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O silêncio de Philip Roth

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Por Pedro Fernandes É sempre com certa pena que escutamos uma notícia como a que chegou na sexta-feira de todos os jornais do mundo: “O romancista estadunidense Philip Roth, um dos mais reverenciados autores mundiais, está se aposentando da carreira literária”. É verdade que tudo tem seu fim, mas espera-se sempre que seja este pelo inevitável fim da própria existência material, porque se tem, desde sempre, que escritor, por exemplo, é um tipo que não se aposenta, ou melhor, que aposentadoria de escritor é sempre a morte. Mas, não foi o caso de Roth. Como também foi o caso bem conhecido no Brasil de Raduan Nassar que, em 1984, sem dá muitas explicações de motivos disse numa entrevista à Folha de São Paulo , que estaria trocando a carreira literária pela agricultura: “Minha cabeça hoje fervilha com outras coisas, ando às voltas com agricultura e pecuária, procurando me enfronhar sobre tratores, implementos, formação de pastos, tipos de capim, braquiária, pangola, setária, h...

Um Truman Capote inédito

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Um pequeno texto inédito de Truman Capote foi publicado para edição de dezembro da revista Vanity Fair . A peça de sete páginas foi encontrada pelo editor da revista, Sam Kasher, enquanto examinava documentos e papeis relativos a um romance inacabado do escritor que foi publicado postumamente em 1987 sob o título de Preces atendidas .  A trama deste romance envolve ricos e famosos e se passa num cruzeiro pelo Mediterrâneo; quando publicado casou frissom entre muitos amigos de Capote da alta sociedade estadunidense. O título das seis páginas, “Yachts and thigns” (em português, “Iates e coisas”) coincide com um dos capítulos que Truman havia esboçado para este livro de 1987. Segundo a jornalista Sam Kashner, o narrador é claramente Truman e a personagem citada no texto, a Sra. Williams, seja Katharine Graham, editora do diário The Washington Post . As associações são consideráveis porque Preces atendidas trata-se de um romance autobiográfico. O biógrafo do escritor, Gera...

Ler e saber de Graciliano

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Graciliano Ramos e o filho Ricardo Ramos. Entre as duas edições em torno do escritor, é reeditada uma biografia que traz mais traços da personagem Graciliano. Foto: Carta Capital /Reprodução Falamos por aqui , enquanto anunciávamos algumas novidades de abertura das comemorações dos 120 de Graciliano Ramos feitos no último dia 27 de outubro. Resolvemos então saber melhores detalhes acerca das publicações de livros, entre elas uma edição que conjuga vários inéditos do autor de Vidas secas. Intitulado  Garranchos: achados e inéditos de Graciliano Ramos , o livro reúne 81 textos publicados entre 1915 e 1952. Trata-se de uma obra que complementa duas antologias de não ficção que vieram a ser publicadas postumamente –  Linhas tortas  e  Viventes das Alagoas , ambas de 1962. Vão desde os primeiros artigos em que o escritor assinava com pseudônimos variados e discutia problemas sociais e políticos de Alagoas a versos numa curta incursão do prosador pela po...

Um Brasil para “O Hobbit”

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Recorte do filme  O Hobbit Já está acertado com o público brasileiro que o dia 14 de dezembro é a data de estreia oficial do primeiro filme da trilogia O Hobbit – a nova visitação que o cinema faz à obra de J. R. R. Tolkien.  Pela data e por outras ocasiões, a editora WMF Martins Fontes – e isso foi adiantado na  página do Letras no Facebook há alguns dias (aproveite para nos acompanhar por lá) – apresenta alguns lançamentos do autor que vem ampliar sua bibliografia por terras tupiniquins.  A partir desta semana, aliás, divulgado como a partir de hoje, 8 de novembro, chegam às prateleiras das livrarias três obras que homenageiam a história de Tolkien. Um dos lançamentos é a edição comemorativa para O Hobbit que assinala em 2012 seus 75 anos. O livro sai em capa dura e com um desenho feito pelo próprio autor (ver aqui , desenhos de Tolkien para o livro). Planejada inicialmente como um conto infantil, a aventura foi publicada originalmente em 21 de setemb...

Promoção de aniversário de 5 anos do Letras

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Já de longa data este blog demonstrou acompanhar (quando pode) a carreira de dois escritores de língua portuguesa: o primeiro deles, foi o José Saramago, obra de quem o mantenedor deste espaço tem dedicado alguns anos de sua formação acadêmica; depois, foi Mia Couto. Deste, falamos em janeiro do ano passado, na coluna Os escritores ( aqui ) e depois, no mesmo ano, fizemos uma leitura comentada para o livro O fio das missangas ( aqui ) e os contos que o integram numa série a que chamamos de Miacontear (completa, aqui ). É sabido de todos – e até falamos sobre na nossa fan page no Facebook a cerca de alguns meses – que está já nas livrarias mais uma edição para o um romance do escritor moçambicano: A confissão da leoa . Agora em novembro, próximo dia 27 de novembro, o Letras in.verso e re.verso assopra cinco velinhas. E estamos pensando numa promoção desde quando vimos este livro de Mia Couto numa livraria qualquer da cidade. Tanta coincidência assim junto e acrescen...

As várias faces de “Alice no país das maravilhas” (3)

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Leonard Weisgard. Foto: Arquivo do artista. A primeira edição de Alice no país das maravilhas , de Lewis Carroll, foi publicada em 1865. Uma edição que foi depois retirada das prateleiras pelo próprio autor no ano seguinte devido a qualidade do impresso que estava com muitos defeitos.  Evidentemente que houve um retorno do texto às livrarias e foi quando o livro se tornou logo um Best-Seller; terá vendido mais de 100 mil cópias enquanto o seu autor esteve vivo. Em 1949, as aventuras de Alice são apresentadas numa nova versão das muitas que circularam logo depois da edição de 1865. A edição em questão também foi uma das que primeiramente viriam com ilustrações coloridas; trabalho de Leonard Weisgard (196-2000). Weisgard foi um desses apaixonados por livros infantis e terá ilustrado, além de Alice , mais de 200 outras obras, a grande maioria, livros da escritora infanto-juvenil Margaret Wise Brown.  O seu interesse pela arte dos livros infantis começou ainda aos oit...