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Boletim Letras 360º #449

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DO EDITOR   1. Caro leitor, estas são as notícias que passaram pela página do blog no Facebook durante a semana e as algumas dicas para encontrar outras leituras dentro e fora deste espaço — mantemos ainda o especial interesse na marcação dos sete séculos sobre a morte de Dante Alighieri registrados no último dia 14 de setembro. Muito obrigado pela companhia. Boas leituras! A estreia no Brasil do premiado escritor inglês Max Porter. Foto: Francesca Jones.   LANÇAMENTOS   Uma seleção de textos de Carlos Drummond de Andrade em diálogo com a fotografia .   Vasto mundo  traz uma seleção de poemas, aforismos e textos em prosa, extraídos da obra de Carlos Drummond de Andrade, acompanhados de imagens capturadas pelo fotógrafo Adriano Fagundes ao longo de 30 anos de viagens pelo mundo, realizadas entre 1991 e 2021. A visão do poeta mineiro, que soube captar o “sentimento do mundo” desde seu gabinete de trabalho, mais o olhar certeiro do fotógrafo, que percorre vários co...

Alguns dias no Brasil de Bioy

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Por Joaquín Correa Adolfo Bioy Casares. Foto: Ulf Andersen   Trinta anos depois da viagem de Robert Arlt ao Brasil, em julho de 1960, Adolfo Bioy Casares viaja ao Rio de Janeiro a convite do PEN Club como integrante da delegação argentina para participar de um de seus encontros. A essa altura já tinha publicado os seus melhores trabalhos e o seu nome estava próximo ao de Jorge Luis Borges graças à forte amizade que construíram e ao trabalho conjunto. Quer dizer: a viagem de Bioy será, assim — como foi a de Arlt e três décadas depois —, uma consequência do seu sucesso. Apenas sua classe e a atividade de escritor deixarão essa variável implícita. Alguns dias no Brasil (Diário de viagem) abre com uma epígrafe de Horácio: “Non recito cuiquam, nisi amicis”, e devemos lembrar agora que a primeira edição de 1991 teve uma tiragem reduzida de 300 exemplares e destinava-se apenas à circulação entre amigos e íntimos. O registro privado da escrita do diário de viagem, então, tornou-se públic...

O feiticeiro, de Xavier Marques

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Por Pedro Fernandes   É recorrente entre os leitores um argumento que, talvez por se repetir com alguma frequência, adquiriu um estatuto de verdade inquestionável e todos nós, alguma vez, teremos nos utilizado dele: é o de que tempo é sempre o melhor indicativo sobre a permanência de uma grande obra literária. Sim, todos os livros que lemos como clássicos da literatura resistiram às forças de Cronos. Mas não existem quaisquer garantias, mesmo se continuarmos a existir por tempo posterior igual ao que alcançamos, que estas obras permaneçam lembradas e lidas com o fervor notável na nossa contemporaneidade.   Da mesma maneira que a permanência de um livro não se deve exclusivamente ao tempo, parece limitado entender os esquecimentos como um acontecimento proposital, motivado em exclusivo pelas artimanhas das ideologias dominantes. Nesse caso, a tendência tem demonstrado o seguinte: as obras filiadas estreitamente aos motivos ideológicos correntes estão entre as primeiras fadadas...

8 ½, O sonho de Bartleby

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Por Miguel Faus   Não tenho nada a dizer… mas mesmo assim tenho que dizer. (Guido Anselmo, 8 ½ )   Robert Walser sabia escrever que não se pode escrever também é escrever. (Enrique Vila-Matas, Bartleby e companhia ) Frame de 8 1/2 , de Frederico Fellini.   Em 1962, após o sucesso esmagador de La dolce vita , Fellini estava prestes a se calar para sempre e se juntar a Bartleby e companhia. Sabe, aqueles artistas que um dia param de criar e abraçam o modo de vida do escriturário do conto de Melville que sempre, ao se deparar com qualquer proposta, prefere não a fazer. Convertido já num diretor aclamado em todo o mundo, e com um cheque em branco para filmar o que quisesse, o cineasta de Rimini passou por uma terrível crise criativa e se viu, da noite para o dia, sem nada para dizer. A pressão do público, dos jornalistas, dos produtores e, acima de tudo, a pressão sobre si mesmo não parava de aumentar… e Fellini estava à beira do colapso. Mas, quando estava para desistir, aco...

Dante nas artes plásticas

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Por Felipe Jiménez   A Biblioteca Apostólica Vaticana de Roma e o Museu de Impressões e Desenhos de Berlim guardam um verdadeiro tesouro do Renascimento. Foi necessária a intervenção de três gigantes de seu tempo para que esta obra-prima viesse à luz: Dante Alighieri (Florença, 1265-Ravena, 1321), autor de A divina comédia , obra fundacional da literatura em língua italiana; Lorenzo di Pierfrancesco de Médici (Florença, 1463-1503), mecenas e grande protetor dos artistas; e Sandro Botticelli (Florença, 1445-1503), pintor de algumas das obras mais emblemáticas do Renascimento e um dos criadores que mais contribuíram para o esplendor de Florença. Para a concepção desta obra, Dante contribuiu com a inspiração temática; Lorenzo de Médici, com o convencimento sobre a necessidade de representar o poema e os meios para isso; e Botticelli que colocou todo seu gênio criador a serviço de um projeto que era um verdadeiro desafio.   O artista imortalizaria a beleza em criações como O nasci...