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Boletim Letras 360º #258

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Há uma semana a Revista 7faces propôs um desafio: espalhar poesia brasileira pelo Twitter. E criou o projeto @LeiaPoesiaBr O Letras in.verso e re.verso, que é, praticamente um pai desse periódico de poesia não ficaria sem apresentar um apoio à ideia. Então, destinou todos os livros de poesia que eventualmente sortearia nas redes sociais do blog para os participantes dessa proposta que apenas espera a chegada do centésimo leitor para iniciar suas atividades. Vamos seguir? Antes, eis as notícias que passaram esta semana pelo mural do Facebook do Letras — uma semana, como perceberão, de nuvens negras para a literatura! Um dos últimos registros do poeta Nicanor Parra. Numa semana de perdas para a literatura, a do poeta chileno deixou mais pobre toda a América Latina. Segunda-feira, 22/01 >>> Brasil: A obra em negro , de Marguerite Yourcenar A obra da escritora francesa está um pouco fora de circulação no Brasil; até agora só Mishima ou a v...

Reino de Deus, de Frances Lee

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Por Pedro Fernandes Este filme é sobre a pedagogia dos afetos. A chegada de um trabalhador romeno para ajudar nos afazeres da fazenda da família de Johnny, um rapaz que decidiu substituir a promissora vida urbana pela continuidade na vida rural e vive agora entre a frustração da escolha e a impossibilidade de encontrar uma saída para esta situação, modifica todo um ambiente fundado na rudeza. Gheorghe, o forasteiro, oferecerá, sobretudo a Johnny, que a depender de qualquer saída para as escolhas erradas, o que nos mantém vivos são as pulsões dos afetos e a honestidade para conosco e com os outros. Ser rude consigo, com os outros e com a vida é erguer ante si mais muros pelos quais a existência, que já é um fardo, se constituirá mais pesada e pobre de ideias. E tudo só se complica se, associado à rudeza, pairar o espírito da desonestidade. É que Johnny não consegue aceitar, muito provavelmente por uma sorte diversa de intervenções impostas e autoimpostas pelo ambiente...

Boletim Letras 360º #257

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O ano para nós já tem data para começar: 29 de janeiro . E começará com novidades. Em meados do 2017, fizemos uma chamada nas redes sociais, apesar das portas desta casa estarem sempre abertas para novos colaboradores, para selecionar colunistas para o Letras. Recebemos e-mail de 65 pessoas interessadas; destas, 19 responderam ao nosso retorno; e 3 chegaram ao final da seleção. A partir deste ano contaremos com Luiz Mendes , Guilherme Mazzafera e Wagner Silva Gomes . Mas, se você é um interessado em fazer parte do clube, recomendamos ler nossa proposta editorial aqui . Vamos que vamos! Poesia completa de Sophia de Mello Breyner Andresen é publicada pela primeira vez no Brasil. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Segunda-feira, 15/01 >>> Brasil: Livro do pai do epigrama ganha nova tradução e edição O epigrama é uma forma poética breve, marcada pelo estilo satírico e engenhoso; Epigramas  compila 21...

Quando as manhãs eram flor, de Pedro Belo Clara

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Por Pedro Fernandes Pedro Belo Clara     De tanta morte gerámos flores, de tanta vida bebemos sol. Pedro Belo Clara é um dos raros jovens de uma geração – e tom desta consideração pode não encontrar eco no contexto português porque é tomada a partir de uma visão brasileira embora pareça que as transformações se deem já de mesma forma em toda parte – é um dos raros jovens de uma geração, dizíamos, em que a escolha da vivência com a palavra constitui uma espécie de obsessão manifestada na contínua demonstração pública de que esta, a palavra, lhe é o domínio da existência. A geração dos anos 1980 foi concebida no interior de um domínio que se tem revelado cada vez mais cruel e desfavorável ao desenvolvimento dessa vivência, o domínio capital que em tudo que toca torna coisa. Embora, é claro atravessemos uma era da escrita, pressupõe-se que a palavra seja para o que dela se alimenta mais que uso; para este sujeito manipulador da lingua...

A forma da água, de Guillermo Del Toro

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Por Pedro Fernandes Guillermo Del Toro amplia seu catálogo de criaturas fantásticas. Agora, dá vida a uma forma de vida meio transitória entre o peixe e o homem, sustentado por duas ideias, a científica, de que toda a vida desde a origem veio da água e a do imaginário mítico, que atribuiu durante muito tempo a existência em lugares remotos da terra de seres desconhecidos e condenados ao desconhecimento porque o império do medo tem o grande poder de, muitas vezes, nos afastar da grande descoberta e é um dos principais gestores do pré-conceito, esse que tornado preconceito destrói e mata o que não pertence à ordem determinada como normal. O universo fabuloso e recorrente nas narrativas fílmicas do diretor mexicano não está, como também lhe recorrente, apartado da realidade comum; ao longo de seus trabalhos é perceptível que sua compreensão de fantasia não está dissociada do trivial e isso é, sem dúvidas, um dos elementos que contribuem para reduzir o fosso desleal forjad...

A adolescência do romancista J. M. Coetzee em preto-e-branco

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Por Jason Farago Foto: J. M. Coetzee. Uma tiekiedraai ou festa dançante, na véspera do Ano Novo. Coetzee lembra: “Eu tinha um flash acoplado na Wega, mas nunca consegui sincronizar o flash com o obturador”.  Em 2014, anos depois de se mudar da África do Sul para a Austrália, o romancista J.M. Coetzee finalmente vendeu seu apartamento na Cidade do Cabo. Pouco depois, um pesquisador bisbilhotou dentro de uma caixa de papelão esquecida no apartamento vazio e, para sua surpresa, encontrou um amontoado de material inédito excepcional do taciturno ganhador do Prêmio Nobel. Mas não eram manuscritos. Eram fotografias: feixes de gravuras amareladas que mostravam “cenas de uma vida provinciana”, como no subtítulo dos três volumes de sua autobiografia, além de negativos não revelados.   Aparentemente, antes de se dedicar à literatura, Coetzee foi um comprometido fotógrafo adolescente. As impressões em preto-e-branco de sua família, sua escola e vida cotidiana na fazenda de seu tio v...