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40 anos depois, corpo de Pablo Neruda será exumado

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A notícia corre a web desde a última sexta-feira, 08 de fevereiro, como notifica o jornal espanhol El País : o corpo do poeta chileno Pablo Neruda, morto em 23 de setembro de 1973, doze dias depois do golpe de estado de Augusto Pinochet, será exumado nas próximas semanas, segundo determinação do juiz Mario Carroza que em 2011 abriu uma investigação judicial para esclarecer as circunstâncias da morte do poeta Prêmio Nobel de Literatura. Suspeita-se que Neruda, a modo de outros escritores como Albert Camus (comentamos aqui ) e Federico García Lorca, tenha sido assassinado.  Segundo nota do El País , a notícia apareceu pela primeira vez por El Mostrador , um periódico eletrônico e logo confirmada horas depois pela Fundação Pablo Neruda através de comunicado: “A Fundação teve expressado em todo momento sua vontade de colaborar com a investigação que leva o ministro Carroza e confia plenamente no que a perícia levará a cabo com o maior respeito e cuidado possível. Espera,...

Sylvia Plath

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Num texto para o The New York Times , publicado no último dia 8 de fevereiro, Adam Kirsch comenta que é difícil acreditar que, se Sylvia Plath não tivesse tirado sua própria vida em 1963, com 30 anos de idade, possivelmente ela ainda estaria viva hoje. No mesmo instante, ele se pergunta como poderia Plath viver até ter cabelos grisalhos. O suicídio não foi algo que simplesmente aconteceu por acontecer. Em sua obra, a autora de Ariel nos faz ver o tempo todo a sua morte como um destino planejado e um ponto culminante da existência: “ Morrer é uma arte, como qualquer outra coisa/ e eu sei fazer excepcionalmente bem, / tão bem, que parece um inferno, / tão bem, que parece de verdade. / Suponho que caberia falar de vocação.” Num livro ainda sem tradução no Brasil, American Isis , mais uma das muitas biografias sobre a poeta estadunidense, e livro mal-quisto entre os da crítica estadunidense, os autores Rollyson e Wilson buscam qual o início do processo de mitificação ...

Os miseráveis, de Tom Hooper

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Por Pedro Fernandes "Quando se trata de sondar uma ferida, um abismo ou um fato, desde quando é errado ir para abaixo demais, ir ao fundo? Não explorar tudo, não estudar tudo, parando ao longo do caminho, porquê?" – o questionamento de Victor Hugo é de um típico romântico. Nunca devemos nos esquecer disso quando estivermos diante de Os miseráveis .  Lembro-me que quando estava na plateia, já pelo fim do filme musical, alguém terá dito para outro, o romance dos meninos [Cosette e Marius] tem uma pitada do Romeu e Julieta de Shakespeare. E qual escritor não terá sido tocado em algum instante de sua literatura pela obra do dramaturgo inglês? A grandiosidade shakespeariana é tanta que mesmo inconscientemente e mesmo que nunca se tenha lido nada dele, ainda assim, quem escreve estará fadado a colocar pitadas de Shakespeare no seu trabalho; ainda mais quando estamos diante do romantismo francês. Mesmo que a base do romance aí seja o solo social, é natural: a França vivia r...

Um novo olhar

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por Renato Janine Ribeiro * A miséria é um tema novo, no século XIX. Como realidade, é bem antiga, mas a novidade é ela se tornar tema, isto é, aparecer como algo que causa escândalo e que, dizem cada vez mais romancistas e cientistas sociais, pode - e deve - ser superado. Luís XIV, conforme alguns historiadores, estava consciente da miséria que grassava em seu reino, na segunda metade do século XVII; isso não o impedia de prodigar luxo, a si mesmo e a seus próximos; simplesmente, não acreditava que pudesse fazer o que quer que fosse contra a pobreza. Mas o tempos mudaram. A principal causa da mudança está talvez nas enormes migrações do campo para a cidade, que marcaram esse período de guerras e de industrialização, que foi o começo do século XIX, deslocando gigantescos contingentes de homens e mulheres. Estes deixavam o campo, no qual tinham um certo endereço, onde, embora vivessem em condições modestas, dificilmente lhes faltava moradia (ainda que o mesmo nem sempre se pudesse d...

Victor Hugo

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Com a chegada aos cinemas de Os miseráveis reencenação musical do clássico romance de Victor Hugo e com a chegada às livrarias de uma nova reimpressão da obra pela Cosac Naify é natural que se desperte entre os leitores e não-leitores o interesse por saber quem foi o escritor e se afinal de contas o livro tem um ‘acesso’ fácil. Antecipamos, logo, que não. Se por ‘acesso’ estiver se levando em consideração a leitura da obra, não tem um acesso fácil. A edição compacta (mas integral) que citamos, por exemplo, tem mais 1900 páginas. Pertence, portanto, ao que podemos chamar de era de ouro do romance. Trabalho até para os viciados em leitura. Não vamos fazer um especial sobre o escritor francês e seu grande romance, mas até que chegue quinta-feira, quando iremos postar notas sobre o filme dirigido por Tom Hooper, vamos percorrer em dois textos, alguns elementos fundamentais para a compreensão d’ Os miseráveis . Para hoje, recortamos um texto da professora Maria Cecília de Moraes Pinto, e...

Os desenhos de Federico García Lorca

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Foi ao acaso, num nesses passeios despretensiosos pela web , que achamos um verdadeiro inventário gráfico e poético de Federico García Lorca: um conjunto de desenhos descritos pela Corinna Archer (o lugar de origem dessa descoberta) como atestado da face artística do poeta. Quem já leu parte da obra de Lorca entenderá como não seria difícil para o autor saltar da matéria verbal para a laboração visual. Sua obra é, como já lembrou a crítica, visceralmente imagética. Sabe-se que García Lorca começou a traçar os primeiros rabiscos de caricaturas ainda na escola em Granada; era em geral aqueles desenhos mal formados que damos a criar nos intervalos de ócio das aulas ou durante a falta de apetência para determinada matéria. Eram caricaturas de professores e amigos da escola.  A partir do passatempo, talvez seduzido pela ideia de materializar o visto e o imaginado através da imagem, Lorca se dedicou ao desenho como se um ofício por toda a vida; explorou diversas possibilidades ...