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Boletim Letras 360º #429

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DO EDITOR   1. Caro leitor, o Letras apresenta a seguir as notícias apresentadas durante a semana na sua página no Facebook e o conteúdo das demais seções de leitura criadas em momento posterior à existência deste Boletim. Reitero os agradecimentos pela companhia. Boas leituras! Annie Ernaux. Foto: Mehdi Chebil.   LANÇAMENTOS O novo projeto da editora Pinard inclui dois novos títulos para a coleção Prosa Latino-americana — iniciada pelo romance venezuelano Dona Bárbara, de Rómulo Gallegos . Seu apoio pode ser dado aqui .     1. Esgotado há mais de 30 anos no Brasil, Eu o supremo foi lançado em 1974 no Paraguai e se tornou um clássico instantâneo, sendo traduzido rapidamente para mais de 20 idiomas. Até hoje, é considerado o romance mais famoso e mais importante do país — sendo também uma das obras sobre ditaduras mais representativas da América Latina. Nesse romance, Roa Bastos parte da biografia do ditador José Gaspar Francia para tentar narrar o perfil do dirigen...

A violoncelista, de Michael Krüger

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Por Pedro Fernandes Michael Krüger. Foto: Matthias Ziegler   “O mundo nasceu de um soluço e vai acabar num soluço. Assim como Deus se entediou ao brincar com a matéria morta, com as esferas incandescentes que, numa órbita mais ou menos precisa, zuniam-lhe ao redor da cabeça, sem um desvio perceptível ou contingência, vai entediá-lo também assistir às mascaradas sempre renovadas dos homens. E, de qualquer forma, ele não entende nada de música contemporânea. Parou em Bach.”  O autor dessas palavras, se não enfurecidas, repletas de um cortante sarcasmo, é um compositor alemão que, situado no outono da sua vida — pessoal e profissional — se mostra interessado passar a limpo uma existência devotada ao interesse continuado pela música. A essa altura, transita entre o limite de compor uma peça musical acerca da morte da lírica tendo por base a vida e obra do poeta russo Óssip Mandelstam e o contato de maneira repentina com o seu passado a partir da chegada em sua vida de Judit, a jov...

Guimarães Rosa, copidesque de Mário de Andrade

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Por Guilherme Mazzafera João Guimarães Rosa à máquina de escrever. Arquivo Conselheiro Guimarães.   “A língua portuguesa, aqui no Brasil, está uma vergonha e uma miséria”. Esta formulação se encontra em uma carta de João Guimarães Rosa a seu tio Vicente Guimarães, datada de 11 de maio de 1947. Nela, com verbo pungente e desabrido, Rosa delineia uma poética precisa para a qual a emergência de “novos tempos” exige uma postura diversa dos escritores perante sua matéria, mudança que permitiria reabilitar a arte “depois de longo e infeliz período de relaxamento, de avacalhação da língua, de desprestígio do estilo, de primitivismo e de mau gosto” (GUIMARÃES, 2006, p. 134). Não é difícil perceber nessa enumeração algumas críticas a propostas do primeiro Modernismo, em especial à noção do primitivismo, do relaxamento e avacalhação da língua propiciada por uma atitude demasiado irreverente ao estilo. Figura central do movimento e espécie de demônio tutelar de Rosa, o acerto de contas com Má...