“O diabo fuma” ou o mistério da imagem final
Por Carlos Rodríguez Existem filmes que, entre outras coisas, valem a pena simplesmente por sua imagem final; como se fosse som de um clique, a última imagem fecha o ciclo que o filme inicia. Não é uma imagem didática que explica a história, mas sim uma que a contém. Penso, por exemplo, no final de Longa jornada noite adentro (2018), de Bi Gan, onde um sinalizador, uma vez aceso, continua queimando — uma imagem do tempo relativo, da quietude, uma exploração da extensão da realidade para a fantasia do diretor chinês. A imagem final O diabo fuma (e guarda as bitucas todas na mesma caixa) (México, 2025) também contém o que o diretor Ernesto Martínez Bucio mostrou na hora e meia de filme, que acompanha cinco irmãos entre sete e quatorze anos, confinados em casa. Para chegar à imagem final, que também serve como coda fantástica para o diabólico título do filme — vencedor do prêmio de Melhor Primeiro Filme na seção Perspectivas do Festival de Berlim de 2025 — o diretor desenvolve uma ...