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Outros dez filmes que contam sobre a vida de escritores

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Em dezembro de 2009 (ver o final da post) copiamos uma lista com onze filmes sobre a vida, ou algum aspecto da vida, de escritores; no ano seguinte, refizemos este trajeto com a indicação de mais dez títulos. E, longe de esgotar esse itinerário – porque há sempre produções do gênero a caminho e outras sobre as quais não temos acesso – resolvemos ampliar essas indicações, agora, com mais outros dez títulos: Flores raras , 2013. O filme Bruno Barreto esteve em cartaz em muitas salas brasileiras com uma receptividade da crítica e dos espectadores muito positiva. Também pudera! O cineasta produziu uma peça de rara beleza da nossa cinematografia. Baseado no livro Flores raras e banalíssimas , de Carmen L. Oliveira, sua narrativa remonta a temporada de quando a poeta estadunidense Elizabeth Bishop viveu no Brasil – talvez uma das fases mais intensas de sua vida se repararmos na sua obra – e o seu intenso romance com a arquiteta Lota de Macedo Soares. Era esse também um dos pe...

As sufragistas, de Sara Gavron

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Por Pedro Fernandes “Não se nasce mulher torna-se mulher”. A frase de Simone de Beauvoir casou, entre desavisados e machistas, uma celeuma de proporções vergonhosas nas redes sociais quando apareceu num excerto de uma das questões do Exame Nacional do Ensino Médio no Brasil. As opiniões desse grupo nenhum pouco discutíveis porque execráveis é um sinal de que a história ainda é recente e certas lutas ainda não foram de um todo vencidas (possivelmente nunca serão porque estamos muito longe de uma civilização ideal e há outras pautas em favor do bem-estar coletivo que sofrem diariamente golpes de retrocesso); certos direitos ainda estão na cartilha dos desafios constante para muitos. Mesmo o embate iniciado em eventos como o desse grupo de mulheres operárias que comandam um levante na puritana Inglaterra de início do século XX. Os discursos rasos contra o excerto de O segundo sexo na prova do Enem e os xingamentos públicos voltados para o desmerecimento não da incompetência pol...

Maria do Monte: o romance inédito de Jorge Amado, de Carlos Emílio Corrêa Lima

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Por Pedro Fernandes Escrever é multiplicar o sentido das coisas. Desestabilizar fronteiras: fazer o real aparente e o aparente real enquanto o mundo manifestado pela linguagem não é mais nem real nem aparente mas outro mundo, o reino da palavra. Esse é o sentido primordial da poética; a premissa não subvertida da mimesis aristotélica. O criador de formas tem entre o mundo por ele habitado e o mundo sempre selvagem da imaginação seu lugar de périplo. E, mede-se sempre o valor de sua criação pela maneira ciente com que desconstrói aquilo que foi condicionado como algo estabelecido e única forma de ser. É evidente que essas considerações não se referem à maior parte das criações literárias, sobretudo, as designadas como prosa. A necessidade da verdade do narrado impôs ao romancista, por exemplo, um afastamento do tom às vezes fantasioso ou fantástico, para uma aproximação com a realidade vivida de maneira que o romance terá se convertido quase na sua fotografia, por ve...

Boletim Letras 360º #152

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Milton Hatoum. O esperado romance do escritor deve sair agora em 2016. Temos já uma data de retorno! Embora nossas férias sejam só um breve recesso pontuado por uma ou outra presença no blog durante a semana e, claro, uma lentidão com as postagens nas redes sociais, mas tudo no ponto em que não dá nem para deixar saudades aos leitores, queremos dizer que voltaremos ao ritmo de sempre breve: na primeira semana de fevereiro. A seguir as notícias publicadas durante a semana em nossa página no Facebook.  Segunda-feira, 11/01 >>> Brasil: Um Choderlos de Laclos para chamar de seu Em parte pelo frenesi da adaptação da obra pela TV Globo, as livrarias recebem pelo três diferentes edições da obra francesa. Em 2013, a Biblioteca Azul reeditou a já clássica tradução feita por Carlos Drummond de Andrade há muito fora de catálogo: foi o poeta quem apresentou a obra ao público brasileiro em 1947. A edição preserva ainda o texto de prefácio escritor po...

Os oito odiados, de Quentin Tarantino

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Por Pedro Fernandes Tornou-se lugar comum a exaltação da genialidade: basta que alguém faça alguma coisa que se distinga das formas triviais e ganhe com isso alguma visibilidade. Fazer alguma coisa que se distinga das formas triviais, entretanto, nem sempre é um signo de genialidade, logo, não é possível chamar alguém, por esse motivo, de gênio. Essa questão é trazida para o início de um texto que aparentemente se configura como um conjunto de notas sobre o mais recente trabalho de Quentin Tarantino por uma causa – a febre que tomou alguns expectadores mais exaltados, fãs do diretor, a partir de Os oito odiados .  Se esta é uma das produções melhor realizadas – é meu ponto de vista, de alguém que descobriu o diretor em Pulp fiction (o título que certamente o tornou querido entre todos), deixou de ver alguns outros trabalhos seus e, a partir de Kill Bill não perdeu nenhum dos seus filmes – isto não o faz de um todo genial. Mesmo porque o adjetivo talvez nunca sirva ...

Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de Gonçalo M. Tavares

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Por Pedro Fernandes Este livro foi publicado em Portugal em novembro de 2014 e chegou ao Brasil – na casa que deu a conhecer Gonçalo M. Tavares aos brasileiros – no final do ano seguinte; na sua terra natal, o livro chegou às livrarias junto a Os velhos também querem viver . As duas obras integram uma já extensa bibliografia de um dos escritores mais criativos e inventivos da chamada novíssima geração da literatura portuguesa – recebem esse epígono porque são muito posteriores ao abril de 1974 e buscam se distanciar de temas, formas e obsessões do romance de então. Basta que o leitor visite o que o português tem chamado de “Cadernos”; são títulos que integram gênero e formas multifacetadas que rompem com as designações comuns fundadas pelos estudos literários ou se não reinventam modos e procedimentos de escritas. A crítica mais sisuda terá reparado esse empenho com certa cautela, prefere olhar com bons olhos o Gonçalo M. Tavares romancista e faz cara feia ao ex...