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Boletim Letras 360º #623

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DO EDITOR   Olá, leitores, como estão? Aproveito o espaço para registrar que estão abertas as inscrições para a escolha de novos autores interessados em escrever para este blog.   As candidaturas podem ser registradas através do e-mail blogletras@yahoo.com.br até o dia 16 de fevereiro de 2025. Os interessados devem enviar duas coisas: um arquivo com resumo biográfico e registrando alguns dos motivos do interesse em compor nossa equipe; e três textos observando as nossas normas de publicação .   Qualquer dúvida, podem nos contatar pelo e-mail referido ou através dos serviços de mensagem em alguma das nossas redes sociais. Se o leitor não escreve ou não se interessa em se candidatar, mas possui alguém no seu círculo perfeito para essa proposta, compartilhe essa chamada.   Ah, não me despeço sem lembrá-los que na segunda-feira, 27, regressamos às entradas diárias por aqui. É o ano 18 do Letras que, aliás, alcançou a expressiva marca das 7 milhões de visitas por esse...

Em voz alta

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Por Alejandro Zambra André Kertész. Velho lendo . Japão, 1968.   Às vezes penso que uma obra literária só é boa se passa no teste de ser lida em voz alta, submetida à paciência alheia ou ao irritadiço ouvido próprio. Por isso gosto dos audiobooks, que recuperam o antigo costume de escutar as palavras, de receber também o ritmo, a postergada música da narração. Em seu ensaio Uma história da leitura , Alberto Manguel lembra que a leitura silenciosa se estabeleceu somente no século X, já que até então se entendia que ler era ler em voz alta. Na Antiguidade as bibliotecas eram espaços ruidosos. Acreditava-se que o ato de ler comprometia a visão e o ouvido, daí ser impensável a imagem do leitor isolado, que veiculava até mesmo um misterioso egoísmo. Há beleza, para nós, por outro lado, na imagem do leitor solitário. Lembro-me de um companheiro de curso que ia de tarde à Biblioteca Nacional não para ler, mas para observar os outros lendo. Ele, na verdade, não gostava de ler, e valia-se d...

Boletim Letras 360º #622

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Osman Lins. Arquivo O Globo . LANÇAMENTOS   A terceira edição de Guerra sem testemunhas , de Osman Lins .   O livro de ensaios de Osman Lins não dispensa os recursos da ficção. Publicado originalmente em 1969, o consagrado autor de Avalovara , e de outras obras conhecidas do grande público, como Lisbela e o prisioneiro , elege como tema os instrumentos fundamentais de sua ação no mundo: a escrita e o livro. Osman Lins reflete de forma original e sem mistificação sobre o ofício do escritor, indo do trabalho criativo até o mercado editorial, a circulação das obras, a crítica e sociedade, em uma visão ampla e, ainda hoje, provocativa. Com organização e notas de Fábio Andrade, a nova edição é publicada pelas editoras UFPE e Cepe. Você pode comprar o livro aqui .   O novo livro de Evandro Affonso Ferreira .   O jovem Diadorino, personagem central desta narrativa, está encolhido embaixo da mesa, apavorado. Nascido na brutalidade sertaneja, sofre com as surras constantes ...

Pelos mares do viver em “Condições ideais de navegação para iniciantes”

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Por Vinícius de Silva e Souza Natalia Borges Polesso. Foto: Ana Reis.   Natalia Borges Polesso é uma escritora experiente e influente e isso é um fato. Com uma carreira já bem consolidada, a autora nunca entregou algo fora de um escopo comum de estilo e temática — e com Condições ideais de navegação para iniciantes não é diferente. O que, por sinal, está bem longe de ser um demérito; é sempre um deleite vê-la em sua melhor forma: a das narrativas curtas.   Controle (2019) é um excelente romance de formação, assim como A extinção das abelhas (2021), um romance bastante experimental flertando com o distópico, um livro de seu tempo. Mas é nos contos que ela exerce melhor sua sensibilidade e pleno domínio narrativo, com um olhar singular e acolhedor para personagens e experiências constantemente escanteadas na literatura.   A autora já expressou algumas vezes a influência do conterrâneo Caio Fernando Abreu, autor aparentemente incontornável para sua geração, principalmente...

Boletim Letras 360º #621

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Gonçalo M. Tavares. Foto: Pedro Nunes   LANÇAMENTOS   Os leitores brasileiros iniciam 2025 com um novo livro do escritor português Gonçalo M. Tavares .   O diabo está a rondar a casa. E pelas mãos de Gonçalo M. Tavares, ele vem se juntar ao universo literário das Mitologias ao lado de personagens como os Doze-Apóstolos-de-Bicicleta, os Nómadas, os Meninos, o Homem-Que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada e o Povo-Armazenado. Neste espaço imaginário de possibilidades infinitas, a verdade científica e sua lógica pouco importam, com narrativas e tipos que só obedecem regras próprias se cruzando e nos conduzindo por uma dimensão de originalidade poucas vezes vista. O diabo é publicado pela editora Dublinense. Você pode comprar o livro aqui .   O novo romance de Sidney Rocha .   No tecido intricado da literatura, encontramos romances que não apenas nos envolvem em narrativas cativantes, mas também nos desafiam a refletir sobre os grandes dilemas que permeiam a condição hu...

Elogio da fotocópia

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Por Alejandro Zambra Jess Allen (detalhe).   Ensaios de Roland Barthes sublinhados com marca-textos fosforescentes, poemas grampeados de Carlos de Rokha ou de Enrique Lihn, romances espiralados ou precariamente encadernados de Witold Gombrowicz, de Clarice Lispector: é bom recordar que aprendemos a ler com essas fotocópias que esperávamos impacientes, fumando, do outro lado da janelinha. Umas máquinas enormes e incansáveis nos ofereciam, por poucos pesos, a literatura que queríamos. Líamos esses feixes mornos e logo os guardávamos nas prateleiras como se fossem livros. Pois é isso que eram para nós: livros. Livros queridos e escassos. Livros importantes.   Lembro-me de um companheiro que fotocopiou Guerra e paz , trinta páginas por semana, e de uma amiga que comprava resmas de papel azul-celeste, pois, segundo ela, dessa forma a impressão saia melhor. De minha parte, a maior joia bibliográfica que tenho é um exemplar peregrino de La nueva novela [O novo romance], o inimitável...