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Boletim Letras 360º #291

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Na sexta-feira, 14 set.'18, publi camos o resultado da promoção que sorteou O Dom da amizade , de Colin Duriez (HarperCollins Brasil). Isso em nossa página no Facebook , de onde copiamos as notícias apresentadas a seguir. António Lobo Antunes é o novo nome na prestigiosa coleção francesa Pleaide. Segunda-feira, 10/09 Brasil: Premiado e quisto por figuras como Margaret Atwood, chega às livrarias Fique comigo , da nigeriana Ayọ̀bámi Adébáyọ̀ Yejide e Akin se apaixonaram na faculdade e logo se casaram. Apesar de muitos terem esperado que Akin tivesse várias esposas, ele e Yejide sempre concordaram que o marido não seria poligâmico. Porém, após quatro anos de casamento — e de se consultar com médicos especialistas em fertilidade e curandeiros, tomar chás estranhos e buscar outras curas improváveis —, Yejide não consegue engravidar. Ela está certa de que ainda há tempo, mas então a família do marido aparece na sua casa com uma jovem moça que eles apr...

Viajante

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Por Rafael Kafka Eduardo Arroyo Dedicado a Larissa Oliveira Traveler é um dos personagens de Cortázar e da literatura em geral que mais me intrigam. Temos algo em comum e talvez esse ponto de união seja o que me intriga tanto nele: apesar do nome, Traveler é preso a Buenos Aires, assim como me sinto preso a Belém. Duas cidades que viraram as costas para o rio, se prestarmos atenção ao que dizem os moradores belenenses mais compenetrados e os narradores do filme Medianeras . Traveler parece se ressentir do amigo Horácio que sofre existencialmente em amores turvos com sua Maga brincando pelas ruas de Paris e volta a Buenos Aires escorraçado. Traveler é antítese: o sofrimento de não poder vagar diante do sofrimento de quem não consegue se achar. Semana passada, eu me senti mais Traveler do que nunca. Quando me deparei com Larissa no aeroporto, fiquei chocado em perceber a disparidade de duas pessoas com idades consideravelmente distintas, eu quase nos trinta e el...

Vesuvio, de Zulmira Ribeiro Tavares

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Por Pedro Fernandes Qual o motivo da poesia? Esta pergunta junto a outra, aquela que ensaia um conceito sobre a poesia, deve se constituir uma das questões mais recorrentes no âmbito da Teoria da Literatura, campo do saber interessado em estabelecer compreensões acerca da arte manifestada pela escrita e logo da problematização e discussão sobre fenômenos que a determinam e a constituem. De alguma maneira, Vesuvio se prontifica a transformar essa questão-problema em expressão artística, ainda que não apareça assim designada em nenhuma parte do livro. Mas, se a questão não se apresenta tal e como, então como determinar que ela se constitui na preocupação principal da poeta? Estas anotações sobre o livro de Zulmira Ribeiro Tavares tentarão responder não à primeira questão – porque ela pertence a um debate que não interessa por enquanto tomar partido – e sim à última. Evidentemente que essa tentativa não deixa de cumprir, certamente, em apresentar algumas inquiet...

J. P. Donleavy: Um safado em Dublin

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Por José María Guelbenzu James Patrick Donleavy é um escritor estadunidense nascido em Nova York, em 1926. Seu primeiro romance Um safado em Dublin (tradução de The ginger man ) encontrou sérias dificuldades para publicação por causa de seu conteúdo suscetível de ser julgado por obscenidade. A editora Olympia Press – a mesma que um dia, muito anos antes, trouxe à luz outro romance igualmente tachado de obsceno, o Ulysses , de James Joyce – foi quem se atreveu a publicá-lo em 1955 e não apareceu nos Estados Unidos até 1958. Um safado em Dublin acabou por causar um grande impacto e hoje figura como um clássico do século XX na lista dos cem grandes romances deste período elaborada pela Modern Library. O leitor que enfrenta hoje este livro pensará imediatamente em Charles Bukowski, um medíocre escritor que se tornou moda em nosso país há uns quantos anos por sua condição de alcoólatra e desleixada indiferença. A comparação é certamente interessante porque entre Buk...

Uma caneta chamada García Márquez

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Por Winston Manrique Sabogal Numa noite festiva de sexta-feira, onde havia sido um lugar de resistência de escravos em Cartagena das Índias, acendeu-se a luz do jornalismo e do futuro em Gabriel García Márquez. Tinha 21 anos, estava sem trabalho e o destino desfeito seus planos de estudar Direito e escrever contos para oferecer-se um futuro em que se viu aterrorizado quando um amigo, com música para todo tambor, lhe propôs tentar a sorte como jornalista. “Soube aprender o ofício e poetizá-lo desde aqueles dias da origem de repórter ligado ao escritor e romancista que está buscando a si próprio”, explica Dasso Saldívar, autor de sua biografia Gabriel García Márquez: viagem à semente . Passagens dessa geografia jornalística estão em O escândalo do século (tradução livre: Literatura Random House), com prefácio de Jon Lee Anderson, uma antologia que reúne meia centena de crônicas, reportagens e artigos selecionados por Cristóbal Pera. Tudo começou há setenta anos. Garcí...

Elogio ao contador de histórias

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Por José Manuel Fajardo O escritor Italo Calvino. É difícil determinar qual é o lugar, o alcance, a importância que a literatura tem para os seres humanos. Poderia se pensar que na realidade é um assunto que concerne basicamente à maioria formada por leitores de livros. Talvez, tomando nota dos tempos audiovisuais em que vivemos, poderia se ampliar essa influência aos que desfrutam dos filmes e séries de televisão que se inspiram em romances ou em obras para o teatro. Esses cálculos, por sua vez, sempre são suspeitos, porque a literatura, em sua dimensão narrativa, ocupou e ocupa um lugar central na vida de toda a humanidade: leitores e analfabetos, curiosos e não-curiosos, ricos e pobres. Como dizia uma personagem de William Shakespeare, a vida é um conto cheio de som e fúria contado por um louco. Talvez a crueldade, a brutalidade e a loucura não façam parte necessariamente da vida, mas o que não resta dúvida é que esta é sempre para os seres humanos um conto, um roma...