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Boletim Letras 360º #472

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DO EDITOR   1. Caro leitor, entramos no mês quando realizaremos o terceiro sorteio entre os apoiadores do blog. Essa é uma ideia criada para levantar os custos anuais deste projeto com domínio e hospedagem na web e para participar é simples: sem qualquer fidelidade, você pode se inscrever e participar dessa e de outras promoções.   2. Saiba tudo aqui , incluindo outras formas de ajudar: uma delas é que, na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras .     3. Em nome do Letras , obrigado pela companhia e pelo apoio! W. H. Auden. Foto: George Platt Lynes      LANÇAMENTOS   As aulas de W. H. Auden sobre William Shakespeare .   Entre outubro de 1946 e maio de 1947, com frequência semanal, Auden dá uma série de aulas na New School for Social Research de New York, dedicadas ao teatro e aos sonetos de Shakespeare. Mas engana-se quem imagina terem sido seminários sisudos...

Pier Paolo Pasolini escritor: a revolução permanente

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Por Luis Antonio de Villena Pier Paolo Pasolini. Foto: Imago Images/ Leemage Dizemos bem. A revolução começa e termina, e muitas vezes mal. Trótski estava equivocado: não a revolução, mas a rebelião. Esse foi o signo de Pier Paolo Pasolini, toda a sua vida, quase desde seu nascimento em Bolonha, até agora um século depois. Seu pai (militar) e sua mãe (professora primária) não seguiram caminhos muito semelhantes, e Pier Paolo escolheu o caminho de sua mãe.   Em anos incertos, e já com o fascismo no poder, viveram em muitos lugares, vários no Veneto. Pasolini estudou em Bolonha, mas acabou na cidade da parte da família materna, Casarsa, onde se fala o friulano. Em 1941 publicou um pequeno livro de poemas, Versi à Casarsa , que chamou a atenção de Gianfranco Contini, que se tornaria um crítico muito notável. Pasolini deu aulas — não permitidas — no lugarejo. E conta-se que sua descoberta sexual (também um vetor de seu trabalho) começaria então com um de seus alunos, por volta de 1944....

Uma pequena biblioteca modernista

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Caipirinha. Tarsila do Amaral. Óleo sobre tela, 1923. Em “A Semana de Arte Moderna de 1922. Revisitações”, Pedro Fernandes sublinhava que a melhor maneira de compreender o papel para a literatura brasileira do agora evento centenário consistia em ler a obra dos modernistas em diálogo com seus antecedentes e com as influências que negaram ou buscaram se desviar. Ora, essa observação válida para quaisquer conceitos ou aparelhos crítico-teóricos derivados da literatura ou que se preocupe pensar o texto literário, pode ter levado o leitor a se perguntar quais são essas obras. Foi dessa inquietação que pensamos preparar uma lista de leitura com alguns atalhos para o nosso curioso leitor.   A primeira dificuldade foi estabelecer um recorte capaz de abrigar um número significativo de obras da literatura brasileira possíveis de filiarmos aos pressupostos da Semana. Isso porque, a parte significativa da produção literária naturalizada nessas diretrizes — isto é, sem demonstrar certo didatis...

A mão de Deus, de Paolo Sorrentino

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Por Pedro Fernandes   Até agora o ponto central da obra de Paolo Sorrentino é o premiado La grande bellezza , filme que o revela pelo reconhecimento unânime nos principais festivais. O curioso é que tão cedo, o diretor italiano tenha recorrido ao substrato da memória individual para a composição de È stata la mano di Dio . Não existe regras para a adesão de um criador ao autobiográfico, é claro. O que existe com alguma recorrência é que esse interesse se apresenta no zênite de uma obra. No caso desse trabalho, a guinada para o pessoal se constitui uma resposta muito própria a uma matriz narrativa que parece começar com This Must Be the Place : a do criador multiplamente reconhecido que atravessa uma crise que pode incluir a vida presa numa espiral de acontecimentos desagradáveis.   No filme de 2021, Sorrentino aposta numa virada. Quer não mais investigar a crise criativa, mas os meandros que poderá levar seu protagonista ao ponto máximo de sua criação. Contado pelo ponto de vi...

Sinfonia Ilitch I

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Por Michele Soares   Na avenida, dura até o fim — Elza Soares Nikolai Dmitrievich Kuznetsov. Piotr Ilitch Tchaikovsky. Óleo sobre tela, 1893.   “Esta noite um gato chorou tanto que tive uma das mais profundas compaixões pelo que é vivo. Parecia dor, e, em nossos termos humanos e animais, era. Mas seria dor, ou era ‘ir’, ‘ir para’? Pois o que é vivo vai para”. O texto que o leitor acaba de ler é uma crônica de Clarice Lispector, cujo título é “Ir para”. Publicada em 16 de setembro de 1967, na coluna que a autora mantinha no Jornal do Brasil , li a crônica de Clarice pela primeira vez no alto dos meus dezesseis anos. Como é natural de um olhar menos disciplinado, ainda fresco para a literatura — e, quem sabe, por isso mesmo tão mais sincero —, eu senti a força do impacto das suas palavras, antes de buscar entender o que elas significavam.   Hoje, anos depois, é sem hesitar que afirmo como ainda não alcancei conclusão alguma, não tenho sequer uma hipótese. Mesmo assim, quan...