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Boletim Letras 360º #398

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    DO EDITOR   1. Saudações, caro leitor! Apresento a edição n.395 do Boletim Letras 360º, uma post semanal criada desde quando os algoritmos do Facebook passaram a trair nós todos. Reúnem-se aqui todas as notícias compiladas ao longo da semana naquela rede social. Boas leituras! João Cabral de Melo Neto. O centenário do poeta é motivo para a edição 21 da revista 7faces .   LANÇAMENTOS   Uma edição a altura do centenário de João Cabral de Melo Neto .   O poeta brasileiro nasceu a 9 de janeiro de 1920. E para celebrar os 100 anos de seu nascimento a revista 7faces dedicou toda a edição 21. Este número está organizado em quatro momentos distintos e dialogantes, compostos os três primeiros por quatro textos. A primeira seção conversa sobre aspectos interiores da poética de João Cabral; a segunda, avança sobre temas, isto é, os textos tratam sobre aspectos de maior espectro; e, a terceira, sobre os diálogos mantidos entre a poética cabralina e outras textuali...

A vez e a voz das escritoras latinas

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Por Fernanda Fatureto     Mariana Enríquez. Foto: Nora Lezano. Mariana Enríquez é uma das principais escritoras latino-americanas em destaque no exterior; esteve na 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ano passado para falar sobre o seu trabalho e lançar um novo livro Este é o mar (Intrínseca) – publicado no Brasil este ano. Nascida em Buenos Aires em plena ditadura militar argentina, na década de 1970, presenciou os horrores da repressão e das disfunções sociais causadas pelo regime político. A escritora faz parte de uma geração de escritoras latinas que tem conquistado reconhecimento e os principais prêmios internacionais junto a nomes como a argentina Samanta Schweblin, a mexicana Valeria Luiselli e a brasileira Ana Paula Maia. Ganhou o prêmio espanhol Herralde de Novela em 2019 pelo romance Nuestra parte de noche . Também recebeu o prêmio Ciutat de Barcelona, dois anos antes.  Mariana Enríquez é autora de mais de dez livros, como As coisas que perdemos...

Sobre um retrato de Machado de Assis

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Por Pedro Fernandes Não faz muito tempo e passamos por uma intervenção proposta pela Faculdade Zumbi dos Palmares que chamava a atenção para um Machado de Assis preto. A ideia sob o título de “Machado de Assis real” visava, segundo palavras do texto então divulgado, constituir uma “errata histórica feita para impedir que o racismo na literatura seja perpetuado”. Os manifestantes chamavam a atenção para um Machado de Assis negado pela elite intelectual do país com tentativas de branqueamento dos registros fotográficos sobre o escritor. O chamado apresentava uma revisão em cores ( veja aqui ) de uma fototipia do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas realizada por volta de 1892 de autoria atribuída a Juan Gutierrez (imagem). 1   Passou-se um ano da ideia e se considerarmos a sua repercussão parece que arrefeceu os ânimos de uma discussão antiga. Como toda imagem de apelo emocional, o manifesto logo se converteu viral nas redes sociais, depois alcançou projeção em vários jornais ...

O que teríamos feito sem Ursula K. Le Guin?

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Por Laura Fernández   Ursula K. Le Guin nunca quis ser escritora. Mas foi, sem mais delongas. “Não me lembro de ter feito outra coisa senão escrever”, respondia a qualquer pessoa interessada quando deu o passo definitivo. Desde criança, escrevia. Enviou seu primeiro conto para uma revista quando tinha 11 anos. Recebeu uma carta de recusa. Demorou mais dez anos para enviar qualquer outra coisa a qualquer lugar novamente. E o que conseguiu? Outra carta de rejeição. “Você escreve bem”, dizia a carta, “mas não sabemos exatamente o que você faz.” A época? Meados da década de 1950, quando ainda não existia uma ficção científica e literatura de fantasia que fosse considerada como tal. Na ficção científica reinava a chamada hard sci-fi , ou seja, aquela que tendia a dar detalhes técnicos, a justificar, em certo sentido, o papel da ciência numa época em que ainda ninguém confiava excessivamente nela, popularmente falando. No que diz respeito à Literatura com maiúsculas, esta era feita pelo ...

Júlio Verne: uma viagem ao coração do mar

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Por Juan José Rodríguez O capitão Nemo observa um polvo gigante da cabine do Nautilus. Gravura de Alphonse de Neuville e Edouard Riou, 1870. O quanto alguém tão peculiar como Júlio Verne ainda incendeia em nossas mentes? Ele não foi um Charles Dickens, um Balzac ou muito menos um Dostoiévski, mas toda a sua obra é uma coluna fundamental quando se trata de explicar o grande impacto da literatura nas sociedades modernas. Sem a sua presença não haveria marcos monumentais como a divulgação lúdica da ciência, a cultura do entretenimento, o gosto pelas viagens e o respeito sagrado pelas regiões desconhecidas da natureza. Júlio Verne ainda nos cativa com seu ar de Art Nouveau ― os especialistas em cultura francesa diriam Segundo Império ― com sua voz antiga de antiquário e sua cenografia de espaços abertos em horizontes desconhecidos. Sua prosa de folhetim, planejada para manter em suspense um leitor muito mais cavalheiresco do que o atual, hoje padece de digressões doutorais, pois o desej...