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Boletim Letras 360º #272

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Eis uma edição novinha com as informações que fizeram o mural do Letras no Facebook nesta semana. Por aqui, os que nos frequentam com certa assiduidade perceberão que fizemos pequenos e importantes ajustes na organização do blog. Sabe o que isso significa? Que aquele grande trabalho de revisão iniciado há cinco anos pode está próximo, se fecharmos a terceira e última etapa, do fim. Apesar de ser este um espaço, não cansamos de dizer, em contínuo reparo. Estamos aqui. Interaja conosco! Brasil sedia colóquio alusivo aos 20 anos de entrega do Prêmio Nobel de Literatura a José Saramago. Mais detalhes ao longo deste Boletim.    Segunda-feira, 30/04 >>> Brasil: Uma caixa reúne três obras de Virginia Woolf Mrs. Dalloway  é considerada a obra-prima da escritora inglesa. Publicado originalmente em 1925, o romance descreve um dia na vida de Clarissa Dalloway, uma dama de nobre linhagem casada com um parlamentar cons...

Os conselhos de Wislawa Szymborska aos aspirantes a escritores

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A revista Vida literária inclui durante longo tempo uma seção que recuperava a tradição de um gênero comum em revistas; nesse caso, um correio literário. No espaço eram publicizadas respostas a autores que enviassem suas obras para leitura e parecer. Uma das pessoas responsáveis por esta seção era Wislawa Szymborska. Mais tarde, em 2000, os textos foram recolhidos e formaram parte num livro que certamente é uma peça indispensável a dois gostos: daqueles que estimam novidades mais íntimas, por assim dizer, de seus escritores e para aqueles que gostam do escutar outras experiências com a escrita. Quando em 1996 a poeta recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, a Academia Sueca justificou sua decisão porque em sua poesia a “precisão irônica permite que os contextos histórico e biológico venham à luz em fragmentos da realidade humana”. O prêmio descobriu sua obra a muitos leitores e a fascinação por Szymborska cresceu enquanto aprendíamos a pronunciar seu nome. Nessas breves pala...

O macaco e a essência, de Aldous Huxley

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Por Pedro Fernandes Diferentemente do livro de Pierre Boulle, em que os macacos descobrem a selvageria do homem e inicia uma revolução que os obrigará a repensar sua condição, não há neste livro de Aldous Huxley nenhum macaco revolucionário. O título da obra, aliás, não chega a ser um atributo próprio do seu autor; O macaco e a essência é o roteiro de um filme concebido por uma certa figura interessada pelas narrativas cinematográficas e abandonado por Hollywood entre toneladas de textos enviadas ao berçário do cinema estadunidense. A única notícia dada pela narrativa que abarca este datiloscrito encontrado casualmente pelo roteirista Bob Briggs, quando o caminhão de descartes deixa voar pela rua umas quantas brochuras das que serão incineradas, é que William Tallis está morto. Assim, o livro de Huxley se apresenta como uma transcrição do texto de William Tallis; a importância que o roteirista atribui a essa brochura, logo, se evidencia pela escolha do escritor inglê...

Vingadores: Guerra Infinita, de Anthony Russo e Joe Russo

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Por Wagner Silva Gomes A Marvel Comics (1939) e a DC Comics (1934), as duas maiores editoras de quadrinhos, que se lançaram em outros ramos, dentre eles o cinema, por incrível que pareça têm ganhado destaque nas discussões políticas. Se há gente de direita detestando a inclinação ideológica progressista que se tornou visível com os filmes Mulher Maravilha (2018) e Pantera Negra (2018), muita gente de esquerda começa a se interessar e olhar com outros olhos para esse universo. Pense no atual presidente do país que dízima populações imensas do Oriente Médio se achando o dono da terra. Não será difícil relacioná-lo a Thanos. Pense no sistema político-econômico que pós-Guerra Fria se enfraqueceu e se perdeu, dependendo de ações de três ou quatro países na resistência e de bravos companheiros engajados pelo ideal. Não será difícil relacioná-lo ao machado de Thor nem será difícil relacionar os bravos companheiros aos super-heróis da Marvel e da DC. Um Capitão América que s...

Cinco razões (talvez algumas mais) para desfrutar do “Ulysses”, de James Joyce

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Por José Manuel Benítez Ariza Richard Hamilton, "The Transmogrifications of Bloom" (1984-1985) Não parece mal que se trate os clássicos literários como facilidade e naturalidade: possivelmente uma das causas da aversão de amplas camadas da população pela literatura, ou certo tipo de literatura, seja sua abusiva consideração como território exclusivo de professores e acadêmicos e de suas sérias elucubrações. Mais sensato é considerar que os livros que preservam um prestígio inquestionável como clássicos se devem ao fato de continuarem falando com os leitores de hoje com a mesma pertinência e poder persuasivo com os quais conquistaram a estima das gerações passadas. E essa desejada aproximação deve traduzir-se, sem dúvida, na possibilidade de questioná-los, de aceitar algumas coisas e mesmo recusar outras, ou ainda de tentar uma aproximação a eles à margem das interpretações mais ou menos canônicas que o tempo tratou de deitar por sobre eles. Não se inclui...

Da ponte do acaba mundo, no erro de um relâmpago: Naveganças em três linhas, de Tarcísio Bregalda

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Por Guilherme Mazzafera O quarto livro do poeta Tarcísio Bregalda é marcado pela promessa de uma ambiciosa síntese poética: conjugar, sempre em três versos, uma vasta amplitude de experiência. A não adoção de metros fixos permite a obtenção de diferentes ritmos, ora mais tensos e harmônicos, ora mais frouxos e dissonantes, o que, a despeito dos resultados diversos, incute certo dinamismo na leitura dos mais de 80 poemas que compõem as Naveganças em três linhas (Adonis, 2014). Os leitores dos livros anteriores de Tarcísio ( Os riscos das margens , 1997; Itinerau , 2011; e O pensar pelos barrancos , 2012) já conhecem algumas das pequenas obsessões do escritor: a Serra da Mantiqueira, os alpendres mineiros, as contínuas homenagens a seus anjos tutelares e, sobretudo, à poesia ela mesma. Todas comparecem aqui, de modo que é possível ler Naveganças como súmula, sempre provisória, de uma obra em constante refazimento, em que o reaproveitamento de versos, estrofes e at...