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Julieta, de Pedro Almodóvar

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Em Julieta , ultra-sedutor opus 20 do diverso cineasta Pedro Almodóvar (depois de seus muito questionáveis filmes A pele que habito e Abraços partidos ), com roteiro seu baseado em três contos do livro Fugitiva (“Daqui a pouco”, Silêncio” e “Ocasião”) da hipersensível Prêmio Nobel canadense Alice Munro, a bela filóloga a ponto de uma viagem romântica a Portugal Julieta Arcos encontra por acaso numa rua madrilenha com Bea, a ex-melhor amiga de sua filha desaparecida Antía que lhe dá notícias de está muito bem radicada na Suíça.  Visceralmente, algo solta-se no interior da tranquila senhora que rompe com o garboso noivo argentino Lorenzo, amor que havia herdado da escultora e outrora rival Ava, muda-se para sua antiga morada e começa a escrever uma carta-desabafo-catarse, impossível de enviar por desconhecer a direção do destinatário, a sua filha, para resolver seus antigos mistérios dolorosos e assumir-se ela própria como um deles.  É quando reaparece em bela j...

Gertrude Stein e Alice B. Toklas

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Por Telma Amaral Gonçalves  Gertrude e Alice nasceram e foram educadas nos Estados Unidos. O par se conheceu em Paris no ano de 1907 e passou a viver junto dois anos depois, em 1909 somando trinta e sete anos de relacionamento. Gertrude era filha caçula de empresários judeus e havia perdido a mãe para o câncer aos catorze anos e o pai aos dezessete. Nascida no Pensilvânia, morou na Áustria e depois na França com o irmão mais velho, onde se estabeleceu definitivamente. Foi na França que começou a tentar seriamente a carreira literária e a se interessar e adquirir obras de arte moderna o que se tornou uma paixão cultivada longamente. E foi também nesse país que adquiriu notoriedade como escritora. Alice B. Toklas, como sempre aparece nas referências a seu nome, suas ou de outros, nasceu em São Francisco, Califórnia, no seio de uma família também judia de classe média. De modo semelhante à Stein, perdeu sua mãe para o câncer aos vinte anos. Em viagem por Paris conhe...

O aprendiz de feiticeiro, de Carlos de Oliveira

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Por Pedro Belo Clara A sugestão que hoje propomos, estimado leitor, é essencialmente dirigida a todo aquele que nutrir um interesse profundo não só na obra deste autor em particular como também no homem que foi Carlos de Oliveira, nas suas vivências mais pertinentes e nas opiniões sob temas diversos que considerou por bem partilhar quando a oportunidade se lhe deparou. Pois o livro em causa compila textos, compostos em estilo de crónica, publicados em jornais e revistas durante as décadas de 40 e 70, sendo o mais antigo datado de 1945 e o mais recente de 1970 (datas de redação, diga-se, não de publicação), textos esses onde Oliveira abre um caminho até aos seus âmagos mais íntimos, expondo assim opiniões, visões, celebrações. Com o correr das páginas, uma determinada figura começará a delinear a nitidez dos seus contornos, revelando assim a sua centralidade na obra. Mas já lá iremos. Por ora, importa referir que, pelas razões antes expostas, o nosso texto de hoje funcionará ce...

Boletim Letras 360º #185

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Toda a obra de Valter Hugo Mãe passa a ser reeditada pela Biblioteca Azul. E as que chegarem em 2016 poderão ser de um leitor deste Boletim.  Vamos aproveitar para dizer um detalhe sobre a nova promoção que preparamos para o comemorar a chegada dos novos amigos e iniciar as celebrações pelos 10 anos de blog - o mais importante deles - os brindes. Daremos toda obra de Valter Hugo Mãe reeditada pela Biblioteca Azul / Globo Livros em 2016 e uma edição com a obra completa de Raduan Nassar que será publicada pela Companhia das Letras. Ainda sobre o Mãe, vale lembrar que em novembro as livrarias brasileiras receberão o novo romance do escritor, homens imprudentemente poéticos .   Os participantes poderão escolher, se ganhar, qual brinde poderão levar. É preciso ficar atento à nossa página no Facebook.  Segunda-feira, 29/08 >>> Brasil: Nova edição de A cabana do pai Tomás Fora de catálogo há muito, o livro de Harriet Beecher Stowe volta às livrarias e...

Dezesseis livros imprescindíveis para entender a Primeira Guerra Mundial

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Em 2014 cumpriu-se 100 anos da Primeira Guerra Mundial. O confronto que só seria superado pela repetição dos horrores em larga escala poucos anos depois teve início em julho de 1914 e durou até novembro de 1918. A experiência da tragédia e os traumas produzidos por ela serviram, depois de um longo silêncio ouvido depois do fim dos confrontos, para uma extensa produção literária dentro e fora da Europa – epicentro da tragédia. Na ocasião do primeiro centenário, o jornal espanhol El país redigiu uma seleção com dezesseis livros entre essa bibliografia cujo interesse é o de permitir ao leitor acompanhar o mais próximo possível o ocorreu durante esses dias negros da história breve da nossa civilização. - Os quatro cavaleiros do Apocalipse , de Vicente Blasco Ibáñez Com licença dos grandes romances de Charles Dickens, este livro foi um dos primeiros Best-Seller mundiais, uma obra que alcançou rapidamente uma importância global: foi publicada em espanhol em 1916, traduzida...

Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, de Elvira Vigna

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Por Pedro Fernandes O termo que salta aos olhos do leitor nesse título de Elvira Vigna é, não o que parece ao olhar comum, o que encerra a expressão, e sim palimpsesto . Isso porque é essa a maneira como a narradora compõe a narrativa: uma variação sobre um mesmo tom, ora derivado de um acontecimento, ora uma repetição, ora ainda um acontecimento sobre outro, como se num processo de contínua recriação. Essa maneira que é, por fim, a composição da própria estrutura desse romance se não é um todo inédita no tratamento do fato ficcional é uma maneira muito original no âmbito da literatura brasileira contemporânea. Vejam: não se trata de uma narrativa estratificada pela diversidade de pontos de vista ou pela exploração de uma mesma situação por ângulos diferentes – para citar duas possibilidades estruturais há muito repetidas por escritores; trata-se de um conjunto de situações marcadas pelo mesmo tema que tanto se repetem, quanto se sobrepõem uma a outra; um texto construindo-se ...