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Brazil - O Filme, de Terry Gilliam

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Visual delirante acompanhado de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, faz desta ficção científica uma obra única Brazil - o filme  é fruto de seu tempo, os anos 1980, quando as produções já faziam reciclagens de outros filmes realizados anteriormente. O diretor norte-americano Terry Gilliam, integrante do extinto grupo Monthy Python (exímio nas paródias de temas consagrados, como a releitura nonsense que fizera sobre a vida de Cristo em A vida de Brian , de 1979, ou sobre os romances de cavalaria em Monty Python em Busca do Cálice Sagrado , de 1975), realiza aqui uma mistura de humor, ficção científica e filme político. As referências estéticas passam por Metrópolis  (1927), de Fritz Lang, e exibem também elementos vistos anteriormente em Blade Runner - O Caçador de Andróides  (1982), de Ridley Scott, tudo embalado numa fotografia estetizada, cheia de luzes brancas e sombras que criam geometrias na imagem. Mas o que caracteriza o trabalho de Gilliam é mesmo a m...

O itinerário pelas cinzas da memória

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Por Pedro Fernandes Não faz muito tempo que eu redigi um texto para o caderno Domingo , do jornal De Fato , por onde sempre tenho publicado material, que tratava, o referido texto, do descaso com a memória no Brasil, mais ainda no Rio Grande do Norte; o texto reflete sobre dois lugares que eu visitei há algum tempo: o Museu Municipal, antiga cadeia pública, em Mossoró e o Instituto Geográfico, em Natal. O fato é que nas avalanches tecnológicas - que de vez em quando nos deixa na mão, perdi este texto e por ter ido tardiamente ao jornal também não consegui, misteriosamente, localizá-lo. Acontece; e quando algumas contribuições para a imprensa são enviadas para veículos diversos e às vezes pela morosidade com que os textos são editados nem sempre o autor consegue acompanhá-las. E, pronto, perdem-se; cai no extenso buraco negro da inexistência. Antes de ir ao jornal, cavoucando na web através do Google, fui parar não num arquivo que desse com o meu texto perdido mas com ...

Os livros fundamentais segundo José Mindlin

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A primeira vez que li esse nome, foi quando da última edição de  Navegos , livro de Zila Mamede, cuja a orelha era assinada por ele; depois tive a oportunidade de assisti-lo em entrevista ao Programa da TV Cultura Roda Viva . Esse paulista com então 95 anos veio a falecer em 28 de fevereiro passado. O país perde, certamente um ícone, mas não deve perder o significado de quem foi José Mindlin: um apaixonado pelos livros, um leitor assíduo, um grande pensador. Sua paixão pelos livros só teve data de início -  treze anos de idade - e de lá para cá não parou. Lembro-me das peripécias que o bibliófilo contava no Roda Viva  a cata de seus livros raros. Seu primeiro livro foi Discours sur l'Histoire universelle , de Jacques-Bénigne Bossuet, edição de 1740. Deixou um acervo de mais 40 mil volumes, incluindo obras de literatura brasileira e portuguesa, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários (originais e provas tipográficas), periódicos, livro...

Aquela ida indevida ao cinema

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Por Pedro Fernandes Muita beleza para nada. Idas e vindas do amor , um símbolo de pura perda de tempo no cinema.  São muitos os filmes que assistimos; mas os que marcam de verdade são poucos. No meu estágio de leigo na sétima arte sempre digo que filme bom é o que de alguma forma incita-nos a pensar por outro ângulo o que é tido como supostamente corriqueiro. Isso é algo que tem sido pouco valorizado ultimamente na arte de contar histórias com imagens. As telas estão preocupadas, e mais agora com a ascensão do 3D, com filmes de muitos efeitos visuais e pouco ou quase nada de enredo. Apenas interessado no entretenimento para a vista. Além do rol desses filmes pobres de enredo e rico em efeitos visuais há ainda um outro: o dos filmes ricos em bestialidade mas que ainda assim por motivo desconhecido escapa com um bonzinho ; são divertimentos para dias quando estamos interessados pelo banal, afinal, qual mortal não já terá se dado ao desfrute de queimar algumas horas caras d...

Jorge Fernandes: o viajante do tempo modernista, de Maria Lúcia de Amorim Garcia

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Por Pedro Fernandes Jorge Fernandes. Foto: Arquivo do jornal Tribuna do norte . Jorge Fernandes: o viajante do tempo modernista  é para ser lido como o resultado de um esforço ou de uma paixão por uma obra ainda colocada à margem do cânone literário potiguar, muito embora, o nome do poeta seja sempre lembrado quando o assunto é tratar da integração do Rio Grande do Norte com o contexto literário derivado da Semana de Arte Moderna de 1922; contexto, aliás, que terá produzido seus abalos sísmicos em todas as regiões do Brasil, depois que os seus mentores viram no modernismo uma possibilidade de oferecer um modelo artístico e literário mais acertado com os limites de uma cultura nacional. Basta que se diga da quantidade de revistas dedicadas à poesia e à prosa (e aos costumes) surgidas quase a um só tempo que espaços como as revistas Antropofagia  e  Klaxon se constituíram no que passara a ser um novo centro irradiador da criação artística brasileira. A ta...

James Joyce in amostra fotográfica (caderno em PDF) e o Selo Letras in.verso e re.verso

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Entre os dias 05 e 10 de agosto de 2008, este blog manteve uma exposição virtual intitulada  Um retrato de Joyce in amostra fotográfica . O material foi elaborado na passagem do centenário da estreia literária do autor de  Ulisses. Foi em 1907 que James Joyce publicou  Chamber Music , um livro com trinta e seis poemas desenvolvidos à medida de progressão do amor entre o eu-poético e sua amada num tratamento de simulação de estilo à elisabetana com utilização de muitos arcaísmos linguísticos. Ora, esse tratamento referido por Ezra Pound, grande incentivador e primeiro leitor da obra de Joyce, como uma inovação derivada do simbolismo pelo ritmo, seria algo no qual o escritor trabalharia toda uma vida até alcançar sua síntese máxima em trabalhos como o já referido Ulisses ou mesmo Finnegans Wake , considerada sua obra mais radical.  Agora, quando se passam dois anos daquele evento (chamemos assim) acontecido nestas páginas, decidimos, a título de preservação da id...