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Do livro para a tela: adaptações das três grandes damas do romantismo

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    Por Alicia Medina   As três autoras do romantismo por excelência foram Emily Brontë, Mary Shelley e Jane Austen, cujas obras permaneceram imortais, tanto para os leitores que a elas voltam vezes sem conta, como para o cinema, que soube adaptá-las a cada época, contexto social e gostos dos espectadores. Desses filmes, os que respeitosamente transgrediram a obra original foram os que melhor transmitiram sua alma, não importa que Luis Buñuel tenha mudado o morro dos ventos uivantes para uma fazenda mexicana, que a criatura de Frankenstein tivesse uma namorada drag ou que agora falemos de preconceitos que têm a ver com classe, cor da pele, gênero e orientação sexual, desde que a adaptação reflita o que os leitores sentiram ao ler o livro.   O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë O Morro dos Ventos Uivantes , de William Wyler A primeira adaptação do romance de Emily Brontë foi um filme mudo dirigido por A. V. Bramble e lançado em 1920. No entanto, atualmente é ...

Os personagens de Herman Melville: iniquidade, inocência e fatalidade

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Por J. Rafael Hernández Arias   Nas obras de grandes escritores encontramos personagens que, sem chegar ao nível dos mitos literários mais famosos, como podem ser Dom Quixote, Don Juan, Fausto ou Hamlet, por algum motivo se fixam em nossa memória e emergem à consciência quando menos se espera. Parecem funcionar como uma espécie de déjà vu , e entendemos que, em virtude de alguma associação misteriosa, nos ajudam a nos identificar, definir e interpretar as circunstâncias em que nos encontramos envolvidos. Depois de um longo trabalho de tradução, experimentei essa sensação sobretudo com alguns personagens de Melville, dotados de uma qualidade, consistência e complexidade inigualáveis.   Da personalidade extravagante pela passividade e apatia de Bartleby, passando pela alma aterrorizante de Ahab, a angustiante inércia de Benito Cereno, até a pureza e a auréola virtuosa de Billy Budd, pelas páginas da obra do escritor estadunidense desfilam personagens marcadas por referências sim...

Monstros no campus: Herzog de Saul Bellow

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Por Yolanda Marató Saul Bellow. Foto: Eddie Adams   Há prêmios literários que confirmam o que há muito se fala e prêmios que antecipam o que ninguém viu. O caso do romance Herzog e do Prêmio Formentor pertence a este último grupo. Nos Estados Unidos, apenas uma pessoa havia previsto o sucesso de uma obra cercada por tantos acontecimentos aleatórios antes de sua publicação que o mito parecia estar sendo construído antecipadamente. Aaron Asher, editor de Saul Bellow, estava convencido de que Herzog alcançaria o prestígio que merecia. Por isso foi paciente: Bellow havia mudado o título várias vezes, havia escrito e reescrito, perdido o manuscrito para ladrões que desapareceram com parte do seu trabalho. Foi o assalto a uma agência dos correios de onde os assaltantes levaram com o dinheiro todas as remessas que terminou com milhares de envelopes espalhados por terrenos baldios de Chicago na primavera de 1964. Entre os produtos do roubo estavam as últimas correções do romance; muitas...

Boletim Letras 360º #533

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DO EDITOR   1. Olá, leitores, aproveitamos sempre esse pequeno espaço para reforçar sobre as maneiras de ajudar o Letras com o pagamento das despesas de hospedagem e domínio online neste endereço. Existem três possibilidades.   2. Uma delas é a aquisição de livros pelos links ofertados neste Boletim. Você pode garantir um bom desconto nas suas compras, ganhar frete grátis e sem pagar nada mais por isso. Para o frete grátis você precisa ser cliente do Amazon Prime. Para assinar ou comprar qualquer outro produto que não os apresentados nesta publicação, vá por aqui . 3. A outra maneira é participar do clube de apoios. Ou pegar alguma coisinha no nosso bazar. Para conhecer mais sobre todas as formas de ajuda, visite aqui .   4. Tenham um rico fim de semana e boas leituras! Virginia Woolf. Foto: Gisèle Freund   LANÇAMENTOS   Três novos lançamentos reafirmam a presença marcante da obra de Virginia Woolf entre os leitores brasileiros.   1. A reedição dos Con...

Atravessar Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida

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Por Renildo Rene Djaimilia Pereira de Almeida. Foto: José Carlos Carvalho   Da capital de Angola para a capital de Portugal são aproximadamente 8.500 km; aproximar dois locais, dois continentes diferentes, não é tarefa fácil, porque ainda requer confrontar culturas e desejos, muito além do afastamento físico.   Percorrer esse trajeto é o objetivo de Cartola e Aquiles, pai e filho, no enredo de Luanda, Lisboa, Paraíso . A partir de uma deficiência física no calcanhar que o menino porta desde seu nascimento, os seus pais (ao lado, a mãe Glória) alçam desde cedo um objetivo de procurar uma solução determinada. Para a família angolana (há ainda a filha Justina) vivendo em um país que caminhou para a independência no início da segunda metade do século XX e sem recursos médicos palpáveis para tratamentos delicados, Portugal se tornou sonho nesse seio familiar.   Deslocar-se do hemisfério sul para o hemisfério norte, no mundo das globalizações que aproximam, é um movimento ...

Filho de Jesus, de Denis Johnson

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Por Sérgio Linard Denis Johnson. Foto: Marion Ettlinger   A cultura pop estadunidense tem um hábito de recorrer a questionamentos e a usos de artigos, de dizeres e de hábitos do cristianismo como forma de chamar atenção e de alcançar uma maior plataforma de sucesso. Engolir um terço, questionar a vida/existência de Jesus, demonstrar desprezo pelas instituições eclesiásticas são alguns dos vários casos que poderia citar aqui. Todos realizados com um único propósito: chamar atenção dos fanáticos que, esbravejando autoridade sobre aquele tema, promovem os autores daquela dita blasfêmia.   Ao escolher o título de seu livro, Denis Johnson, escritor naturalizado estadunidense, recorre ao expediente acima citado: “chocar para promover”. Na antologia de contos Filho de Jesus , o leitor não encontrará conto algum com este título.   A expressão que intitula a coletânea, também não aparece explicitamente em nenhum dos onze contos que integram o livro. O único momento em que se pode...