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Lygia Fagundes Telles na tela

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Aproveitando o aniversário de 88 anos de Lygia Fagundes Telles e a programação especial elaborada por ocasião da data pela Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana. São Paulo/SP) fica a seguir a dica (para nós que estamos tão longe de Sampa) de filmes baseados ou inspirados na obra da escritora. Alguns nunca entraram em cartaz, mas podem ser adquiridos (não sem muita birra certamente) junto à Cinemateca. Cena de Capitu , filme baseado no romance de Lygia Fagundes Telles. Em destaque Othon Bastos no papel de Bento.  Jogo da memória (1992) - curta inspirado no romance Verão no aquário , produzido sob direção de Denise Vieira Pinto. Trata-se de um filme cujo enredo é um jogo onde se misturam o passado e o presente: à medida que Tio Samuel toca nas fotos, elas tornam-se realidade para Raíza. Contos de Lygia e Morte (1999) - longa em episódios sob direção de Luciana Solim; é uma adaptação de três contos da escri...

Miacontear - As três irmãs

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Por Pedro Fernandes Tela de Abias Ukuma, pintor Angolano O primeiro conto de  O fio das missangas  intitula-se “As três irmãs”. O enredo dá conta de quatro personagens: Gilda, Flornela e Evelina, filhas de Rosaldo, viúvo que leva o protecionismo paterno  ao extremo: cria as meninas num completo estado de isolamento. São-lhes as filhas “exclusivas e definitivas”. O ponto de vista do narrador contempla as três irmãs com o olhar de quem contempla um quadro; estratégia elaborada pelo autor para passar à superfície da narrativa a monotonia com que se movimentam esses perfis femininos no seu espaço cotidiano, ou o silêncio e o estágio de submissão a que estão submetidos. Esse olhar também consegue traduzir o movimento do tempo e a própria existência das personagens, já que dilata a ideia do cronológico  para  o psicológico. Trata-se de um olhar que divaga pelas margens do quadro, mas o intuito é extrair com palavras o silênci...

Cruviana

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É este o nome-vento que desponta pela web vindo de um grande idealizador, o jornalista Jotta Paiva. Cruviana . Uma revista de contos. E que pretende, como muitas boas ideias que surgem de solos idealizados, render bons e saudáveis frutos. No editoral lê-se a explicação para o título da revista. Vem ele de uma expressão típica do vocabulário nordestino que "quer dizer 'frio intenso'. Não se trata de um frio comum, mas de uma sensação de frio que chega de madrugada, provocando calafrios como se fossem provocados por uma ação mística e metafísica." Nada mais sensato então para o nome de uma revista que deverá se dedicar a um gênero literário breve como o conto, que num só movimento é-nos capaz de deixar tomados de um conjunto de sensações diversas toda vez que estamos diante de um objeto desses digno de um signo artístico-literário. A revista que tem previsão de lançamento para o mês de junho próximo, terá tiragem eletrônica e semestral e vem pelo Selo ...

de revoluções

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Vitaly Komar e Alexander Melamid. não sonho com grandes revoluções  sonho com pequenos homens bomba  num estouro são capazes  de virar o mundo.

A 18, encontro com José Saramago (IX)

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Arte: Júlio Pomar. Inciativa posta na rede desde o dia 18 de julho de 2010; todo 18 de cada mês durante nove meses leitores saramaguianos do mundo inteiro reuniram-se para ler um fragmento de sua obra e brindá-lo com uma taça de vinho. A iniciativa deu-se a partir do romance O ano da morte de Ricardo Reis , em que segundo Fernando Pessoa, personagem desse romance, o homem levaria outros noves meses como aqueles para vir ao mundo para partir desse mundo dos vivos.  Este blog seguiu a iniciativa e hoje, último mês, recorto o fragmento do romance que deu impulso à ideia. *** Olham-se ambos com simpatia, vê-se que estão contentes por se terem reencontrado depois da longa ausência, e é Fernando Pessoa quem primeiro fala, Soube que me foi visitar, eu não estava, mas disseram-me quando cheguei, e Ricardo Reis respondeu a ssim, Pensei que estivesse, pensei que nunca de lá saísse, Por enquanto saio, ainda tenho uns oito meses para circular à vontade, explicou Ferna...

O fio das missangas, de Mia Couto

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Por Pedro Fernandes O fio das missangas , de Mia Couto, chega ao Brasil através da Companhia das Letras em 2009 (imagem), mas saiu em Portugal, onde a obra do escritor moçambicano tem sido publicada, cinco anos antes pela editorial Caminho. Este é o seu sexto título utilizando-se da forma narrativa conto. Sucede a altura, pelas primeiras leituras críticas, outras obras do gênero, como Vozes anoitecidas , até o presente o mais premiado dos livros já apresentados.  O livro é composto de um feixe (ou seria um fio?) de 29 histórias (ou seriam 29 missangas?). A dúvida se o livro é um fio e os contos as missangas é instaurada desde o título a epígrafe do livro - A missanga, todos a veem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo . E se confirma quando somos colocados diante a delicatesse das narrativas. Estão elas, assim reunidas, mais para a composição do perfil das missa...