O tradutor e o oculista

Por Rafael Bonavina Vladimir Lebedev Quando sai a nova tradução de alguma grande obra, todos os interessados se apressam para saber se foi bem traduzida. O ritmo acelerado do mercado — mesmo o editorial — exige uma resposta rápida e curta, de preferência que caiba em uma arte para as redes sociais: é bom, há melhores. Porém, e muitos teóricos da tradução concordam, avaliar uma tradução é tarefa extremamente complexa, por isso demanda muito tempo e reflexão para se poder fazer jus ao seu objeto. Em grande medida, essa demora se dá pela própria complexidade da ação de traduzir, esse ato desmedido, como diria o mestre Boris Schnaiderman. Não há muita novidade nisso, mas é importante às vezes contar piadas velhas para públicos novos: o trabalho do tradutor não se limita à sobreposição de uma palavra estrangeira por outra idêntica do vernáculo. Não precisamos ir muito longe para percebermos que em português há muitas palavras para se designar um lugar cheio de plantas (mato, matagal, f...