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Boletim Letras 360º #471

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    DO EDITOR   1. Caro leitor, durante a semana foi levantada uma pesquisa de ocasião no Instagram do blog sobre o conhecimento dos que acompanham o Letras nesta rede sobre a existência deste Boletim. Ainda foi alto o percentual dos que desconhecem, 33%.   2. Continuaremos insistindo em falar mais desta e de outras publicações daqui neste outro espaço da web . O interesse ali começa e decai, começa e decai, porque os retornos são baixíssimos. Bom, tudo pode ser a crise de um adolescente, mas é ainda uma interrogação sobre o efetivo papel das redes e da relação que desenvolvemos com elas.   3. Avancemos. Continuo a lembrá-lo sobre o terceiro sorteio entre o clube de a apoiadores do Letras . A editora Bandeirola disponibiliza três livros do seu catálogo. Quer apostar na sorte? Convido a saber mais sobre e, claro, a participar, acessando aqui . Nesta página, você entra em contato ainda com outras maneiras de ajudar com os custos de domínio e hospedagem do Letras...

Sobre assistir BBB e ser cult

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Por Rafael Kafka A. R. Penk   1 Volto a escrever para o Letras um ano depois sobre um tema muito curioso. Uma confissão na verdade: a pandemia me fez assistir ao Big Brother Brasil. Escrevi em meu blog pessoal sobre as questões emocionais e mentais que me levaram a parar de escrever publicamente e mesmo em meu diário pessoal sobre diversos temas, para não dizer todos. A escrita virou algo pesado para mim, uma forma de me exibir a qual me soava perigosa ao extremo.   Não quero ser vítima isolada, mas a pandemia me fez mal. Por causa dela, meu psicológico que já andava claudicante piorou demais. No meio da pandemia, eu simplesmente não consegui mais ler e fazer dos livros um horizonte de diferença num mar de mesmidade. O absurdo palpável é a mesmidade.   Deitado em minha cama, eu olhava para meu notebook e seus streamings e para meus livros e ebooks do Kindle e nada me chamava a atenção. Fiquei curioso de ver Baudelaire compondo poemas sobre spleen e melancolia em tempo...

O que pensar da força invisível do cotidiano?

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Por Tiago D. Oliveira   O que pensar do cotidiano, este sono sem sonho? Talvez o que a poesia perceba é exatamente a sua força raiz que se figura como um nome. O que nomina tem a potência que carrega o mundo, as coisas, as pessoas. O nome é o incêndio que sustenta a razão. O escudo, a espada que re/define a linha tênue que nos define vivos na carne ou na memória. Pensar as relações possíveis que o tamanho da palavra pode causar, pensar aqui é estrofe, é verso.   Em Lumes , novo livro de poemas da portuguesa Ana Luísa Amaral editado no Brasil pela Iluminuras, o leitor encontra o livro What’s in a Name? , editado em Portugal pela Assírio & Alvim, somado a outros poemas inéditos. Outro diferencial da edição brasileira é o posfácio feito pelo escritor e professor Fernando Paixão.   Logo no primeiro poema que abre o livro, “What’s in a name”, lemos — o que há num nome? — o que ampara pensarmos tudo o que o nome esconde. O nome pode garfar, abrir ou fechar portas, o que c...

Belfast, de Kenneth Branagh

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  Por Solange Peirão   Belfast , o filme, abre-se com uma bonita vista área panorâmica da cidade moderna. Depois, a câmera passeia, mostrando em visão frontal alguns dos mais expressivos monumentos locais, do antigo Belfast City Hall e Belfast Castle, ao arrojado Museu do Titanic. E o mural de rostos severos dos trabalhadores, do início do século XX, anuncia a passagem dessa apresentação colorida da cidade para a narrativa principal da história, em preto e branco, que começa a ser contada em 1969.   O filme de Kenneth Branagh é um dos indicados ao Oscar de melhor filme em 2022.  Trata-se desse reputado ator shakespeariano, que aqui assina o roteiro e a direção.   De certa forma, é um filme memorialista, visto que Kenneth Branagh passou a infância em Belfast, sua cidade natal, antes da emigração posterior da família para a Inglaterra.  E ali vivenciou, em parte, os conflitos do período entre 1968 e as décadas seguintes, historicamente conhecido como The Tro...

Um homem só, de Christopher Isherwood

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Por Sérgio Linard Christopher Isherwood. Foto: Cynthia Gould.   Quando temos algum amigo, conhecido ou, também, quando estamos passando por uma fase melancólica da vida, seja por perda seja por ruptura, adotamos o espaço comum que prontamente anuncia: o tempo há de curar. Esse eterno e constante fator na vida de todos está sempre associado a um remédio para as fases ruins e/ ou desagradáveis pelas quais passamos, de modo que parece ser um resultado esperado para essa perspectiva o de que tudo aquilo que sobreviva a este incontornável tempo é bom, melhor ou “tinha de ser”.   Nas artes isso não se comporta de forma tão distinta. É também um lugar comum aquele em que se constata que uma obra artística de qualidade só merece esta alcunha se tiver, necessariamente, sobrevivido ao tempo. “Veja só, Machado de Assis escreveu há um bom tempo e permanece atual”, “Dante Alighieri, autor de uma obra prima, dialoga conosco até hoje, mesmo depois de tanto tempo .” Nas rodas de leitores, ...

Um leitor (quase dialético) de Sagarana

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Por Felipe de Moraes Antonio Candido na zona rural de Bofete (SP), em janeiro de 1948, durante trabalho de campo para pesquisa que levaria a Os parceiros do Rio Bonito .    Uma “crítica integradora”   “a arte [...] tem uma funcionalidade imediata social, é uma profissão e uma força interessada na vida.” — Mário de Andrade, “O Movimento Modernista”   Roberto Schwarz disse em mais de uma ocasião que a obra ensaística de Antonio Candido deve estar ao lado das obras Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr. (1999, p. 12). A princípio, essa vizinhança poderia soar estranha, pois ela estabelece uma proximidade entre um estudioso da literatura e autores que produziram obras de caráter intrinsecamente sociológico e histórico no esforço de uma interpretação do Brasil que levasse em conta seus aspectos sociais e econômicos. O estranhamento provocado pela fala de Schwarz desaparece, no entanto, quando a obra de Antonio Candido é lida com atenção, a ponto de se...