As várias faces de “Alice no país das maravilhas” (7)



Foi revirando nosso caderno de notas de ideias para publicações no Letras que encontramos “Alice por Arthur Rackham”; quem não nos acompanha diariamente ou mesmo quem a isso se dispõe lembramos que fizemos durante seis semanas seguidas uma espécie de homenagem ao já clássico de Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas, que neste ano de 2012 fecha exatos 150 anos da primeira edição. 

Nesse percurso, visitamos os traços e as formas de John Tenniel, Salvador Dalí, Peter Newell, entre outros. Quase dávamos por fechada a série, quando encontramos com esta anotação extraviada de continuidade da série.

Como não há problemas nisso de continuidade, do contrário, saímos é ganhando com descobertas assim, vamos aos desenhos feitos por Arthur Rackham (1867-1939), não sem antes saber mais quem é esta personagem e sobre o processo de recriação do universo de Lewis Carroll através da imagem.

Arthur Rackam foi um ilustrador  inglês que deixou muitos trabalhos reconhecidos para obras igualmente reconhecidas. Estudou artes em Lambeth quando tinha ainda 18 anos e era ganhava uns trocados com escriturário no Westminster Fire Departament. 

Assumiu definitivamente a profissão de ilustrador ao lado da de repórter em 1892, mas seus primeiros trabalhos publicados vieram ainda nos idos 1883. Além de Alice no país das maravilhas, compôs ilustrações para os Contos dos Irmãos Grimm, Peter Pan, de J. M. Barrie, As viagens de Gulliver, de William Swift e alguns contos do Edgar Allan Poe, entre outros.

As ilustrações para a obra de Carroll foram feitas para uma edição de 1907. Como os outros ilustradores, Rackam deve ter olhado para o universo infantil de seu tempo e projetou uma Alice moderna; os traços sugerem uma menina agitada e com roupas diferentes das bem-comportadas. 

Já se pode notar que, pelo diferencial, Rackam terá sido um dos que não foram tão bem quistos pelo público do seu tempo, ainda acostumado com o tom meio romântico de uma Alice infantil. A Alice do ilustrador inglês sugere uma menina já de idade que beira a mocidade e, apesar dos traços modernos para época, também preservam certa expressividade daquilo que os leitores preferiam, como se esta fosse um adendo para repensar a infantilidade da personagem em desenhos como os de John Tenniel, por exemplo.

No catálogo está a reprodução 12 de seus desenhos para a obra de Lewis Carroll.


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