Os desenhos de Manoel de Barros

Pedro Fernandes

Anoto coisas em pequenos cadernos de rascunho. Arrumo versos, frases, desenho bonecos.

Manoel de Barros, entrevista para José Castello


Já tem alguns anos que o diretor Pedro Cezar filmou Só dez por cento é mentira, filme que descobri já algum tempo, mas ainda não tive oportunidade de ver. Está, desde então, na extensa lista do que preciso assistir. O filme é um trabalho em torno da biografia a partir da obra de Manoel de Barros; o título, aliás, é aproveitamento de uma famosa frase do poeta pantaneiro.

É fato que não irei comentar o filme, se ainda não o vi. Mas, começo me referindo a essa obra, porque foi a partir da sua descoberta, que também descobri Manoel de Barros desenhista. Sim, o poeta é um desenhista. Já usei essa frase noutra ocasião: quando se publicaram, encartados à quinta edição do caderno-revista 7faces, os desenhos de outro poeta, os de Márcio de Lima Dantas. 

Repito não apenas a expressão. Retomo ainda a ideia que elaborei para o texto de prefácio para o Caderno de desenhos do poeta potiguar: se o trabalho do poeta está em ressignificar a palavra, também, parece essa a função que se preserva quando se põe à arte de desenho. Talvez não seja isso um ofício de poeta, mas da própria arte que requer esse movimento.

No terreno do ilusório verdadeiro, Manoel de Barros, que já tem por volta de 20 livros publicados, saídos quase todos dos pequenos cadernos referidos na frase em epígrafe, revelou-se também aliado às desimportâncias de outro tipo de traço que não o desenho da letra no papel.

Os cinco primeiros recortes disponibilizados abaixo foram retirados do site do filme de Pedro Cezar que pode ser acessado por aqui; os outros são de pescarias aleatórias na web. E os deixo aqui para outros leitores viajantes dessa seara também descobrirem um pouco do desenhador de bonecos Manoel de Barros. 












Ligações a esta post:
>>> Leia mais sobre Manoel de Barros nas notas publicadas na coluna Os escritores em 2008, por aqui



Comentários

thaysbm disse…
Olá, bom dia! :)

os outro desenhos foram retirados de onde? boa parte fazem parte do livro "o guardador das águas", mas essa ultima figura com os "seres" do chao me chamou atenção e gostaria de saber qual a fonte.

Muito obrigada!
Pedro Fernandes disse…
Thays, os desenhos podem ser encontrados no livro "Celebração das coisas. Bonecos e poesias de Manoel de Barros", organizado pelo jornalista Pedro Spíndola e publicado pela Fundação Manoel de Barros (Campo Grande, 2006).

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

Boletim Letras 360º #636

O abismo de São Sebastião, de Mark Haber

A Sibila, de Agustina Bessa-Luís

Dez poemas e fragmentos de Safo

Boletim Letras 360º #625

11 Livros que são quase pornografia