Postagens

Os 35 anos da eleição de Rachel de Queiroz para a Academia Brasileira de Letras

Imagem
Rachel de Queiroz em posse na Academia Brasileira de Letras. Arquivo: ABL As mulheres levaram um largo tempo para conquistar os espaços públicos. No universo das letras, as que primeiro se aventuraram foram pelo terreno da mística: as experiências com o sagrado, os diálogos entre o plano divino e o plano terreno deram-lhe, por algum tempo, o respaldo para uma escrita também mística: uma, ditada para os homens, outra, escrita na surdina. Essa é história é longa, feita de muitos silêncios e silenciamentos. Uma história ainda com muito por se contar. No Brasil os lugares da mulher na literatura foram subestimados até muito recente. E sua aquisição só terá respaldo público em gestos como o que aconteceu a 4 de agosto de 1977, quando a Academia Brasileira de Letras (ABL) decide no seu território habitado por homens empossar Rachel de Queiroz para a 5.ª cadeira, do falecido Cândido Motta Filho.  Vejam só: a Academia Brasileira de Letras existe desde 20 de julho de 1897. Mas p...

Os desenhos de Silvia Plath (I)

Imagem
Curioso gato francês por Sylvia Plath. Semana dessas fizemos um passeio pelos desenhos do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Mas, como temos visto por aqui, o motivo até para abertura de uma sequência de publicações do gênero, o poeta mineiro não foi a única figura da literatura que praticou a fuga da escrita para o desenho, ou melhor que encontrou nas artes plásticas certo refúgio para materializar suas inquietações perante o mundo exterior, aquele pelo qual também transita.  Recentemente, soubemos que foi divulgado um conjunto de 44 desenhos da poeta estadunidense Sylvia Plath. A novidade chegou sob forma de uma exposição em cartaz na Mayor Gallery, em Londres, no final de 2011. Certamente, o material exibido ganhará, mais tarde, as páginas de livro, afinal, há muito o mercado editorial descobriu o apreço pela miudeza produzida por seus autores de predileção. E este é um caso muito específico. O blog  Brain Pickings chegou a publicar a reprodução de alguns...

Gore Vidal

Imagem
Gore Vidal é um dos nomes mais profícuos da atual literatura estadunidense. Poderá ser engano de principiante, mas depois dele o outro nome que me vem a cabeça é somente o do Jonathan Franzen, autor do bem aceito Liberdade e que está de volta ao cenário brasileiro com Tremor e Como ficar sozinho. Pode ser que acontecimentos trágicos vindoura, como a recente morte de Vidal coloque-me a par de alguns outros importantes nomes daquela literatura. Claro que lembro aqui de nomes como John dos Passos, Gertrude Stein, Steinbeck, Truman Capote, Nabokov, Saul Bellow, Henry Miller, J. D. Salinger, Norman Mailer, John Updike, Philip Roth, entre outros, que sobressaem da extensa lista de maus escritores que as letras americanas gestaram e ainda gestam para o mundo inteiro. Gore Vidal é um escritor dos mais versáteis. Conhecido por seus romances históricos, foi também dramaturgo e ensaísta e claro, um dos mais ferrenhos críticos do imperialismo estadunidense: “O maior prazer que tive quan...

Do começo ao fim, de Aluizio Abranches

Imagem
Fazia tempo que este filme deveria ter sido comentado por aqui, porque tão logo saiu dos cinemas – lembro que por terras papa-jerimum não houve sessões – eu vi e revi. Não é que o filme seja algo que se diga “isto é sim um grande filme”. Não. Não é. Creio mesmo que Aluizio Abranches já fez coisa melhor, como a adaptação do livro de Raduan Nassar, Um copo de cólera , outro filme que já vi há certo tempo e ainda não comentei por aqui. Estou devendo mais uma. Classificado como drama, o filme poderia ficar reduzido a uma historieta de amor morango com açúcar. Tem um enredo bem pensado, mas não bem construído. Não avança. É reduzido a questões pontuais. E há um universo de coisas que não sei por culpa do quê o de quem não conseguem ter um desenvolvimento esperado. E o resultado, bem, o resultado, todos já devem ter previsto: não é lá essas coisas. Saltado alguns minutos do filme o telespectador já terá percebido que a história pretendida da narrativa é a admiração amorosa –...

Escritos rejeitados e um inédito de F Scott Fitzgerald

Imagem
Por Pedro Fernandes Borges integra lista dos que tiveram textos rejeitados já quando quase crescido. Todos os grandes escritores que conquistaram seu lugar no panteão já tiveram uma pedra no meio caminho alguma vez na vida. Segundo matéria publicada no Chicago Tribune , a alguns anos, a The Missouri Review  encontrou nos arquivos da A. Alfred Knopf uma coleção de relatórios que documentam a rejeição da editora de vários trabalhos de autores notáveis.  Estão na lista O aleph , de Jorge Luis Borges, L'entrata in Guerra , de Italo Calvino (texto que desconheço tradução por aqui), Vendetta , de Joyce Carol Oates e  The bell jar , de Sylvia Plath. Para ler sobre vá por aqui .  Nesse rol dos rejeitados, famoso é o caso de José Saramago quando escreveu seu segundo romance , Claraboia , que foi engavetado e depois do sucesso do escritor quando do recebimento do Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, o contato para que fosse publicado, milagrosamente, se refez, a...

Jorge Amado e Nelson Rodrigues para as telas (parte 1)

Imagem
Jorge Amado e Cacá Diegues em filmagens de Tieta , em 1995. Agosto é mês de ler Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Não é que haja meses específicos para ler determinados autores. Não. É que agosto é o mês em que os dois escritores brasileiros estão aniversariando. E os dois fazem o seu primeiro centenário: Jorge, no próximo dia 10 e Nelson, no dia 23. Agora, é verdade que os dois produziram uma vasta obra. Se tirássemos o mês inteiro, e olhe que agosto tem um dia a mais porque é mês de 31 dias, com dias integrais para leitura, não esgotaríamos a totalidade de suas produções. Mas, como os dois são os escritores mais adaptados para o cinema e a TV – segundo levantamento de José Geraldo Couto para o Blog do Instituto Moreira Salles são vinte longas adaptados a partir da obra de Nelson Rodrigues contra dezessete a partir da obra de Jorge Amado, até agora –, fomos, com base nos dados fornecidos, à cata de alguns deles para duas coisas: antecipar e dar um empurrãozinho nas nossas l...