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Mostrando postagens de outubro, 2021

Seis poemas-canções de Paul Simon

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Por Pedro Belo Clara (Selecção e versões)¹   Paul Simon. Foto: Peter Simon.     O SOM DO SILÊNCIO ( Wednesday Morning , 3 A.M. — 1964)   Saudações, trevas, velhas amigas Venho de novo falar convosco Pois uma visão, insinuando-se docemente Deixou em mim, enquanto dormia, as suas sementes E a imagem que na minha mente foi plantada Ainda permanece No seio do som do silêncio   Em sonhos inquietos caminhava sozinho Por estreitas ruas calcetadas Debaixo do halo dum candeeiro Levantava a gola do casaco contra o frio e a humidade Quando os meus olhos foram apunhalados pelo clarão dum néon Que dividiu a noite E tocou o som do silêncio   E na luz nua vi Dez mil pessoas, talvez mais Pessoas conversando sem falar Pessoas ouvindo sem escutar Pessoas compondo canções que voz alguma cantará E ninguém se atrevia A perturbar o som do silêncio   Tolos , disse, Não sabem Que o silêncio prolifera como um cancro Escutem as minhas palavras para que vos possa ensinar Recebam os meus braços para que vos pos

Boletim Letras 360º #451

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DO EDITOR   1. Caro leitor, findou a espera. Alguém esperava? Tomara. Revelamos em nossas redes na sexta-feira os livros do primeiro sorteio para a campanha que desenvolvemos para manutenção do blog.   2. No dia 26 de novembro, às vésperas do aniversário de 15 anos online do Letras, conheceremos o ganhador do kit ofertado pela Editora Mundaréu. Você pode saber tudo sobre aqui . Se estiver numa das redes do blog pode consultar mais detalhes no Instagram , no Facebook ou no Twitter .   3. Você pode ajudar também passando adiante as informações dessa nova ideia. No mais, ficam os agradecimentos pela partilha nessa estrada. Boas leituras! Alejandra Pizarnik   LANÇAMENTOS   Outros dois livros de Alejandra Pizarnik ganham tradução no Brasil. A Relicário Edições publica  Extração da pedra da loucura e  O inferno musical.   Na Idade Média, acreditava-se que a loucura era consequência do crescimento de saliências ou tumores que se projetavam da testa: dois chifres retorcidos, talvez, express

Eduardo Lourenço: o poeta do pensamento que escreveu O labirinto da saudade

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Por Maria Vaz   “O que fica dos homens e mulheres quando alguma coisa fica e se alguma coisa fica? Para onde vamos? Eduardo Lourenço gostaria de uma resposta lírica, “como a de partir em férias”. Fala da morte do que é absoluto para nós – as outras são ilusórias, “sobretudo a nossa”.”¹ Eduardo Lourenço. Foto: Gonçalo Rosa da Silva Foi Lídia Jorge que o apelidou de poeta do pensamento . A sua vasta obra não tem paredes nem tetos, mas a ausência dos mesmos deixa a instigação aberta aos que lhe queiram suceder. Uma tarefa difícil que, decerto, ninguém a quererá afirmativamente. Porque nas letras e na arte as pessoas são insubstituíveis. Eduardo Lourenço é uma figura incontornável da cultura em Portugal e nos países lusófonos de língua oficial portuguesa. Prestar-lhe um tributo, com dignidade, exige que nos entreguemos ao seu raciocínio e àquilo que fez com as palavras, de forma dedicada ao longo da vida, para dar a conhecer o que, de si, era interiormente conhecido. Ainda que o próprio