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Boletim Letras 360º #326

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Começo de semana de riquezas para os leitores do Letras in.verso e re.verso. Em nossa conta no Instagram realizamos o sorteio da nova edição de Grande sertão: veredas , de João Guimarães Rosa (Companhia das Letras); foi o segundo sorteio deste livro entre os que acompanham o blog a partir das redes sociais, o primeiro foi em nossa página no Facebook. Bom, e nesse espaço realizamos outro sorteio: há muito estávamos com uma enquete que perguntava aos leitores sobre o conteúdo disponibilizado na página e os interessados em concorrer a um livro surpresa bastavam deixar um comentário na enquete depois de votarem. Noutra ocasião, quando o livro chegar às mãos da ganhadora (foi uma leitora do Rio de Janeiro) divulgaremos qual era o título em questão. Agora, vamos às notícias da semana por lá. Euclides da Cunha. O evento que sublinha homenagem à sua obra divulga programação. Segunda-feira, 13 de maio Escritora conhecida por seus cordéis, Jarid Arraes estreia no gênero dos con...

O erudito, o popular e a doce virtude da ignorância

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Por Rafael Kafka ©Bruno Novelli Sempre tentei entender por que as pessoas são tão apaixonadas pelos filmes de super-heróis. Mesmo em minha fase adolescente tendo sido um entusiasta dos desenhos animados japoneses, certas condutas típicas de geeks e otakus me aborreciam, como essa vontade de fazer cosplays . Ao mesmo tempo, porém, havia em mim uma certa sensibilidade imaginativa provocada em demasia pelos temas discutidos dentro de animes e mangás e muitas vezes me peguei envolvido com personagens desse universo em um grau maior do que com o tido com pessoas do mundo real. Mas o meu purismo prevaleceu sobre meu bom senso e durante anos eu julguei pessoas que gostavam de filmes de super-heróis como tolas e infantis. Demorei a me libertar dele e demorei mais ainda para decidir ver um filme e avaliar por conta própria o charme dessas obras de arte. Por mais que nunca tenha lido nada dos autores os quais se utilizam do conceito de indústria cultural, esta foi uma noção m...

Uma foto, Salinger!

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Por Juan Tallón J. D. Salinger no clássico e icônico registro de Paul Adao. Passavam-se os anos e J. D. Salinger, assediado pelo sucesso de O apanhador no campo de centeio (1951), não dava sinais de vida; nem publicava, nem se deixava ser visto. Mas, sabia-se que escrevia e o resultado era guardado a sete chaves. Admitiu em algumas das poucas entrevistas que concedeu aos jornalistas que aprenderam ao longo dos anos como falar com o escritor em New Hampshire. “O que importa é apenas a literatura”, disse a Betty Eppes em 1980, quando aceitou falar com ela depois que a jornalista lhe deixou uma nota explicando que estaria num Pinto azul celeste parado próximo da ponte coberta que havia ao lado da casa dele. Em 1977, ante o silêncio literário que começava a durar demasiadamente, o editor de ficção da revista Esquire , Gordon Lish, ouviu dizer de seu chefe que não seria mal publicar uma bomba. Lish era um tipo ágil e tão logo pode – e pode nessa mesma noite – embria...

Shane: um olhar sobre a violência no cinema western

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Por Davi Lopes Villaça Um dos momentos-síntese do clássico cinema faroeste, Shane (1953), do diretor George Stevens, ajudou a compor aquele vasto universo ficcional, livremente inspirado na história da colonização do oeste dos Estados Unidos, que se enraizou no imaginário do público (não só do americano) como mito fundador de toda uma nação. O filme aborda uma questão bastante delicada, referente à contraditória relação de dependência entre civilização e violência. Uma pequena colônia de fazendeiros é hostilizada por um bando de vaqueiros que deseja expulsá-los da região para dar mais pasto a seus rebanhos. Os dóceis colonos não têm força nem coragem para medir-se com seus inimigos. Além disso, recorrer à violência implicaria trair aquilo que eles mesmos representam: o ideal de uma sociedade pacífica, baseada na justiça e não na lei do mais forte. Como pode o civilizado derrotar o bárbaro, que justamente por ser bárbaro é mais forte do que ele? Mais ainda, como pode...

O naturalista da ficção

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Por Andrés Olascoaga Em 1986, o médico russo tornado dramaturgo Anton Tchekhov apresentou nos palcos de São Petersburgo sua primeira grande obra de teatro – A gaivota , uma peça em quatro atos na qual colocava em questão as relações românticas e artísticas entre quatro personagens: um dramaturgo experimental com problemas familiares, um famoso escritor, uma atriz em decadência e uma ingênua garota. A obra, apesar de parecer centrar-se apenas num círculo alto da sociedade russa de finais do século XIX, conseguia capturar o sentir do povo, uma vez rodeada por conflitos de classe e o início da queda do grande império russo. Apesar da evidência de seu talento, a peça foi um grande fracasso. Tchekhov, um homem que sempre havia encontrado nas letras um veículo para a liberdade e a sobrevivência, pensou então renunciar à literatura. Mas, e como qualquer amante do teatro pode constatar, a situação foi só um dos desafios que o autor russo precisou enfrentar para se conv...