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Jojo Rabbit, de Taika Waititi

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Por Pedro Fernandes Jojo Rabbit é, para um diretor cuja filmografia inclui algumas das mais recentes adaptações das HQs Marvel para o cinema ou a feitura de filmes menores dos estúdios Disney, um ponto fora da reta. Não é apenas por ser sua saída da zona de conforto que é dar vida a um universo cuja existência prescinde mais de comandar uma extensa e criativa equipe técnica; é por ingressar no território que não permite unanimidades. Não é o caso de os blockbusters atuarem como um fenômeno unânime, mas as dissidências aparentemente são menores, visto que são produções cujos interessados guardam certa correlação de expectativas. As diferenças são ainda mais acentuadas se repararmos que o filme de 2019 não apenas foge desse padrão como revisita um dos temas mais polêmicos e repugnantes na nossa curta história das ideologias: o nazismo de Adolf Hitler e seu partido. Situado entre as frágeis fronteiras do humor negro, este trabalho de Waititi, que é baseado no livro O céu que...

Primeiras estórias: o alvorecer do estilo tardio

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Por Guilherme Mazzafera A publicação de Primeiras estórias em 1962, em parte prenunciada pela disseminação de alguns dos textos n’ O Globo a partir de 1961, impinge um ponto de virada na obra de Guimarães Rosa que talvez possa ser pensado como a passagem da diástole à sístole. Uma possível interpretação teleológica da obra rosiana como um todo poderia se ancorar no pressuposto estruturante das formas literárias (e seu esgotamento) enquanto uma espécie de odisseia da linguagem em busca de sua essencialidade, tendo como meta final o silêncio comunicante. A concisão progressiva da escrita após um período inicial de grande diástole (os contos longos de Sagarana , o ciclo de novelas de Corpo de baile e um romance de fôlego e fluxo como Grande sertão: veredas ), culminando nos contos breves de Primeiras estórias e nos “romances em potencial comprimidos ao máximo” (RÓNAI, 2009, p. 21), que são os quarenta microcontos de Tutameia , parece evidenciar uma forte necessidad...

Philip K. Dick: o “beat” que escrevia romances de desilusão amorosa

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Por Juan Manuel Santiago Philip K. Dick está vivo e nós estamos mortos. Seu corpo físico findou em 1982 aos 53 anos, mas sua obra e seu legado estão atualmente mais vigentes que nunca. Situada em 2019, em 1º de janeiro de 2020, Blade Runner , a adaptação cinematográfica de sua obra mais lembrada, se converteu num objeto retrofuturista, vintage inclusive: já não nos parece um filme sobre nosso futuro intersubjetivo, mas sobre um futuro possível que sabemos que não pode existir. Começa, assim, um bom momento para que falemos menos sobre Blade Runner (não leiam mal: esta é minha película favorita) e mais sobre sua fonte de inspiração: o romance Androides sonham com ovelhas elétricas? , sobre o qual Blade Runner 2049 , de Denis Villeneuve é mais fiel que a fita de Ridley Scott. É bom escrever sobre Philip K. Dick de tempos em tempos porque sempre existe algo novo para dizer; um enfoque diferente sobre o qual situar o texto. Falar sobre Philip K. Dick agora já não é...

Boletim Letras 360º #364

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DO EDITOR 1. Na edição seguinte deste Boletim, o leitor saberá os nomes dos novos colunistas do blog. No início de 2020, depois de uma ligeira consulta através do nosso Instagram, reabrimos chamada para interessados em fazer parte do Letras: recebemos o total de duas dezenas de inscrições que estão, desde o início da semana, sob análise. E, pelo visto até agora, há novidades deveras interessante – não deixe de ficar atento por aqui e-ou em nossas redes sociais. 2. Por falar em redes sociais, foi no Instagram que vi nascer um projeto noticiado a seguir e que convido o leitor a conhecer e colaborar. Reitero o que escrevi no Twitter (@pedro_letras): Sempre que posso quando encontro projetos bonitos, ousados e independentes (de conhecidos ou não) com arte e cultura não deixo de estender minha contribuição. As vezes o apoio é financeiro, outras só o apoio moral, disponibilizando os espaços online que têm minha mão para divulgação. Eu não tenho, obviamente, o pueril sonho de sal...