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Italo Calvino

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Italo Calvino. Foto: Sebastião Salgado Por que ler os clássicos? Se perguntou Italo Calvino ao longo de sua vida e elaborou vários ensaios sobre os autores que assim considerava, como Homero, Plinio, Ariosto, Balzac, Stendhal, Flaubert, Dickens... “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”, comentou numa das muitas definições sobre esses livros imortais que “quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos”. Ao lado desta interrogação, surge outra pergunta. Por que ler Italo Calvino hoje? Carlo Ossola, autor de Italo Calvino: universos y paradojas (Italo Calvino: universos e paradoxos, em tradução livre para o português) comenta que “Calvino é nosso clássico (italiano) do século XX por sua capacidade de eliminar o não essencial, tudo o que passageiro, a fim de obter assim o dom supremo da arte, a transparência”. Numa época dos excessos, então, o escritor seguirá necessár...

Um beijo de colombina, de Adriana Lisboa

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Por Pedro Fernandes Adriana Lisboa. Foto: Julie Harris Não faz muito tempo que, diante de algumas obras, sempre me pergunto o que faz escritor para agir como se pegasse o leitor pelo braço e o mergulhasse numa correnteza de sentidos para só devolvê-lo a superfície de vez em quando como se só quisesse permiti-lo respirar por um instante os ares que ainda correm ao seu redor e logo voltar a levá-lo ao mesmo ponto de imersão inicial. No princípio de tudo a resposta para isso vinha com um medo de, se deixar o texto ali em repouso era uma maneira de favorecê-lo a fugir dessa correnteza de sentidos; por isso, quase caí de fome quando li pela primeira vez, de uma sentada, como se diz, Filomena Borges , de Aluísio Azevedo. Temia não chorar tudo o que tinha para chorar enquanto sucumbia à forma de tratamento (a falta dele) de Filomena para com Borges. Nesse romance, o leitor encontra a desconstrução da legítima metáfora de que os opostos se atraem, afinal, Filomena é ambiciosa ...

Promoção 20 mil amigos do Letras in.verso e re.verso

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Há muito que esperávamos o leitor 20 mil. Ele chegou. E nossa promessa será cumprida: tem novo sorteio online. Uma combinação perfeita: 20 mil amigos e o mês de Carlos Drummond de Andrade! Pois, vamos sortear dois amigos. Eles irão receber a Nova reunião de poesia , reeditada este ano pela Companhia das Letras (leia mais sobre o livro aqui ).  Para participar o leitor deve cumprir basicamente três coisas: 1. Partilhar a imagem da promoção ( detalhe: o sorteio será realizado tão logo alcancemos o número de mil e quinhentas partilhas , por isso cada leitor pode partilhar quantas vezes quiser e dê preferência ao modo público); 2. Deve marcar três amigos nos comentários desta post (clique aqui ) 3. E concluir sua participação indo aqui . O ganhador deve ter endereço de entrega no Brasil e poderá desclassificado caso tenha deixado de cumprir o item 2 deste regulamento. No mais, boa sorte! E tomara os brindes saiam até o dia 31, que é o dia do aniversário de Carl...

Percorrendo Jorge de Sena

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Por Maria Vaz Jorge de Sena, 1949. Foto: Fernando Lemos Jorge de Sena foi poeta, ensaísta, crítico, ficcionista, dramaturgo e professor universitário. Todavia, neste texto, centrar-nos-emos em nuances da sua poesia. O poeta nasceu em Portugal mas, após ter visto o seu sonho de pertencer à Marinha frustrado, pelo facto de possuir poucas habilidades físicas, decidiu seguir aquilo que a alma não calava: as letras. Não obstante, não podemos dizer que isso tenha ocorrido com a linearidade quem tem o ‘destino’ daqueles que não encontram obstáculos: Jorge de Sena tinha-se licenciado em engenharia, muito embora fossem as letras a sua grande paixão, o que lhe valaria algum preconceito posterior na avaliação da sua obra, a engenharia ocupar-lhe-ia tempo e tornar-se-ia a sua primeira profissão. Na linha do supra mencionado, não podemos falar dele sem referir as circunstâncias que o rodearam e condicionaram de alguma forma: nascido em 2 de novembro de 1919 (ano em que nascia a...

Sylvia Plath, uma (ou a única) no extenso catálogo de mulheres de Ted Hughes

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Sylvia Plath, verão de 1953. Sylvia Plath nasceu em Boston em 1932 e morreu em Londres em 1963. É, sem dúvidas, uma das figuras mais emblemáticas da poesia anglo-saxã do século XX, e autora de uma obra há muito conhecida do leitor brasileiro que dispõe de constante reedições de sua obra, seja os poemas, seja seu único romance, A redoma de vidro (Biblioteca Azul / Globo Livros). Poeta condicionada a se tornar mito devido sua torturada existência, a mesma que a levaria colocar um fim aos 30 anos introduzindo a cabeça no forno da cozinha. Filha de um entomólogo de origem alemã e de uma professora de alemão descendente de imigrantes austríacos foi educada num ambiente familiar austero, marcado pela morte repentina do pai, acontecimento tornado mais tarde uma constante em sua obra poética. E começou a escrever muito precoce: aos oito anos já mandava poemas para revistas literárias e dizia que sua futura vocação era conseguir bolsas de estudo para viajar e estudar na Europa, escr...

O poeta maldito: conceitos científicos e filosóficos da pequenez humana

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Por Neiva Dutra Augusto dos Anjos (20 de abril de 1884 –  12 de novembro de 1914) é autor de um único livro:  Eu , publicado em 1912. Apesar de ter sido rejeitado pela elite literária e cultural de sua época, que considerou de mau gosto recitar sua poesia nos salões literários, seus sonetos foram apreciados prontamente pelo público e recitados em bares pela lira popular. Sua poesia, de extraordinária musicalidade, destaca jogos fonéticos e aliterações, combinados com o uso de palavras inusitadas, mas assim como foram as imagens fantásticas, o uso de superlativos e hipérboles que corresponderam ao gosto do público da época, essas características chegaram aos dias atuais com uma força ímpar, que transcende as predileções do tempo em que foi publicado. A obra  Eu  conta com mais de cinquenta reedições, expondo uma visão profundamente pessimista e lúgubre da existência humana e seu caráter hermético, servindo-se de complexos conceitos científico...