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Boletim Letras 360º #285

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Nesta edição do Boletim Letras 360º queremos anunciar oficialmente a promoção que desenvolvemos (a primeira de muitas) em parceria com a HarperCollins Brasil. Em nossa página no Facebook , de onde sai as notícias copiadas abaixo, está disponível como fazer para participar. Neste primeiro sorteio, o livro da vez é J. R. R. Tolkien &  C. S. Lewis: o dom da amizade , de  Colin Duriez. Na edição n.270 deste Boletim é possível saber mais sobre o livro ou, indo ao sítio da editora, aqui . Octavio Paz e Marie-Jo. Ela deteve os direitos sobre a obra do companheiro por mais de duas décadas. Agora, depois da sua morte, inicia-se um debate em México sobre quem ficará com os materiais do poeta mexicano. Segunda-feira, 30/07 >>> Brasil:   Volta às livrarias edição de O imoralista , de André Gide O livro constitui uma das principais obras do escritor francês. O romance traz a história de um jovem casado, fruto de uma educa...

Libelo contra o maniqueísmo

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Por Rafael Kafka Em O dragão da maldade contra o santo guerreiro , certamente localizado no panteão de obras maiores do diretor baiano Glauber Rocha, temos uma narrativa cujo foco são os temas da conversão e do engajamento. Não há espaço no enredo dessa obra para visões categoriais fechadas em um maniqueísmo que insiste em ver a humanidade como dois polos afastados um do outro sem ponto de contato. Na obra de Glauber, não há o modo de ser estanque, em-si, típico do cinema imperialista que insiste em separar mocinhos e vilões como personagens tipo que representam plenamente a condição humana. Em ensaios e entrevistas como os localizados em Revolução do Cinema Novo , temos a preocupação de uma poética política que visa ao cinema de autor como forma de representar o ser em todas as suas dimensões. Ao fazer isso, o cinema se torna uma arte extremamente pedagógica, pois fere os princípios de percepção estanques do cinema comercial, em especial o mais tradicional, de narrativas mai...

Nenhum olhar, de José Luís Peixoto

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Por Pedro Fernandes Sempre estivemos acomodados à compreensão de que o romance é, por relação à epopeia, produto da mimesis , isto é, uma reabsorção do mundo palpável pelos sentidos e lhe é externo. Mas, com o advento das novas estratégias de enunciação da ficção – sua assunção transgressora do epíteto de mentira , fabrico da imaginação criadora – revolucionaram a percepção de que o mimético, apenas ele, não valida o romanesco e este é, em situações diversas, como a poesia, gênero com o qual mantêm agora estreitas relações, transfiguração. A observação é para dizer que Nenhum olhar se situa no âmbito dessa não tão nova força da criação romanesca. Prefigurado como um universo à parte do universo extratextual, embora não se deixe de fazer associações como as que considera a recriação do Alentejo, no mundo engendrado por José Luís Peixoto convivem numa mesma ordem, qual os antigos universos da epopeia, as forças naturais e sobrenaturais. Tal tratamento, ao passo que...

O retorno do herói, de Laurent Tirard

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Por Pedro Fernandes Este filme é uma leve, descontraída e doce comédia de época que está distante da bestialidade das comédias de entretenimento de cariz hollywoodinesco, mesmo aquelas espécies de cópia desnecessária realizada pelo cinema francês contemporâneo. Ou seja, o espectador tem a possibilidade de saborear uma história à maneira do jeito de fazer cinema da terra dos irmãos Lumière. Em parte, não é apenas o retorno a um modelo de riso que cada vez mais tem descambado para o bestial porque alimentado pela piada de mau-gosto ou preso no acentuar do traço caricaturesco cujo propósito finda por se constituir quase sempre num sublinhado à técnica do preconceito e do estereótipo. Em parte, porque este retorno parece se reapropriar de um riso um bocado caro para a boa comédia: o do destronamento de um ideal substituindo pelo que, no mais íntimo, é a sua verdade (ou ao menos a possibilidade, diríamos, mais coerente). No caso do filme de Laurent Tirard, a figura des...

Séries, sagas, ciclos... que tal chamá-los “romances-rio”? Um jeito diferente de pensar o narrar maximalista

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Por Kent Wascom Yukio Mishima, do culto ao corpo a autor de um romance-rio. Dizem que o escopo de atenção de leitores encolheu, se não desapareceu de todo. Dos cronicamente distraídos não se pode sequer esperar que sentem e leiam um romance, ainda mais um romance que gera outros romances. E, no entanto, olhe em volta na sua livraria favorita e você nos verá: os Ferrante-febris, os   Knausgård-exaustos , amantes do romance em sua forma mais esgotada e potencialmente exaurida. Aguardamos ansiosamente o último fascículo dos romances Cromwell ,   de Hilary Mantel e o primeiro de Dark Star , de Marlon James¹. E nós dificilmente somos minoria. De fato, como Alexander Chee apontou anos atrás aqui , nossos primeiros amores narrativos são frequentemente seriais, nossa afeição livresca nascida em Nárnia, Arrakis ou Hogwarts. Não importa quão diminuto nosso escopo de atenção, ainda lemos (e mesmo escrevemos ou desejamos escrever) ficções que se espraiam por múltiplos...

Breve elogio do sexo

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Por Carlos Mayoral  La Nouvelle Justine ou Les Malheurs de la Vertu, de Sade Como alguém tende, comumente, a buscar na literatura o que não encontra na vida, é muito comum que o leitor (ou o escritor, se é que não é o mesmo) idealize a página por sobre suas possibilidades. A arte é uma vida hiperbolizada. O amor é mais amor se o descobres num soneto medieval, como a amizade é mais amizade se serve para que cavaleiro e escudeiro lutem com gigantes ou a infidelidade é mais infidelidade se aparece num romance russo. Também Londres é mais Londres se narrada sob a pena de Dickens ou, a vida em um mosteiro dos Apeninos é atrativa se a descreve Umberto Eco. E este exagero não tem por que ter somente um tom alegre. Também o medo é o mais medo sob as letras de Maese Pérez, o assassinato dói mais nas linhas de Capote que durante os trinta e cinco minuto s do jornal e a agonia se saboreia com mais amargura se é Ivan Ilitch que a padece. Até aqui, tudo bem. Agora, e o que ocorre...