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Boletim Letras 360º #208

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Na próxima semana despacharemos os brindes dos ganhadores da promoção os melhores de 2016. Os títulos são uma surpresa para os ganhadores e estes, por sua vez, ainda são segredo. Eles só saberão que ganharam e o que ganharam quando o brinde chegar às suas casas. E, um aviso: depois disso, publicaremos uma promoção nova que sorteará uma edição de A montanha mágica , de Thomas Mann. António Lobo Antunes. Mais um prêmio para a coleção, desta vez, o SPA Vida e Obra de 2017. Segunda-feira, 06/02 >>> Brasil: A poesia de Gabriela Mistral está entre os destaques nos títulos a serem publicados pela editora Olho de Vidro É mais uma editora que vem ampliar o mercado do livro no Brasil. Entre os vários lançamentos projetados pela casa, os mais aguardados são um volume com a poesia da ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura Gabriela Mistral. Além da antologia, a Olha publicará Se os tubarões fossem homens , de Bertolt Brecht, seg. informações da Folha de S...

Notas sobre A redoma de vidro

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Por Rafael Kafka Sylvia Plath. Ontario, 1959. Achei que aquele era o tipo de droga que só um homem podia ter inventado. Ali estava uma mulher passando por um grande tormento, que não gemeria daquele jeito se não tivesse obviamente sentindo cada espasmo de dor, e voltaria para casa e faria outro bebê porque a droga a faria esquecer de como a dor tinha sido terrível - tudo isso enquanto, numa parte secreta do seu corpo, aquele corredor de aflição continuaria à sua espera, longo, escuro, sem portas nem janelas, pronto para abrir-se e devorá-la mais uma vez. (Sylvia Plath, A redoma de vidro ) Percebe-se que no romance de 1961, Plath já tornaria presente alguns debates hoje muito fortes nos ciclos que defendem os direitos das mulheres, em especial os ligados à concepção. A sociedade se encontra em plena revolução sexual, mas o papel feminino ainda é bastante preso ao da concepção. O que fica evidenciado nesse trecho é o terror da personagem central, Esther, diante do absurdo...

La La Land: a melodia do amor

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Por Maria Vaz Amantes e expectadores circunstanciais da sétima arte trouxeram La La Land para o aplauso geral. Nomeado para 14 óscares da academia, a sua estreia fez furor em salas de cinema de todo o mundo. O filme ganha pelo glamour de um Hollywood de tempos idos, pelo charme e a química dos personagens principais, ou pelo toque de beleza imaterial que tem o jazz ao entrar no ouvido. Ganha pelo início colorido e divertido, no trânsito; pelos cenários bem conseguidos; pela diversão, leveza e, sobretudo, pelo carisma das personagens. Não obstante tudo isso, confesso que achei tudo muito normal e previsível até à segunda metade do filme. E digo isto porque não é novidade um romance desenvolver-se em um musical. Ainda que se trate de um romance engraçado e dinâmico, mais essencial do que formal, não estava a surpreender-me. Com 14 nomeações, esperava mais. Contudo, na segunda metade do filme deixei-me embeber na história e nos outros elementos que a constituem. Perdi-me e...

Natsume Soseki

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Por Laura Galarza Tsuda, o protagonista de Luz e escuridão está num leito de hospital. O médico acaba de limpá-lo por dentro com uma sonda. Terá que estabelecer uma data para operá-lo, diz, e costurar as duas partes soltas de seu intestino. Mais tarde, Tsuda volta no trem para casa, vê como o mundo segue andando, alheio ao seu sofrimento: “Não existe maneira de saber, de prever quando se operará uma súbita mudança no corpo de alguém. Pior ainda, talvez neste mesmo instante esteja acontecendo algo em meu interior e pode ser que não esteja me dando conta de nada”*. Curiosamente, quando Natsume Soseki, considerado o pai da literatura moderna japonesa, escrevia Luz e escuridão , tinha os dias de vida contados: antes de terminar o romance, morreria de uma úlcera no estômago e a obra ficaria incompleta. Talvez os desfechos não sejam o importante quando viagens são sonhadas. A leitura de Luz e escuridão é uma experiência completa. Uma imersão hipnótica em que a única coisa a ser f...

Saint-Exupéry muito além de O pequeno príncipe

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Se há um escritor sobre o qual acreditamos saber tudo ao seu respeito, ainda que na verdade não saibamos nada, esse escritor é Antoine de Saint-Exupéry. Todos já leram ou ouviram falar sobre O pequeno príncipe . Mas sabemos muito pouco do homem que foi pioneiro da aviação e um dia sofreu um acidente no deserto do qual saiu vivo pela pura intuição de continuar a pé, sem água e comida, na mesma rota que havia seguido nos Andes um amigo seu, também piloto que teve de fazer uma aterrissagem de emergência nos cumes gelados. Quando era muito jovem, uma vidente lhe fez esta premonição: “Se casará com uma mulher estrangeira e chegará a ser um escritor célebre. Mas evite o mar, e a partir dos quarenta anos, desconfie dos aviões nos quais voe”. A profecia, por acaso ou não, se cumpriu ao pé da letra. Saint-Exupéry se tornou uma celebridade que ganhava fortunas astronômicas por seus livros e suas crônicas para o jornal. E quando tinha 44 anos, no dia 31 de julho de 1944, desapareceu...

Crónica dos bons malandros, de Mário Zambujal

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  Por Pedro Belo Clara Considerando uma anterior abordagem aqui exposta ao trabalho deste autor, mais concretamente sobre os principais traços espelhados no título Serpentina , de 2014, é no mínimo justo, tanto por louvor ao homem e seu ofício como para o enriquecimento do acervo deste espaço virtual onde vos escrevo, que nos debrucemos agora um pouco sobre a obra-prima de Zambujal, uma bem-amada crónica que desde 1980 tem vindo a arrebatar os corações das entretanto vindouras gerações. O próprio criador obedece à força da criação e humildemente admite a sua impotência diante do brilho da mesma, da sua extraordinária capacidade de encantar e de permanecer viva na memória de quem lendo a viveu, tanto como daqueles que, muito depois do seu nascimento, com ela criaram relação, cedendo, quem sabe?, às artes sedutoras de um trabalho tão cativante em sua origem. São suas as seguintes palavras: «Sinto-me sequestrado por estes “bons malandros”. Aos livros que fui escreven...