. Não recebe porque não esta uma reflexão sobre a escritora, nem concebo uma prática de a escritora se imiscuir entre aquilo que narra, muito embora, admita certa inclinação memorialística logo na primeira página de Desnorteio , seu primeiro romance. Mas, é a ideia de trânsito tornada experiência e por isso tomo nota depois da leitura e cismo que este deveria ser um texto com este título. Narrar tem se tornado sempre mais experimentar-se (digo isso enquanto penso na experiência mais radical com que tive contato nas minhas leituras recentes – o português António Lobo Antunes). Agora, quem sou para dizer quando os escritores notaram sobre a possibilidade da manipulação corriqueira tal como fazem contemporaneamente com a narrativa. Alguma parte da crítica atesta que as coisas começaram com as vanguardas. Desde os surrealistas, dizem estes, nunca mais nar...

O grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson

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Por Ignacio Vidal-Foch Última sequência do filme, que, como outros deste diretor, se move num terreno narrativo especial, um terreno de alegria saltitante com um fundo melancólico, rótulos que nos chega pela informação de que é inspirada na obra de Stefan Zweig, autor que no Brasil e nos Estados Unidos foi trazido a uma nova vida editorial (aqui através do projeto de reedição de alguns livros pela Editora Zahar), uma nova apresentação aos leitores, e que Anderson descobriu com grande interesse há seis anos. Zweig, com “Z” de Zenda, Zembla, Zentropa, Zubrowka e demais lugares de fantasia – ruas medievais, igrejas barrocas e palácios rococó, lentas ferrovias, rios caudalosos, igrejas perfurando com sua aguda ponta de lança a pança do céu enublado, um imperador ancião e com costeletas, hierarquia, tédio, rotina, convenções, cerimônias e militares com quepes e uniforme de cores vivas – que sempre estão situados em algum lugar remoto, quase inacessível, do império danubiano e con...

Virginia Woolf: o mergulho na consciência através da literatura

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Por Neiva Dutra Ao longo dos anos, muitos movimentos literários encontram nos nomes de seus expoentes máximos a sua melhor definição, as características que os diferenciam daqueles que os precedem. O modernismo não pode ser definido sem Virginia Woolf. A excepcionalidade de sua obra, seu rápido reconhecimento e fama a tornaram essencial a esse movimento literário, consolidando-a como uma das mais significativas cidadãs da sociedade britânica do período entre guerras. Escritora e crítica britânica, ela desenvolveu, através da técnica do monólogo interior, um estilo poético considerado uma das contribuições mais importantes à literatura moderna. * Adele Viginia Stephen nasceu em Londres, a 25 de janeiro de 1882, filha do biógrafo e filósofo Leslie Stephen. Depois da morte do pai, em 1905, ela e os irmãos passaram a viver com a irmã no bairro de Bloomsbury. Sua casa se converteu no local de reuniões de livres-pensadores e antigos companheiros de universidade de seu irmão...

Hélia Correia: a escritora de intelecto elegante

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Por Maria Vaz Hélia Correia nasceu em Lisboa, corria o mês de fevereiro de 1949. Muito cedo percebeu a sua natural inclinação para um mundo envolto em palavras: palavras enquanto símbolos evolutivos de poder que encerram em si mesmo significâncias escondidas na originalidade circundante da sua origem. Talvez tenha sido por isso que Hélia decidiu ingressar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para se licenciar em Filologia Românica. Na medida em que as escolhas de vida de um autor nos permitem captar essências da sua personalidade mais reservada ao mundo, que podem ocultar-se em aparências distintas, pensamos que Hélia desde cedo se rendeu à sua capacidade peculiar de perceber as essências que subjazem as formas e que o seu gosto pelo sentido etimológico das palavras nos revela uma personalidade com uma capacidade analítica além da norma. Além da Filologia, rendeu-se ao estudo da capacidade expressiva do ser humano ante a necessidade de interpretação psíqu...

Cada poema de Herberto é um caos que tudo origina - sobre Poemas canhotos (parte 1)

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Por Pedro Belo Clara Herberto Helder. Foto: Alberto Cunha Diante dos nossos olhos, o derradeiro livro de Herberto Helder – poeta que, após a sua morte, tem sido alvo de comparações, no que toca ao impacto da sua obra na literatura portuguesa, com o legado de Fernando Pessoa. Não iremos julgar o caso, tampouco nos cabe tal tarefa, mesmo conhecendo o popular fenómeno “após a morte todo o poeta ignorado em vida se revela subitamente um génio literário” ( Poemas canhotos esgotou em muitas livrarias no próprio dia do lançamento). Os nossos esforços centram-se somente no convite que endereçamos a todo o leitor interessado: a profunda descoberta do autor. Contudo, as intenções solidificam-se: um outro nome “ameaça” juntar-se à restrita elite poética composta somente por Camões e Pessoa – a mais fina nata, à qual outros poderão acrescentar os contributos de Cesário Verde e Camilo Pessanha, por exemplo. Mas não desejamos diluir o nosso foco em demoradas distrações, ainda que a...